Jacinto-das-searas; jacinto-de-tapete;
jacinto-paniculato; cebolinha-de-flor-azul
Muscari comosum é
uma planta bolbosa, assim designada porque se propaga de forma vegetativa
através de um bolbo. O bolbo é um órgão subterrâneo em cuja estrutura se
encontram já diferenciadas caules, folhas e flores e que além de dar origem à
nova planta também lhe fornece nutrientes, alimentando-a, se necessário, durante os primeiros tempos
de vida. Estas reservas permitem, por exemplo, que as bolbosas de floração
invernal se antecipem e completem o seu ciclo de vida antes do desenvolvimento
das plantas que surgem em massa com a chegada dos primeiros calores da
primavera, beneficiando assim de mais espaço e luz do sol.
O bolbo do
Muscari comosum é semelhante a uma cebola, de forma ovoide, com casca
acastanhada e finas raízes adventícias, de cor branca. Geralmente encontra-se
enterrado a uma profundidade considerável o que lhe permite resistir a grandes
amplitudes térmicas e até suportar alguma seca.
Esquema de um bolbo de Muscari comosum cortado ao meio |
Este bolbo é
formado por um grande número de folhas grossas e carnudas dispostas em camadas
perfeitamente sobrepostas as quais estão inseridas, na sua parte inferior, num prato ou
disco basal. Se o cortarmos ao meio, podemos observar no seu interior, na parte
central do bolbo, as peças de uma flor rudimentar as quais se desenvolverão
posteriormente. As folhas exteriores do bolbo do Muscari comosum são secas e
acastanhadas formando uma túnica de proteção em volta do bolbo. Com o engrossamento do bolbo e a respetiva maturidade formam-se bolbos mais pequenos na sua base, os chamados bolbilhos, que podem ser separados da mãe e replantados
para formar novas plantas.
Chegado o final do inverno o bolbo do
Muscari comosum começa a desenvolver-se, surgindo em primeiro lugar de 3 a 7 longas folhas basais,
lineares, de cor verde pálido, de textura frouxa e juntas pela bainha.
As
flores surgem posteriormente, durante o início da primavera, dispostas sobre um
longo escapo ereto e formando um cacho de forma cónica, formado por pequenas
flores pediceladas e bem apertadas; a distância entre as flores individuais vai
alargando a medida que estas amadurecem, o que acontece de forma progressiva.
As cores das flores variam do azul pálido ao azul escuro, passando pelo azul violeta.
As flores
individuais são compostas por 6 tépalas (conjunto de corola e cálice) fundidas,
ficando com forma esférica ou obovoide e com a abertura denteada.
As flores
terminais são estéreis e na antese, período de expansão das flores, estas assumem o
aspeto de um vistoso penacho, com pedicelos compridos e carnudos. As flores
restantes, mais modestas, são férteis.
O androceu
(conjunto órgãos de reprodução masculinos) é formado por 6 estames e o gineceu
(conjunto dos órgãos femininos) por um ovário súpero, do qual emerge o estilo.
Os frutos são capsulas ovais, com um pequeno entalhe no meio do ápice e 3 valvas angulosas que albergam no seu interior 2 sementes escuras e brilhantes.
Os frutos são capsulas ovais, com um pequeno entalhe no meio do ápice e 3 valvas angulosas que albergam no seu interior 2 sementes escuras e brilhantes.
Distribuição em Portugal Fonte: Jardim Botânico UTAD |
O Muscari comosum
desenvolve-se rapidamente. No nosso país pode encontrar-se em
floração/frutificação entre março e junho, dependendo da região (se entretanto
não forem comidos pelas ovelhas e cabras). Tanto cresce ao sol como em
situações de meia sombra, podendo ser utilizado com sucesso em vasos, nos
jardins, dando uma bela pequena flor de corte.
Podemos
encontra-lo em campos abertos e de vegetação baixa, searas, prados, clareiras
dos bosques e ate em dunas do litoral.
Como espécie
espontânea é originária da Europa central, região do mediterrânico, Península
Ibérica e Macaronésia (Canárias, Madeira e Açores).
Em certos países
do mediterrâneo oriental, nomeadamente
Grécia e Itália, estes bolbos são tradicionalmente consumidos quer cozinhados ou preparados em
conserva.
Até há pouco
tempo o Muscari comosum estava incluído na família das Liliaceae mas após
revisão segundo novas normas vigentes foi reclassificado, tendo sido incluído
numa família mais pequena, a família das Hyacinthaceae. Miguel Porto, no site
do Herbário da Universidade de Coimbra
explica-nos a
situação:
“Tradicionalmente,
esta família (Liliaceae) incluía uma miríade de espécies que, nas revisões mais
recentes, já foram distribuídas por cerca de 30 famílias diferentes,
pertencentes até a ordens diferentes! Isto significa somente que o que antes se
chamava de “liliáceas” era um grupo bastante heterogéneo e artificial de
plantas que, por serem todas morfologicamente semelhantes, foram incluídas na
mesma família – mas à medida que se foram realizando estudos mais aprofundados,
nomeadamente moleculares, percebeu-se que essa família era afinal uma mistura
de coisas muito diferentes, com histórias evolutivas próprias. Como é natural,
o problema está longe de ser solucionado.”
Na verdade, houve recentemente nova
reclassificação da responsabilidade do sistema APG, moderno sistema de
taxonomia vegetal, tendo o Muscari
Comosum sido incluído na família Asparagaceae
ao mesmo tempo que Hyacinthaceae foi
eliminada. Contudo esta solução não foi consensual havendo entidades que
continuam a usar a classificação anterior. Para mais informação veja AQUI e aqui.
Sobre as plantas
bolbosas:
Bolbos,
tubérculos, raízes tuberosas e rizomas são órgãos subterrâneos especializados
que não só dão origem a novas plantas todos os anos, como também acumulam
reservas de nutrientes permitindo às espécies sobreviver em condições
desfavoráveis. Estes órgãos subterrâneos dão origem a dezenas de plantas
espontâneas e ornamentais extremamente importantes do ponto de vista
paisagístico e comercial e que na generalidade são designados por bolbosas.
Em viveiros e
centros de jardinagem é possivel encontrar-se uma vasta gama de plantas bolbosas; algumas são replicas verdadeiras de bolbosas que vivem no estado selvagem, outras são híbridos obtidos através de polinização cruzada de variedades pertencentes à mesma espécie.
Depois de plantadas as bolbosas não dão muito trabalho e a grande variedade de tamanhos, cores e época de floração permitem a realização de uma infinidade de combinações.
As bolbosas podem plantar-se isoladas ou em grupos. Consoante a sua época de floração podemos combiná-las com outras, como por exemplo, alegrar um canteiro de vivazes cuja floração terminou ou ainda não começou ou então, integra-las na paisagem, formando manchas de cor.
Depois de plantadas as bolbosas não dão muito trabalho e a grande variedade de tamanhos, cores e época de floração permitem a realização de uma infinidade de combinações.
As bolbosas podem plantar-se isoladas ou em grupos. Consoante a sua época de floração podemos combiná-las com outras, como por exemplo, alegrar um canteiro de vivazes cuja floração terminou ou ainda não começou ou então, integra-las na paisagem, formando manchas de cor.
A grande vantagem
das bolbosas é a sua variedade, havendo espécies para todos os gostos, florindo
de janeiro a dezembro, ao sol ou à sombra, baixas ou altas, de flores grandes ou pequenas, em vasos ou em plena terra.
A maioria das
bolbosas que florescem na primavera semeiam-se no final do verão; elas
necessitam de um período de baixas temperaturas para iniciar a rebentação (ex:
Allium, Anemone, Crocus, Iris, Hyacinthus, narcissus, Tulipa, Galanthus, Scilla,
Ornithoglum, Ixia, Freesia etc.
As bolbosas de
verão/outono são muito friorentas pelo que, para que emitam raízes e se
desenvolvam, requerem temperaturas mais ou menos elevadas e boa exposição
solar. Estão neste caso as Begonia, Alstroemeria, Canna, Dalia, Gladioluss,
Lilium, Agapanthus, Amaryllis entre tantas outras.
As plantas bolbosas passam, ao longo da sua vida, por várias fases. Quando a floração acaba e as folhas começam a murchar, os órgãos subterrâneos aproveitam para repor energias e engordar, ficando em estado de vida latente até à próxima estação.
As plantas bolbosas passam, ao longo da sua vida, por várias fases. Quando a floração acaba e as folhas começam a murchar, os órgãos subterrâneos aproveitam para repor energias e engordar, ficando em estado de vida latente até à próxima estação.
Também vão surgindo no meu jardim os jacintos-das-searas...
ResponderEliminarCumprimentos.
Olá Rafael,
EliminarDevem estar lindos, são tão mimosos...
Saudações.
Bonita!
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