A tribo Genisteae
Genista tournefortii subsp. tournefortii em competição com outras espécies mediterrânicas |
Entre
tojos e giestas, muitas são as espécies arbustivas semelhantes que florescem
nesta época do ano. As flores são do tipo papilionáceo e quase sempre amarelas.
Nem sempre é fácil distinguir estas espécies pelo que, para simplificar há quem
as separe em dois grupos: as que têm picos e as que os não têm. Às espinhosas,
geralmente mais baixas e compactas, habituámo-nos a chamar tojos e as outras,
de ramos finos e elegantes e folhas diminutas ou escassas, conhecemo-las por
giestas. Porém, tal "classificação" é demasiado simplista e nem
sempre corresponde à realidade. O grau de parentesco entre estas espécies é
muito estreito e a sua evolução processou-se de forma tão complexa que,
atendendo às suas tendências evolutivas foi necessário agrupar estas - e outras
espécies relacionadas - num grupo taxonómico adicional denominado tribo, o qual
se posiciona entre a subfamília e o género. Assim sendo, tojos e giestas pertencem
à família Fabaceae/Leguminosae, subfamília Faboideae e tribo
Genisteae mas distribuem-se por
géneros diferentes: Cytisus, Ulex, Genista e
mais alguns, menos representativos, como Pterospartum,
Echinospartum, Stauracanthus e Retama (mencionados aqui apenas os géneros que ocorrem em Portugal).
Genista tournefortii subsp. tournefortii |
Genista tournefortii subsp. tournefortii entre as estevas (cistus ladanifer) |
O cataclismo que propiciou a abertura do estreito de Gibraltar há cerca de 6 milhões de anos (permitindo a ligação do mar mediterrâneo ao oceano Atlântico), afetou a presente distribuição e formação de diferentes espécies ibéricas e do norte de África, uma vez que, tendo constituído uma importante barreira para o fluxo de genes, pelo menos para plantas com mecanismos de dispersão de curta distancia, levou ao isolamento e à especiação por vicariância.
Desde o final do Mioceno dois outros fatores históricos têm sido decisivos na forma como se distribuem as espécies e endemismos em redor do Mediterrâneo: o advento da seca de verão e, mais recentemente, o desenvolvimento de atividades humanas (Thompson, 2005).
NOTA:
A origem da especiação
e distribuição das espécies resulta essencialmente de dois processos evolutivos,
a dispersão e a vicariância.
A DISPERSÃO acontece quando uma população restrita a uma determinada área migra para outras áreas. Embora existam barreiras geográficas estas são ultrapassadas através de variados mecanismos de dispersão de sementes (levadas por animais, pelo vento, pela água). São várias as razões que induzem a esta migração, podendo depender do acaso, ser causadas por pressões intrapopulacionais ou por modificações ambientais. Com o passar do tempo, as espécies que migram acabam por se diferenciar da população original.
A VICARIÂNCIA é desencadeada por um ou mais eventos geológicos que leva à separação geográfica de uma determinada população, fragmentando-a. Mantendo-se a barreira que impede o contacto genético, as populações divididas evoluem de formas diferentes, conduzindo à formação de espécies diferenciadas. Convém notar que, "quando se fala de vicariância, acredita-se que a população ancestral ocupava o somatório das áreas habitadas hoje pelos seus descendentes, tendo sido dividida em populações menores pelo surgimento de barreiras que provocaram o isolamento entre subpopulações”.
A DISPERSÃO acontece quando uma população restrita a uma determinada área migra para outras áreas. Embora existam barreiras geográficas estas são ultrapassadas através de variados mecanismos de dispersão de sementes (levadas por animais, pelo vento, pela água). São várias as razões que induzem a esta migração, podendo depender do acaso, ser causadas por pressões intrapopulacionais ou por modificações ambientais. Com o passar do tempo, as espécies que migram acabam por se diferenciar da população original.
A VICARIÂNCIA é desencadeada por um ou mais eventos geológicos que leva à separação geográfica de uma determinada população, fragmentando-a. Mantendo-se a barreira que impede o contacto genético, as populações divididas evoluem de formas diferentes, conduzindo à formação de espécies diferenciadas. Convém notar que, "quando se fala de vicariância, acredita-se que a população ancestral ocupava o somatório das áreas habitadas hoje pelos seus descendentes, tendo sido dividida em populações menores pelo surgimento de barreiras que provocaram o isolamento entre subpopulações”.
Genista tournefortii subsp. tournefortii |
Genista tournefortii subsp. tournefortii |
Popularmente, se têm espinhos são apelidadas de
tojos, se os não têm chamam-lhes giestas ou piornos. As representantes deste género assumem a forma arbustiva baixa, geralmente
reunindo-se em maciços. Crescem em vários tipos de substratos, preferindo os
solos altamente permeáveis. Ocorrem em diferentes condições climáticas,
geralmente bem adaptadas a climas secos, limitando a transpiração através de estratégias
adequadas como folhas pequenas ou espinhosas e/ou tomando a forma arredondada e
densa semelhante a uma almofada, especialmente em zonas litorais mais
batidas pelo vento.
A espécie Genista
tournefortii é um endemismo do centro e oeste da Península ibérica e do noroeste de África. Consideram-se duas subespécies: a da Península Ibérica é Genista tournefortii subsp. tournefortii e a do norte de África (Marrocos) Genista tournefortii subsp. jahandiezii
(Batt.) Talavera & P.E.Gibbs.
Genista tournefortii
subsp. tournefortii Spach
Genista tournefortii subsp. tournefortii |
Genista tournefortii subsp. tournefortii - ramos velhos espinhosos em contraste
com os mais jovens, cobertos de folhas
|
Genista tournefortii subsp. tournefortii - ramo com folhas e flores |
Genista tournefortii subsp. tournefortii - folhas |
As folhas, de pecíolo pouco desenvolvido e cobertas de pelos longos,
dispõem-se de forma alternada. As da base dos caules apresentam forma ovada e
são menos peludas que as superiores, as quais são lanceoladas, assim como as
médias.
Genista tournefortii subsp. tournefortii - inflorescência |
Genista tournefortii subsp. tournefortii - partes da flor |
Genista tournefortii subsp. tournefortii - cálice |
Sob o ponto de vista reprodutivo as flores estão
equipadas com órgãos masculinos e femininos. O androceu tem um
total de 10 estames que não são todos iguais, ou seja, 4
estames são curtos com anteras basifixas (presas pela base) e os restantes 6
são compridos, 1 com antera basifixa e os outros 5 com anteras dorsifixas
(inseridas no filete pelo dorso).
Posição das anteras nos estames em Genista tournefortii. FONTE |
Os estames são monadelfos, isto é, os filetes estão todos unidos e formam um tubo membranáceo em torno dos órgãos femininos.
Do ovário desponta o estilete cuja parte visível é o estigma, sobre o qual se fixa e germina o pólen.
Esta espécie floresce de abril a
junho ou julho.
Os frutos são vagens
estreitas e achatadas, encurvadas como uma foice, coberta de pelos em ambas as
faces. Dentro dela existem 1 ou 2 sementes escuras e de forma ovóide.
Genista tournefortii subsp. jahandiezii (Batt.) Talavera & P.E.Gibbs.
Esta é a subespécie endémica do norte de África, mais especificamente de Marrocos, e ocorre nas montanhas do Rife e cordilheira do Atlas Médio. Diferencia-se da subespécie ibérica por ter todas as folhas
lanceoladas e pelas brácteas na parte inferior da inflorescência que, ou não existem ou têm tamanho inferior a 2,5 mm.
Fotos de Genista tournefortii subsp. tournefortii - Arribas do Caniçal/Lourinhã
Fotos de Genista tournefortii subsp. tournefortii - Arribas do Caniçal/Lourinhã