Nomes
comuns:
Erva-das-sete-sangrias;
sargacinha; sargacinho
Lithodora
prostrata é uma planta perene que forma um pequeno arbusto de ramos
flexíveis, prostrados ou ascendentes, os quais são ramificados desde a base e
se dispõem irregularmente em ângulos bastante abertos; geralmente atingem os 50
ou 60 cm de comprimento.
Distribuição em Portugal Fonte: Jardim Botânico UTAD |
Pode encontrar-se em todo o sudoeste europeu
beneficiando do clima atlântico-mediterrânico. Cresce em taludes, matagais,
pinhais e sobreirais e especialmente em charnecas de solos ácidos onde
predominam as urzes, os tojos e outros pequenos arbustos adaptados aos climas secos.
Muitas vezes procura o amparo de plantas mais lenhosas como é o caso do
exemplar que aqui trago hoje, o qual se encontra enredado numa Cistus crispus. Crescendo em matos
cerrados onde o espaço livre está todo ocupado, não lhe resta outra alternativa
que não seja espreitar por entre os ramos das mais lenhosas, para poder
aproveitar o sol.
A Lithodora prostrata pertence à Boraginaceae,
família que inclui cerca de 2700 espécies entre ervas, arbustos e
trepadeiras, algumas de valor ornamental. Podem ser encontradas espécies desta
família em quase todo o mundo, distribuindo-se principalmente pelas regiões
temperadas e tropicais.
As folhas da Lithodora prostrata são oblongas ou elípticas, não
tem pecíolo e apresentam o nervo medio muito marcado; estão cobertas de pelos
os quais são mais compridos na parte da frente e mais curtos e em maior numero na
parte inferior da folha. Estes pelos, comuns a muitas plantas mas cujas
características variam consoante as espécies, contribuem para o controle da
transpiração, constituindo também um polo de atração dos insetos polinizadores.
As flores são muito pequenas mas bem visíveis devido à cor,
geralmente de um azul intenso (por vezes com flores também em tons rosados, na
mesma planta).
As flores agrupam-se em inflorescências definidas de 6 a 14
flores em que o eixo principal tem crescimento limitado, terminando numa flor.
Esta espécie tem uma floração muito prolongada, as flores vão abrindo aos poucos,
permanecendo florida durante largos meses embora de forma relativamente
esparsa.
Esta planta é por vezes utilizada como cobertura
de solo em jardins onde, com boa exposição solar e água à disposição, assume uma forma compacta
e com floração profusa e prolongada.
A corola é formada por 5 pétalas arredondadas, acetinadas na face exterior devido à camada de pelos finos, curtos e superficiais que a cobrem; são soldadas na base formando um tubo peludo e também de aspeto acetinado no qual se inserem, a diferentes níveis os 5 estames do androceu. Na garganta deste tubo forma-se um anel de pelos muito densos e brancos. O cálice, constituído por 5 sépalas mais ou menos soldadas na base, continuam a crescer até o fruto atingir a maturação.
As flores têm brácteas providas de pelos densos e de formato
oval ou elíptico, por vezes lineares, as quais são mais largas que o cálice.
O gineceu
é constituído por 4 carpelos arredondados de onde sai um estilete que termina
no estigma.
Os frutos, característicos das famílias Boraginaceae, são clusas, ou seja, frutos indeiscentes do tipo esquizocarpo o qual se separa em quatro partes na maturação, formando quatro frutos parciais, quase ovoides; a casca, algo coriácea está ligada às sementes, protegendo-as e fornecendo-lhes nutrientes durante a germinação.
Esta espécie floresce e frutifica de dezembro a abril ou maio.
A Lithodora prostrata
é utilizada em medicina alternativa devido às suas alegadas
propriedades antisséticas, hipotensora e redutora dos níveis de colesterol,
sendo geralmente utilizada sob a forma de infusões.
Era no género Lithodora,
um dos 150 géneros que fazem parte da família Boraginaceae, que se incluíam até há bem pouco tempo, as 5 espécies que
se podem encontrar na Península Ibérica, nomeadamente Lithodora prostrata, Lithodora fruticosa, Lithodora diffusa, Lithodora
nitida e Lithodora oleifolia, sendo que as três últimas são endemismos
ibéricos. Segundo a Flora Iberica apenas uma destas espécies, a Lithodora
fruticosa, está ainda no género Lithodora. Contudo, as restantes espécies foram parar ao género Glandora,
pequeno género com apenas 6 espécies. Esta divisão deve-se a diferenças nos
carateres morfológicos da estrutura da semente e da flor. No género Lithodora as pétalas são glabras (sem
pelos) na sua face externa ou com apenas alguns pelos nos lóbulos enquanto que
no género Glandora as pétalas são
acetinadas devido à camada de pelos finos, curtos e superficiais na sua face
externa. Por outro lado as espécies incluídas no género Glandora apresentam flores longistilas e brevistilas, resultantes
de dimorfismo no comprimento dos estiletes e dos estames e também no tamanho
dos grãos de pólen. No caso específico da Lithodora prostrata syn Glandora prostrata acresce ainda o facto
de os estames estarem inseridos a vários níveis no tubo da corola.
Estes dimorfismos genéticos do sistema reprodutivo têm como
objetivo evitar a autopolinização e potenciar a fecundação cruzada.
Ainda segundo a Flora Iberica, estudos recentes
de filogenia molecular demonstram que o novo género Glandora tem tudo a ver com os géneros Buglossoides, Aegonychon, Lithospermum, Macromeria e Onosmodium .
Pelo contrário, Lithodora
relaciona-se com os géneros Paramoltkia,
Mairetis, Halacsya e Neatostema
O
que é a Heterostilia – flores longistilas, medistilas e
brevistilas
Heterostilia é
uma forma de polimorfismo morfológico em que flores hermafroditas da mesma planta apresentam estiletes e estames de tamanhos diferentes. Esta situação está geralmente
associada a um sistema genético de auto incompatibilidade tornando as espécies
hermafroditas incapazes de se reproduzirem sexualmente por autopolinização,
favorecendo assim a polinização cruzada. Uma vez que a autopolinização pode levar ao enfraquecimento na eficácia reprodutiva das sementes, a heterostilia funciona como mecanismo de segurança.
Nas espécies
heterostilicas coexistem 2 tipos de
flores (distilia) ou 3 tipos de flores (tristilia), na mesma planta.
A forma mais comum é a distilia, partilhada por cerca de 25 famílias de Angiospermas e na qual se insere a espécie acima descrita. Nas espécies com distilia existem plantas com flores longistilas (estiletes compridos e estames curtos, ficando o estigma acima dos estames) e indivíduos com flores brevistilas (estiletes curtos e estames longos, ficando o estigma abaixo das anteras).
A tristilia é uma situação mais rara na qual, para além de flores longistilas e brevistilas, existem flores medistilas (estiletes medios). Veja mais detalhes AQUI.
A forma mais comum é a distilia, partilhada por cerca de 25 famílias de Angiospermas e na qual se insere a espécie acima descrita. Nas espécies com distilia existem plantas com flores longistilas (estiletes compridos e estames curtos, ficando o estigma acima dos estames) e indivíduos com flores brevistilas (estiletes curtos e estames longos, ficando o estigma abaixo das anteras).
A tristilia é uma situação mais rara na qual, para além de flores longistilas e brevistilas, existem flores medistilas (estiletes medios). Veja mais detalhes AQUI.
Boa tarde Fernanda,
ResponderEliminarhá muito que me interesso por plantas silvestres, cogumelos e algas, mas não tenho muito conhecimento sobre o assunto. Encontrei o seu blogue por acaso e identifiquei algumas plantas que costumo encontrar nas minhas caminhadas por terras próximas à Lourinhã (Caldas e Bombarral). Gostaria de lhe perguntar se costuma organizar saidas de campo para identificação das plantas pois eu estaria interessado em participar.
Tudo de bom.
Sérgio
Olá Sérgio,
ResponderEliminarEsporadicamente a C.M.da Lourinha organiza alguns passeios principalmente no Planalto das Cezaredas mas de momento nao tenho conhecimento de que se vá realizar algum nos tempos mais próximos. Os meus passeios sao geralmente solitarios ou em familia e nem preciso ir muito longe pois as plantinhas abundam quase ao pé da porta, com a vantagem de poder seguir o seu desenvovimento desde a floraçao até á frutificaçao.Geralmente a dificuldade está na identificaçao, que com alguma pesquisa acaba por acontecer. Mas essa parte, por vezes trabalhosa também dá muito gosto e no caminho vai-se aprendendo e conhecendo outras espécies...
Saudaçoes
Fernanda
Obrigado pela resposta Fernanda, continuação desse excelente trabalho que tem feito, isto sim é serviço público ;-)
ResponderEliminarAproveito para divulgar uma oficina de plantas comestiveis, mas do mar (algas), que vai haver aí perto no próximo dia 23 de Junho; http://mpica.info/oficina-algas-do-mar-ao-prato/
Saudações
Sérgio
Obrigado, Sergio, pela informacao, la estaremos.
ResponderEliminarCumprimentos
Fernanda
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarobrigado pela informação dramatica
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