Nomes comuns:
Anafe-menor; coroa-de-rei; meliloto-da-índia;
trevo-de-cheiro; trevo-de-namorado; meliloto
No que diz respeito a Portugal, é nativa de Portugal continental e Madeira e naturalizada nos Açores.
Mapa de distribuição em Portugal continental Fonte: Flora Digital de Portugal-Jardim Botânico da UTAD |
Apesar de naturalizada, a sua condição de espécie exótica tem-lhe facilitado o desenvolvimento de hábitos invasores em alguns locais, rapidamente formando densas colónias que abafam as espécies autóctones. No entanto, é também muito útil em várias vertentes: é uma planta muito melífera, uma das preferidas das abelhas; as suas raízes profundas penetram nos solos favorecendo o arejamento dos mesmos, além de que têm a capacidade de fixar o nitrogénio atmosférico transformando-o em nutrientes. Esta planta tem ainda a vantagem de crescer bem em solos moderadamente salinos, onde outras espécies forrageiras não proliferam.
Melilotus indicus é cultivada como fonte de alimento para o gado, sendo uma espécie apropriada às características climáticas de certos locais, resultando economicamente rentável. Apesar do agradável aroma que liberta, o seu sabor é algo amargo pelo que não é muito apreciada. Por essa razão é geralmente cultivada em mistura com cevada, aveia, centeio ou ervilhaca, não devendo ser colhida antes da floração para minimizar os efeitos do aparecimento de bolor a que é propensa durante o armazenamento. De qualquer modo, Melilotus indicus apresenta um certo grau de toxicidade pelo que se for usada em excesso na alimentação do gado poderá causar problemas de saúde, tais como falta de apetite, distensão abdominal, letargia, paralisia e contaminação do leite. A substância culpada é um metabólito secundário, a cumarina. No entanto, já existem híbridos com baixa concentração deste componente químico.
O ciclo de vida de Melilotus indicus é geralmente anual mas em alguns casos é bienal, dependendo das condições ambientais. Dos mesmos fatores depende o crescimento da planta cuja altura pode ir dos 10 aos 50 cm.
As folhas são alternas e compostas por 3 folíolos de forma oblonga ou
obovada, com margens serradas.
Na base do pecíolo existem duas estípulas, ou
seja, dois pequenos apêndices foliares de margem membranosa, alongados e
estreitos. Nem todas as plantas possuem estípulas e a sua função primitiva
permanece algo obscura. Contudo, tanto a sua presença como a sua ausência são,
muitas vezes, um fator fundamental para a identificação das espécies. Veja mais
AQUI.
As folhas frescas são comestíveis depois de cozinhadas mas quando secas
podem ser tóxicas devido à presença da cumarina, substancia química que dá às
plantas secas a fragância - que muitos apreciam – do feno acabado de cortar.
As folhas são também repelentes de insetos. Em tempos, quando ainda se
usavam colchões de palha, as folhas eram usadas para repelir os percevejos.
As flores são muito
pequenas mas numerosas e reúnem-se em elegantes cachos, densos e alongados.
Cada pequena flor liga-se a um eixo central por meio de pedicelos curtos. As flores
viram-se para baixo após a ântese (período de expansão da flor).
Esquema de uma flor papilionácea |
Debaixo do ovário existe um recetáculo onde se forma o néctar, o qual é
posto à disposição dos polinizadores entre os estames. Apesar deste incentivo
aos insetos polinizadores Melilotus indicus geralmente recorre à
autopolinização. Contudo é uma planta muito procurada pelas abelhas e com importância
económica na produção de mel.
Frutos de Melilotus indicus em amadurecimento (pormenor) Fonte: Wikimedia Commons Autor: Forest & Kim Starr |
Inicialmente as sementes são macias mas acabam por perder a humidade,
tornando-se castanhas e duras, temporariamente impermeáveis. Podem manter-se
viáveis no solo durante 11 a 50 anos, embora tenham sido encontradas sementes
viáveis com 183 anos em San Fernando, no México. As plantas Melilotus indicus
produzem uma media de 14,000 sementes por individuo, havendo no entanto plantas
grandes que chegam a produzir de 200,000 a 350,000.
Quando maduros os frutos caiem no chão e as sementes acabam por se
libertar, dispersando-se por ação do vento ou por animais, muitas vezes sendo
ingeridas por pequenas aves.
Esta espécie está incluída no género Melilotus cujas espécies apresentam, por vezes, características morfológicas muito semelhantes. De facto, Melilotus indicus pode facilmente ser confundida com outras espécies do mesmo género e que vivem nos mesmos habitats, especialmente com Melilotus officinalis mas também com Melilotus sulcatus. Na generalidade as flores deste género são amarelas com exceção de Melilotus albus que tem flores brancas. Existem pequenas diferenças na densidade das inflorescências ou no tamanho das flores mas a melhor forma de distinguir as espécies é através da observação dos frutos maduros.
Esquemas dos frutos maduros, da esquerda para a direita: M. indicus, M. Officinalis, M.sulcatus Fonte: Flora Iberica |
O nome do género Melilotus vem do grego e quer dizer literalmente “planta leguminosa com mel” referindo-se ao facto de as suas espécies serem muito melíferas –
“meli”= mel + “lotos” = planta leguminosa (Munz, Flora So. Calif. 464). O nome
da espécie indicus vem do também do grego “indikos” e refere-se à Índia (Jaeger
127)- país onde sempre foi muito cultivada como forrageira.
Este género inclui 21 espécies largamente distribuídas e das quais 10 estão
presentes em Portugal continental como autóctones. A maioria destas espécies
também estão presentes nos arquipélagos de Açores e Madeira, algumas tendo sido
introduzidas, outras sendo nativas (pode conferir os detalhes específicos em Flora-on).
Melilotus indicus é uma leguminosa, pertencendo à família Fabaceae também
denominada Leguminosae, uma das maiores famílias de plantas de flor, incluindo mais de 18,000 espécies agrupadas em cerca de 463 géneros, distribuídas
praticamente pelo mundo inteiro. É grande a sua importância económica pois
inclui espécies fundamentais na alimentação humana como sejam a soja, o feijão,
o amendoim, o grão-de-bico, o tremoço, as ervilhas ou as favas, apenas para
mencionar algumas.
Na generalidade, são plantas de hábitos variados podendo ser herbáceas,
trepadeiras, arbustos ou árvores. Muitas espécies são também utilizadas como
ornamentais, outras têm grande valor comercial ou industrial devido aos
produtos que delas podem ser extraídos, nomeadamente o tanino, substância usada
na indústria do couro, já para não falar dos corantes, tinturas, colas,
vernizes etc.
Uma das características desta família é a faculdade de converter o
nitrogénio atmosférico (azoto) em moléculas proteicas as quais são aproveitadas
pela própria planta para seu desenvolvimento e o das plantas em seu redor. Isto
acontece devido a uma relação simbiótica com bactérias Rhizobium que se fixam
nas raízes das leguminosas através de nodosidades, visíveis a olho nu. Em
contrapartida, as bactérias recebem das plantas os açúcares produzidos durante
a fotossíntese. Esta simbiose permite não só a sobrevivência das referidas
bactérias mas também que certas espécies possam desenvolver-se sem problemas em
solos pobres em azoto e matéria orgânica.
Tirando partido desta capacidade Melilotus indicus é também usada como
adubo verde, processo que consiste em
cultivar leguminosas de crescimento rápido, as quais são cortadas e enterradas
no mesmo local antes de florescerem e criarem sementes. Esta prática promove o
enriquecimento do solo com azoto e outros nutrientes, além de melhorar a
estrutura dos terrenos, protegendo-os da seca e limitando o desenvolvimento das
ervas daninhas.
Usos medicinais:
Todas as plantas sintetizam químicos variados, nomeadamente os chamados metabólitos
secundários, muitos deles responsáveis por propriedades terapêuticas (veja mais
AQUI ).
Melilotus indicus contém cumarina, que é um anticoagulante. A planta também é usada como emoliente, adstringente,
laxante e narcótica.
Entretanto aqui deixamos, mais uma vez, um conselho: qualquer tratamento que leve ao consumo interno das plantas deve ser precedido de aconselhamento apropriado,
Fotos de Melilotus indicus: Caniçal/Lourinhã.
Entretanto aqui deixamos, mais uma vez, um conselho: qualquer tratamento que leve ao consumo interno das plantas deve ser precedido de aconselhamento apropriado,
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Olá Jorge,
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Cumprimentos
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