Nomes comuns:
Cavalinha; erva-pinheira; rabo-de-cavalo
O elevado número destas gigantescas plantas contribuiu largamente para
a formação de vastos depósitos de carvão.
As espécies que resistiram até ao dia de hoje são bastante mais pequenas,
sendo Equisetum myriochaetum, nativa
da México, América Central, Colômbia, Equador e Peru, a maior de todas. Estas
plantas podem atingir entre 4 e 7 m de altura, mantendo-se eretas pela
estratégia de se ampararem umas às outras.
Equisetum myriochaetum - Royal Botanic Gardens, Edinburgh Cultivada em estufa (A folhagem que se vê no topo direito é de Dacrydium cupressinum) Fonte: Wikipedia - Autor Alexlomas on Flickr |
Enfim, recentes análises
filogenéticas forneceram as provas de que Equisetum pertence ao clado
Pteridophytes (fetos verdadeiros), formando uma linhagem especializada.
Segundo alguns
cientistas (Hauke,1963), Equisetum é provavelmente o mais antigo género vivo
de plantas vasculares. Relembremos que as plantas vasculares são assim
denominadas porque possuem sistemas de vasos
para condução de água e nutrientes e englobam os grupos genericamente
conhecidos como pteridófitas (com esporos em vez de sementes), gimnospermas (coníferas – produzem
sementes que não estão encerradas em fruto) e angiospermas (produzem flor e as sementes estão encerradas num fruto). Aparentemente foram as pteridófitas (fetos e espécies afins) as
primeiras plantas a apresentar este sistema condutor da seiva o que veio
possibilitar uma irrigação mais rápida das células vegetais. Ao longo da história
evolutiva da Terra, tal não só favoreceu o aparecimento de plantas de grande
porte como contribuiu para a adaptação dessas plantas a ambientes terrestres e
para o surgimento das plantas produtoras de sementes.
De notar que as plantas mais primitivas, nomeadamente as cavalinhas,
dependiam do meio aquático para que a reprodução através de esporos se processasse.
Ainda hoje as espécies do género
Equisetum são grandes amantes da água e por isso crescem perto dos rios ou em solos húmidos ou pantanosos de quase todos os continentes, com algumas exceções, nomeadamente Austrália,
Nova Zelândia e Antártica.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Botânica, através do seu portal Flora-on, são 4 as espécies do género Equisetum, autóctones em Portugal. Veja
AQUI.
Mapa atual de distribuição de Equisetum telmateia em Portugal Fonte: Flora-on
Dados
disponibilizados por:
E.Portela-Pereira, F.Clamote,
U.Schwarzer, J.D.Almeida, A.J.Pereira, P.V.Araújo,
A.Carapeto, J.Farminhão, et al. (2015).
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Na generalidade Equisetum
telmateia ocorre em climas temperados da Europa meridional e central, norte de África, Macaronésia, sudoeste
asiático e América do norte.
Divide-se em duas
subespecies que basicamente diferem na cor do caule principal:
- Equisetum telmateia subsp.
Telmateia, nativa da Europa, sudoeste asiático e noroeste de África - caule de cor verde-pálido ou branco-marfim
- Equisetum telmateia subsp.
Braunii (Milde) Hauke, nativa da costa oeste da América do Norte, desde o
sudeste do Alaska e oeste de British Columbia até ao sul da Califórnia – caule de cor verde mais escuro
Equisetum temateia subespecie braunii - Fonte CalPhotos Foto de Zoya Akulova - Copyright © 2008 Zoya Akulova Mais informações sobre a foto AQUI |
Equisetum temateia subespécie telmateia tem o caule mais claro que a americana (na foto acima) |
Pormenor do estróbilo de Equisetum sp. em que se podem observar os esporangióforos hexagonais e por baixo deles os esporângios, de cor mais clara. Fonte Wikipedia Copyright by Curtis Clark |
Corte transversal do estróbilo de Equisetum sp. Podem observar-se os esporângios e as hastes que ligam os esporangióforos ao eixo central Fonte Wikipedia Copyright by Curtis Clark |
Corte longitudinal de estróbilo de Equisetum arvense Podem observar-se os esporângios suspensos dos esporangióforos e as hastes que ligam estes ao eixo Fonte: Wikipedia - Foto de Keisotyo |
Quando
os esporos estão maduros os esporângios contraem-se e rompem-se ao longo da
superfície interna, libertando-os. Os esporos podem ser masculinos ou
femininos. Ao atingirem o solo eles germinam dando origem a uma planta muito simples (protalo) que
dura pouco tempo e cuja função é produzir gametas ou seja as células sexuais. O
protalo possui um órgão reprodutor feminino e outro masculino. Depois da
fertilização da oosfera do gametófito feminino pelos anterozoides do gametófito
masculino, o protalo degenera e desta união nasce um novo esporófito que
corresponde a uma nova Equisetum telmateia.
Os esporos são esféricos e
na sua superfície granulosa formam-se 4 estruturas higroscópicas em forma de
fita, denominadas elatérios, as quais empurram os esporos para fora da planta e
aumentam o seu aerodinamismo em relação ao vento.
Nas Equisetum os espessamentos das fitas dos elatérios, obrigam-nos a voltear e saltar, enrolando ou desenrolando, dependendo do grau de humidade, auxiliando na dispersão dos esporos (enrolam quando absorvem a humidade do solo e desenrolam quando o vento ou o sol os seca momentaneamente). E se durante as suas acrobacias tiverem a sorte de ser apanhados pelo vento, podem chegar a locais onde antes nenhum esporo conseguiu chegar. Eles conseguem saltar a grandes alturas - 1 centímetro - o que é um enorme feito pois representa cerca de 20 vezes o seu próprio tamanho, apesar de que o gasto de energia é nulo.
Nas Equisetum os espessamentos das fitas dos elatérios, obrigam-nos a voltear e saltar, enrolando ou desenrolando, dependendo do grau de humidade, auxiliando na dispersão dos esporos (enrolam quando absorvem a humidade do solo e desenrolam quando o vento ou o sol os seca momentaneamente). E se durante as suas acrobacias tiverem a sorte de ser apanhados pelo vento, podem chegar a locais onde antes nenhum esporo conseguiu chegar. Eles conseguem saltar a grandes alturas - 1 centímetro - o que é um enorme feito pois representa cerca de 20 vezes o seu próprio tamanho, apesar de que o gasto de energia é nulo.
Esquema copiado de "Les fougères de pleine terre et les prêles, lycopodes et sélaginelles rustiques. Octave Droin éditeur, 1896" Fonte Wikipedia Fig. 62 - Elatérios de Equisetum sp. enrolados em torno do esporo Fig. 60 - Momento em que os elatérios se separam do esporo de Equisetum sp. Fig 61 - Elatérios de Equisetum sp. separados pela dissecação |
The Walking and Jumping Spores of Horsetails plants
Film by Philippe Marmottant – Lab. Interdisciplinaire de Physique
CNRS and Univ. of Grenoble
Este caule é oco e é
formado por nós e entrenós colocados a espaços regulares e que lhe dão um aspeto
segmentado.
As folhas são muito finas, de aspeto escamoso e estão dispostas nos
nós, unidas entre si e formando um anel em redor de cada nó, terminando numa
coroa de dentes triangulares. A atividade fotossintética das folhas é
praticamente inexistente, funcionando apenas logo no início e depressa secando.
Tanto
os caules férteis como os estéreis são comestíveis, crus ou cozinhados. Para tal
devem ser colhidos jovens, tendo o cuidado de não destruir os rizomas. Devem ser descascados ou pelados.
Contudo, as células
que formam os tecidos das plantas adultas estão cheios de sílica pelo que devem
ser escolhidas as plantas jovens ou dará a sensação de mastigar areia. Por esta mesma razão, a planta torna-se especialmente abrasiva depois de seca, qualidade que foi aproveitada pelas população antigas que a usavam para polir artigos de metal ou
esfregar o chão de madeira das suas casas.
As cavalinhas
são tóxicas para o gado mas principalmente letais para os cavalos. Contudo não existem
evidências de que sejam tóxicas para os humanos desde que se estabeleça um limite ao seu
consumo.
Equisetum
telmateia é muito usada em medicina
tradicional pois possui propriedades mineralizantes, diuréticas, hemostaticas e cicatrizantes. Usa-se sob a forma de infusão, duas a três chávenas por dia. Colocam-se os ramos frescos ou secos em água acabada de ferver e deixam-se repousar durante 10 minutos. Para tratamentos específicos é recomendável procurar aconselhamento.
O nome
genérico Equisetum deriva do latim “equus” (cavalo) + “seta” (cerda) talvez
porque os ramos desta planta se assemelhem aos pelos grossos das caudas dos
cavalos. Daí derivam também os nomes populares de cavalinha e rabo-de-cavalo em português e horsetail em inglês.
Quanto
ao nome especifico telmateia deriva do grego “telmat” (pântano, atoleiro), referindo-se aos
terrenos húmidos onde a planta geralmente vive.
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