Nomes comuns:
Urze-roxa; queiró; queiroga; negrela
Conforme o seu nome científico indica, Erica cinerea é uma espécie
do género Erica, (família Ericaceae), uma das 10 espécies que representam este
género em território português. Estas espécies pertencem ao grupo que
vulgarmente designamos por urzes.
As urzes formam arbustos rústicos de folhas finas e flores
miúdas e abalonadas que florescem de forma abundante e generosa. Apesar de
modestas, ou talvez mesmo por isso, as urzes parecem exercer forte fascínio
sobre a maioria de nós. Elas não só nos favorecem com a fragrância e beleza das
suas pequenas flores, como também, sendo exemplos de resistência às
adversidades, elas evocam, de modo especial, o lado primevo da vida
e a estreita comunhão do Homem com a natureza.
Em Portugal as urzes distribuem-se um pouco por todo o
território, desde as dunas do litoral até aos 1400 m de altitude, colonizando montes e vales. Associadas a outras comunidades vegetais que partilham os
mesmos gostos (estevas, rosmaninhos, tojos, carquejas e sargaços), as urzes
surgem em matagais resultantes da degradação da floresta original de carvalhais, nas orlas dos pinhais ou dos eucaliptais. Também aparecem em solos empobrecidos por práticas
agrícolas intensivas ou de pastoreio. Geralmente são regiões cujo substrato
pobre em nutrientes já não permite o desenvolvimento de outras plantas, mas onde
a humidade atmosférica e edáfica se conjugam com os solos ácido-siliciosos,
resultantes da erosão de granitos, quartzitos, xistos e gnaisses. De facto, as urzes
não medram em solos calcários, necessitando de solos mais ou menos ácidos,
consoante a espécie.
Existem diversos tipos de urzes que se distinguem, entre outras
características, pela altura que podem atingir, pelo tamanho ou tom mais ou
menos rosa das flores (são mais raras as brancas) e ainda pela época do ano em que
florescem. Contudo, face à heterogeneidade dos nomes comuns dados às urzes, a
única forma segura de as identificar é a nomenclatura científica. Os
nomes comuns com que as populações as batizaram geram muita confusão, pois
variam de região para região. Não só o mesmo nome comum pode corresponder a
espécies diferentes, como dar-se o caso de plantas da mesma espécie terem nomes
comuns diferentes, tudo dependendo da localização. Por exemplo, no caso das
urzes, nomes comuns como torga, moita, queiró, margariça e outros, tanto se
referem à mesma espécie como a espécies diferentes. É por isso que todas as
espécies têm nomes científicos e esses, sim, são fiáveis pois são exclusivos e
válidos em qualquer parte do mundo.
Em tempos idos, as urzes eram utilizadas para fazer a cama dos
animais, encher colchoes, fazer cordas, escovas, vassouras, corantes e
medicamentos caseiros. Hoje em dia consome-se o mel de urze, de consistência densa
e sabor adstringente e marcante. Algumas espécies possuem propriedades
medicinais diuréticas e antisséticas urinárias, como acontece com a presente
espécie em estudo.
Distribuição de Erica cinerea em Portugal continental Fonte: Flora Digital de Portugal - UTAD |
Erica cinerea distribui-se pelo oeste e centro da Europa. É
nativa de Portugal continental, foi introduzida na Madeira mas é inexistente
nos Açores.
Esta é uma espécie perene. Forma um arbusto baixo, ereto e bem
proporcionado, podendo crescer até aos 60 cm de altura.
Os caules jovens são
herbáceos e de cor avermelhada enquanto os mais velhos são lenhosos e de cor
castanha. Os caules estão cobertos por um indumento de pelos curtos, não
glandulares cuja cor clara lhes dá um aspeto acinzentado, significando
literalmente “coberto de cinza “e de onde deriva o nome específico “cinerea”.
As folhas são eretas e têm forma linear ou linear-lanceolada com
margens que se enrolam sobre si mesmas, curvando-se fortemente para a página
inferior.
As folhas são verdes ou verde-azuladas e são glabras mas as margens estão
providas de cílios muito curtos.
De forma característica as folhas dispõem-se
em grupos de 3 em redor dos caules e por vezes, são complementadas por feixes de
folhas axilares.
As flores reúnem-se em grupos de número variável na extremidade
dos ramos.
O cálice tem 4 sépalas livres, verdes ou avermelhadas e de forma lanceolada, semelhantes às folhas. A corola é constituída por 4 pétalas de cor rosa ou purpura, as quais se unem para formar uma espécie de sino, ou seja, uma forma globosa subitamente contraída na extremidade.
O cálice tem 4 sépalas livres, verdes ou avermelhadas e de forma lanceolada, semelhantes às folhas. A corola é constituída por 4 pétalas de cor rosa ou purpura, as quais se unem para formar uma espécie de sino, ou seja, uma forma globosa subitamente contraída na extremidade.
As
flores possuem órgãos reprodutores de ambos os sexos. O androceu é formado por
8 estames que não se veem porque são mais curtos que a corola e na base dos quais se insere o disco nectarífero.
Do ovário surge um estigma capitado que emerge pela abertura da corola durante
a antese (período de expansão da flor).
A
planta floresce durante a primavera e verão.
O
fruto é uma cápsula deiscente que se abre por meio de fendas longitudinais
libertando as sementes ovóides.
Erica
cinerea é rica em néctar e pólen, sendo por isso muito visitada por insetos,
embora apenas os insetos equipados com probóscide longo, como é o caso das
abelhas meliferas, consigam chegar ao néctar e ao pólen, tendo em conta a forma da
corola, dentro da qual estão localizados o disco nectarífero e as anteras.
Saiba mais sobre as urzes AQUI.
Fotos: Serra do Calvo (Lourinhã) e Vila de Rei.
Muy linda, me encantan todas las ericas. Saludos.
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