Corriola-rosada
Convolvulus althaeoides L. - Familia Convolvulaceae |
Uma
das carateristicas das espécies da família Convolvulaceae
são as suas flores, muitas vezes de cores vistosas e variadas, com corolas grandes em
forma de trompeta ou funil, o que as torna facilmente identificáveis.
Ipomea purpurea (Wikipedia) - Familia Convolvulaceae |
São
geralmente plantas herbáceas que, na generalidade, gozam de má fama, sendo
consideradas plantas daninhas e invasoras, com tarefa difícil
no que toca à sua erradicação. São consideradas daninhas apenas por se encontrarem
no local errado, coitadas, pois as suas flores são de tão delicada beleza que
não podem deixar de ser admiradas! Mas convém frisar que nem todas as espécies
desta familia são consideradas inimigo a abater. Por exemplo, a espécie com
maior destaque dentro da família Convolvulaceae
e com importância económica é a Ipomea batatas, a nossa conhecida e deliciosa batata doce,
consumida em quase todo o mundo, tanto por seres humanos como por animais.
Flor de Ipomea batatas = batata doce (Wikipedia) - Família Convolvulaceae |
Algumas
espécies da familia Convolvulaceae são ainda utilizadas como plantas ornamentais, sendo
denominadas vulgarmente e de forma genérica,“Glória da manhã” pois as suas flores abrem de
manhã para fecharem ao anoitecer.
Ipomea tricolor (Wikipedia) - Familia Convolvulaceae |
Convolvulus é um dos 57 géneros
em que se dividem as cerca de 1600 espécies da família botânica Convolvulaceae. O género Convolvulus no qual se inclui a Convolvulus althaeoides agrupa mais de
200 espécies, amplamente distribuídas por países de clima temperado e tropical
e importantes na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas visto que são
alimento exclusivo das larvas de várias espécies de borboletas.
A
Convolvulus althaeoides é uma pequena
herbácea de aspeto aveludado e de hábitos rastejantes ou trepadores que cresce
a partir de rizomas ramificados.
Embora incluida no rol das plantas que se
comportam agressivamente como daninhas invasoras devo dizer que nos terrenos
agricolas que rodeiam as arribas do Caniçal, tive de me esforçar para encontrar
uma escassa meia duzia de exemplares de Convolvulus
althaeoides, solitários na sua maioria e de crescimento discreto. (O mesmo
não se poderá dizer da sua congénere Convolvulus
arvensis que se mostra bastante menos inibida, como veremos posteriormente).
Os
caules da Convolvulus althaeoides,
longos, delgados e cobertos de pelos curtos, crescem prostrados ou volúveis
quase sempre apoiados noutras espécies, nas quais se enrolam procurando suporte
e acabando muitas vezes por abafá-las.
As
folhas, de um lindo tom de verde azulado, estão dispostas de forma alternada,
com um peciolo bastante visivel; têm forma triangular-ovada e são inteiras na
base da planta mas tornam-se cada vez mais recortadas à medida que sobem nos
caules.
De
março a agosto as flores surgem solitárias ou em grupos de 3 nas axilas das
folhas, no topo de um pedicelo mais comprido que o da folha axilar.
A
corola, afunilada, é formada por 5 pétalas unidas, de cor rosa forte.
O centro das
flores onde estão situados os orgãos masculinos
(androceu) e femininos (gineceu), assim como o nectário, é de um rosa mais
escuro. Os 5 estames são brancos e desiguais, com anteras lisas de cor violeta.
As
flores da Convolvulus althaeoides são
muito efémeras durando pouco mais de um dia e como todas as da sua espécie
abrem de manhã e fecham ao cair da noite, para logo serem substituidas por uma
nova flor, na manhã seguinte.
O
cálice é formado por 5 sépalas que persistem na formação do fruto; são livres mas desiguais, sobrepostas e com
margens membranosas.
Fruto imaturo (Wikipedia) Fruto com as sementes (Wikipedia) |
Os
frutos são capsulas globosas, sem pelos, maiores que o cálice e dentro da qual
se encontram as sementes, negras,
achatadas e muito enrugadas.
A
Convolvulus althaeoides surge de
forma espontânea em toda a área mediterrânica, Madeira e Canárias.
Ocorrências de Convolvulus althaeoides em Portugal continental Fonte: Flora Digital de Portugal |
Prefere os
locais soalheiros e os solos bem drenados, na beira dos caminhos, em terrenos
agricolas ou campos incultos. É facil de aclimatar e uma vez bem instalada pode
eventualmente tornar-se invasora, embora não tanto como outras espécies do
mesmo género. Em certos paises é aproveitado o seu potencial como planta ornamental,
pois a delicadeza dos seus caules e flores torna-a especialmente apropriada
para arranjos em cestos suspensos e jardins de rochas.
Convolvulus fernandesii –
endemismo português:
Dentro
do género Convolvulus podem
encontrar-se 8 a 10 espécies no nosso território. Dentre elas a espécie mais
interessante, pela sua raridade, é a Convolvolus
fernandesii porque é um endemismo português, que apenas se pode encontrar na
Serra da Arrábida, nas escarpas, entre fendas e afloramentos rochosos, no curto
espaço da costa que vai de Sesimbra ao Cabo Espichel. Esta é uma espécie
protegida ao abrigo do Estatuto Directiva de Habitats 92/43, como espécie prioritária
do Anexo II e anexo IV.
Para
mais informações sobre Convolvulus fernandesii clique em:
e também aqui
Grato, Fernanda, pela referência ao "Flora da Serra da Arrábida" e, claro, por mais uma lição. Saudações.
ResponderEliminarOlá Francisco,
EliminarFoi com muito gosto, tanto mais que acho ótima a sua ideia de dar espaço próprio à flora da Serra da Arrabida, que eu adoro. Quando morava em Lisboa estava sempre por lá aos fins de semana, agora estou mais longe o que se torna dificil! Aliás a zona oeste onde agora vivo também tem o seu encanto e não é dificil encontrar motivos de interesse por aqui.
Cumprimentos