domingo, 11 de novembro de 2012

Convolvulus althaeoides L.


Corriola-rosada
Convolvulus althaeoides L. - Familia Convolvulaceae
Uma das carateristicas das espécies da família Convolvulaceae são as suas flores, muitas vezes de cores vistosas e variadas, com corolas grandes em forma de trompeta ou funil, o que as torna facilmente identificáveis.
Ipomea purpurea  (Wikipedia) - Familia Convolvulaceae
São geralmente plantas herbáceas que, na generalidade, gozam de má fama, sendo consideradas plantas daninhas e invasoras, com tarefa difícil no que toca à sua erradicação. São consideradas daninhas apenas por se encontrarem no local errado, coitadas, pois as suas flores são de tão delicada beleza que não podem deixar de ser admiradas! Mas convém frisar que nem todas as espécies desta familia são consideradas inimigo a abater. Por exemplo, a espécie com maior destaque dentro da família Convolvulaceae e com importância económica é a Ipomea batatas, a nossa conhecida e deliciosa batata doce, consumida em quase todo o mundo, tanto por seres humanos como por animais.
Flor de Ipomea batatas = batata doce (Wikipedia) - Família Convolvulaceae
Algumas espécies da familia Convolvulaceae são ainda utilizadas como plantas ornamentais, sendo denominadas vulgarmente e de forma genérica,“Glória da manhã” pois as suas flores abrem de manhã para fecharem ao anoitecer.
Ipomea tricolor (Wikipedia) - Familia Convolvulaceae
Convolvulus é um dos 57 géneros em que se dividem as cerca de 1600 espécies da família botânica Convolvulaceae. O género Convolvulus no qual se inclui a Convolvulus althaeoides agrupa mais de 200 espécies, amplamente distribuídas por países de clima temperado e tropical e importantes na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas visto que são alimento exclusivo das larvas de várias espécies de borboletas.
A Convolvulus althaeoides é uma pequena herbácea de aspeto aveludado e de hábitos rastejantes ou trepadores que cresce a partir de rizomas ramificados.
Embora incluida no rol das plantas que se comportam agressivamente como daninhas invasoras devo dizer que nos terrenos agricolas que rodeiam as arribas do Caniçal, tive de me esforçar para encontrar uma escassa meia duzia de exemplares de Convolvulus althaeoides, solitários na sua maioria e de crescimento discreto. (O mesmo não se poderá dizer da sua congénere Convolvulus arvensis que se mostra bastante menos inibida, como veremos posteriormente).
Os caules da Convolvulus althaeoides, longos, delgados e cobertos de pelos curtos, crescem prostrados ou volúveis quase sempre apoiados noutras espécies, nas quais se enrolam procurando suporte e acabando muitas vezes por abafá-las.
As folhas, de um lindo tom de verde azulado, estão dispostas de forma alternada, com um peciolo bastante visivel; têm forma triangular-ovada e são inteiras na base da planta mas tornam-se cada vez mais recortadas à medida que sobem nos caules.
De março a agosto as flores surgem solitárias ou em grupos de 3 nas axilas das folhas, no topo de um pedicelo mais comprido que o da folha axilar.
A corola, afunilada, é formada por 5 pétalas unidas, de cor rosa forte.
O centro das flores onde estão situados os orgãos masculinos (androceu) e femininos (gineceu), assim como o nectário, é de um rosa mais escuro. Os 5 estames são brancos e desiguais, com anteras lisas de cor violeta.
As flores da Convolvulus althaeoides são muito efémeras durando pouco mais de um dia e como todas as da sua espécie abrem de manhã e fecham ao cair da noite, para logo serem substituidas por uma nova flor, na manhã seguinte.
O cálice é formado por 5 sépalas que persistem na formação do fruto; são  livres mas desiguais, sobrepostas  e  com margens membranosas.
Fruto imaturo (Wikipedia)

Fruto com as sementes (Wikipedia)
Os frutos são capsulas globosas, sem pelos, maiores que o cálice e dentro da qual se encontram as  sementes, negras, achatadas e muito enrugadas.
A Convolvulus althaeoides surge de forma espontânea em toda a área mediterrânica, Madeira e Canárias.
Ocorrências de Convolvulus althaeoides em Portugal continental
Fonte: Flora Digital de Portugal
Prefere os locais soalheiros e os solos bem drenados, na beira dos caminhos, em terrenos agricolas ou campos incultos. É facil de aclimatar e uma vez bem instalada pode eventualmente tornar-se invasora, embora não tanto como outras espécies do mesmo género. Em certos paises é aproveitado o seu potencial como planta ornamental, pois a delicadeza dos seus caules e flores torna-a especialmente apropriada para arranjos em cestos suspensos e jardins de rochas.


Convolvulus fernandesii – endemismo português:
Dentro do género Convolvulus podem encontrar-se 8 a 10 espécies no nosso território. Dentre elas a espécie mais interessante, pela sua raridade, é a Convolvolus fernandesii porque é um endemismo português, que apenas se pode encontrar na Serra da Arrábida, nas escarpas, entre fendas e afloramentos rochosos, no curto espaço da costa que vai de Sesimbra ao Cabo Espichel. Esta é uma espécie protegida ao abrigo do Estatuto Directiva de Habitats 92/43, como espécie prioritária do Anexo II e anexo IV.

Para mais informações sobre Convolvulus fernandesii clique em:
e também aqui 

Fotos de Convolvulus althaeoides - Arribas do Caniçal / Lourinhã


2 comentários:

  1. Grato, Fernanda, pela referência ao "Flora da Serra da Arrábida" e, claro, por mais uma lição. Saudações.

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    1. Olá Francisco,
      Foi com muito gosto, tanto mais que acho ótima a sua ideia de dar espaço próprio à flora da Serra da Arrabida, que eu adoro. Quando morava em Lisboa estava sempre por lá aos fins de semana, agora estou mais longe o que se torna dificil! Aliás a zona oeste onde agora vivo também tem o seu encanto e não é dificil encontrar motivos de interesse por aqui.
      Cumprimentos

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