Helminthotheca echioides
(L.) Holub = Picris echioides L.
Nomes comuns:
Erva-tábua;
picre-de-língua-de-víbora; raspa-pernas;
raspa-saias; repassage; rompe-saias;
serralha-da-rocha
Todas as flores dos capítulos de Helminthotheca echioides são liguladas |
Helminthotheca
echioides é uma
espécie da família das Asteraceae ou Compositae,
uma das maiores e mais representativas do reino Plantae. As espécies desta família distinguem-se facilmente pelas
suas inflorescências agrupadas em capítulos. Este tipo de inflorescência é
formado por muitas flores de tamanho diminuto que se agrupam de forma compacta
num só pedúnculo, aninhando-se diretamente num recetáculo em forma de disco,
parecendo constituir uma única flor; geralmente, as flores periféricas
apresentam prolongamentos unilaterais chamados lígulas os quais são semelhantes
a pétalas (flores liguladas) ao passo que as flores do centro do disco são simples,
sem prolongamentos (flores tubulosas). Esta estratégia reduz o investimento necessário
para atrair os polinizadores pois apenas uma pequena porção das flores produzem
“pétalas” beneficiando todas as outras. Contudo, na família Asteraceae também existem espécies que apresentam apenas
flores tubulosas ou apenas flores liguladas.
Exemplos de capítulos: À esquerda Helichrysum italicum - capítulos apenas com flores tubulosas À direita Pulicaria odora - capitulo com flores tubulosas no centro e liguladas na periferia |
Helminthotheca
echioides floresce durante o verão ao mesmo tempo que inúmeras espécies da mesma
família sendo, à primeira vista, difíceis de distinguir umas das outras.
Parecem todas semelhantes devido às suas flores do tipo malmequer, muitas delas
de cor amarela, como se pode conferir no Portal Flora-on.
No entanto, cada uma tem
as suas características muito próprias, embora nem sempre sejam imediatamente evidentes. As
primeiras classificações científicas basearam-se apenas nas semelhanças morfológicas
mas os novos métodos de biologia molecular permitem ter uma visão mais abrangente
e consistente com o princípio da ascendência comum. O objetivo atual é
classificar as espécies de modo a formar grupos monofiléticos, os quais devem
incluir todos as espécies do ascendente imediato comum incluindo o próprio
ascendente imediato comum. Em consequência, tem havido múltiplas alterações na
classificação das espécies. A família Asteraceae,
devido à sua imensa diversidade e semelhança morfológica é uma das mais difíceis
e tem sido um grande desafio para os cientistas.
Helminthotheca
echioides já pertenceu ao género Picris
mas recentemente foi transferida para o género Helminthotheca. O nome atualizado desta espécie é Helminthotheca echioides mas o nome Picris echioides continua valido como
basiónimo, ou seja, como primeiro nome atribuído a esta espécie.
Nota: quando uma espécie muda de género o nome do autor do basiónimo é
citado entre parêntesis, seguido do nome do autor que fez a nova combinação.
Neste caso: novo nome Helminthotheca echioides (L.) Holub; basiónimo Picris echioides L.
Os cientistas descobriram que Picris
e Helminthotheca são dois géneros
monofiléticos, isto é, embora sejam parentes muito próximos têm ascendentes imediatos diferentes.
Helminthotheca
echioides é uma espécie nativa de
Portugal continental e Madeira, Espanha e países da bacia do mediterrâneo, estando
naturalizada nos Açores e em países da Europa central e do norte, África do
sul, Austrália, Nova Zelândia e América do Norte e do sul.
Cresce abundantemente em campos agrícolas incultos ou cultivados, na borda
dos caminhos, em terrenos baldios. Gosta dos solos húmidos e perturbados os quais são
ricos em azoto.
Distribuição em Portugal Continental Fonte: Flora Digital de Portugal-Jardim Botânico da UTAD |
É uma planta herbácea, anual ou bianual que
apresenta caules eretos e ramificados de forma irregular, os quais podem chegar
aos 100 cm de altura ou mais. Os caules, estriados longitudinalmente, são
robustos, grossos e resistentes e estão cobertos com alguns pelos rígidos.
Todas as folhas são de um tom verde acinzentado e são ásperas ao toque
devido a numerosos pelos rígidos desiguais e também a alguns espinhos
dispersos. As primeiras folhas formam uma roseta ao nível do solo e apresentam
pecíolos longos e forma elíptica ou lanceolada, com margens sinuadas a
dentadas. As folhas caulinares são semelhantes às basais mas são mais pequenas
e são amplexicaules, isto é, não têm pecíolos e abraçam os caules.
As
flores estão reunidas em capítulos. Todas as pequeníssimas flores são liguladas
ou seja, todas as flores têm um prolongamento em forma de pétala e não apenas
as da periferia do disco. As lígulas são todas amarelas, de um tom dourado e
são dentadas, no extremo exterior. Todas as pequenas flores dispõem de
órgãos sexuais funcionais masculinos e femininos, respetivamente androceu e
gineceu. Os estames, com anteras cilíndricas e tubulosas, são 5 mas não são visíveis
pois os filamentos são muitíssimo curtos. Na realidade as anteras abrem quando
a flor ainda está em botão e os polinizadores banqueteiam-se com o pólen que
fica espalhado à superfície, noutras partes da flor (apresentação secundária de
pólen). Os estiletes são do comprimento dos estames e cada um apresenta dois
estigmas muito longos, cujos braços são de cor escura e que são bem visíveis
entre as “pétalas” durante a sua fase fértil.
As peças florais estão protegidas por um invólucro duplo de brácteas os
quais formam uma espécie de epicálice, morfologia esta que é característica do
género Helminthotheca e que permite
distingui-lo do género Picris. As brácteas
externas deste involucro estão separadas das internas e são ovais ou em forma
de coração (cordatas), com as margens espinhosas e a superfície coberta de
pelos duros e espessos; as internas são mais estreitas e mais compridas e tem
uma arista (uma formação delgada mas longa e rígida) na parte dorsal.
A Helminthotheca echioides floresce e frutifica de março a agosto, dependendo da disponibilidade de água no solo.
Os frutos são cípselas e consistem
num pequeno fruto com uma única semente. Estes frutos têm formato estreito e
cilíndrico, são de cor acastanhada e estão providos de papilho numa das
extremidades. O papilho ou papus é um tufo de pelos brancos, sedosos e
compridos que ajudam as cípselas a flutuar como se fossem pequenos para-quedas
pilosos, auxiliando na dispersão dos frutos pelo vento e servindo como defesa
contra a herbivoria.
Em medicina
tradicional a Heminthotheca echioides
tem sido utilizada como vermífugo, anti-inflamatório e anti-hemorrágico.
As folhas são
comestíveis mas deve ter-se o cuidado de escolher as mais jovens por serem
menos amargas.
Apresentação
secundária do pólen:
"A apresentação secundária do pólen (ASP) é uma
característica universal entre as Asteraceae".
Este é um processo especializado através do qual o pólen é apresentado aos polinizadores de forma indireta. Isto é, o pólen continua a ser produzido pelas anteras mas é transferido para outras peças florais, como os filetes, as pétalas ou os estiletes, antes da abertura da flor.
Este é um processo especializado através do qual o pólen é apresentado aos polinizadores de forma indireta. Isto é, o pólen continua a ser produzido pelas anteras mas é transferido para outras peças florais, como os filetes, as pétalas ou os estiletes, antes da abertura da flor.
Em muitas espécies o pólen é exposto aos visitantes pela própria antera mas neste sistema as anteras libertam o pólen de forma precoce, com a flor ainda em botão. Os
estames formam um tubo em torno do estilete imaturo com as aberturas das
anteras viradas para dentro. À medida que cresce e se alonga dentro do tubo
anteral o estilete arrasta os grãos de pólen para o exterior da flor onde ficam
retidos nas pétalas ou nos filetes, auxiliados por pelos, papilas ou outras
adaptações especificas. Assim o pólen é apresentado aos polinizadores na superfície
da inflorescência enquanto o estigma ainda não está recetivo, facilitando a polinização
cruzada. Posteriormente o estigma amadurece e fica recetivo, abre os seus
braços e aguarda que os insetos lhe tragam o pólen de outras plantas.
Os grãos de pólen são um investimento caro e de grande valia para as plantas pois são eles os responsáveis pela formação dos gametas masculinos e pelo transporte destes para o saco
embrionário, onde ocorrerá a fertilização.
Na apresentação secundária de pólen apenas pequenas quantidades de pólen são apresentadas de cada vez, aumentando assim as hipóteses de alcançar maior número de polinizadores. Por isso, supõe-se que a apresentação secundaria de pólen seja um comportamento que tem a ver com a economia de custos da produção, evitando o desperdício e tornando a polinização mais eficiente.
Na apresentação secundária de pólen apenas pequenas quantidades de pólen são apresentadas de cada vez, aumentando assim as hipóteses de alcançar maior número de polinizadores. Por isso, supõe-se que a apresentação secundaria de pólen seja um comportamento que tem a ver com a economia de custos da produção, evitando o desperdício e tornando a polinização mais eficiente.
Excelente.
ResponderEliminarEsta erva é optima contra a comichão ou pele irritada.
Ferva 3 ramos em 1/2 litro de água e aplique depois de esfriar.
Bom trabalho Nascimento
PORTUGAL PLAYER,
EliminarBom dia,
Obrigado pelo comentario e informacoes. Volte sempre.