Sargação; Sargaço-escuro
Cistus monspeliensis é mais uma espécie da família Cistaceae e do género Cistus. Este género inclui plantas que ocorrem de forma
espontânea no centro e sul da Península Ibérica, todo o litoral mediterrânico,
noroeste de África, sudoeste asiático e Macaronésia (Açores, Madeira,
Canárias).
Distribuição em Portugal Fonte: Jardim Botânico UTAD |
São espécies perfeitamente adaptadas ao clima mediterrânico, de
invernos chuvosos e verões quentes e secos. Crescem em vários
tipos de solo, quer sejam arenosos, graníticos ou xistosos e ocasionalmente em
solos calcários; umas preferem os solos ácidos, outras vivem melhor em solos
alcalinos; dão-se bem em lugares
sombreados pelas árvores fazendo parte de matagais e matos baixos e densos que
crescem sob coberto de pinhais.
Na generalidade, gostam de lugares solarengos e áridos, crescendo como vegetação de nível básico em clareiras abertas pelos fogos ou como resultado da degradação de bosques de carvalhos e montados.
Podemos ainda admirá-las em certas zonas do
litoral onde crescem com evidente “prazer” em encostas rochosas inclinadas para
o mar onde o solo pouco profundo não permite espécies de maior porte e onde
desempenham um papel fundamental na preservação dos ecossistemas, evitando
maior erosão dos terrenos. Ao mesmo tempo, são fonte de alimento e propiciam
refúgio a pequenos mamíferos, insetos, aves e répteis, constituindo nichos
ecológicos.
Cistus monspeliensis é um arbusto aromático de ramos
muito ramificados, primeiro eretos e depois prostrados, formando moitas densas e
arredondadas.
As folhas, rugosas e com pecíolo muito curto, são estreitas e
lanceoladas, apresentando 3 nervuras longitudinais; colocam-se de forma oposta
nos caules e as margens são frequentemente recurvadas para a página inferior. A
textura das folhas é algo resinosa e áspera, o que resulta da cobertura de pelos
glandulares que tem como função principal evitar a perda de água. Na pagina
superior das folhas os pelos são simples e escassos, estando deitados; na pagina
inferior os pelos são diminutos mas mais abundantes e estrelados, formando um
padrão reticulado (como uma rede).
As flores, embora semelhantes às de outras espécies de Cistus, são um pouco mais pequenas. A corola é constituída por 5
pétalas livres de cor branca com a unha (base) amarela.
As flores têm vida curta pois as pétalas caiem poucas
horas após a abertura, porém tal contingência é suficientemente compensada pela floração, que é muito abundante.
As flores estão dispostas em inflorescências
do tipo cimeira, posicionando-se ao longo de um eixo principal de crescimento
definido (limitado) terminando numa flor; as primeiras a abrir são as flores
que se encontram no topo da inflorescência. No caso da Cistus monspeliensis as flores estão todas posicionadas do mesmo
lado do eixo, havendo de 2 a 8 flores por cimeira.
Cada flor está ligada ao
eixo por um pedicelo de tamanho igual ao das 5 sépalas que formam o cálice; as
sépalas, com nervação avermelhada e densamente cobertas por pelos compridos
algo rígidos mas flexíveis, têm formato ovado, terminando em bico e com base em
forma de coração. Curiosamente o crescimento das sépalas do cálice continua
mesmo depois da fecundação e até o fruto atingir a maturação.
As flores, bissexuais, são polinizadas por insetos, sendo especialmente
muito procuradas pelas abelhas melíferas. Os estames, amarelos, numerosos e de
tamanho desigual, estão posicionados no centro da corola e são mais compridos
que o pistilo.
O ovário tem 5 carpelos; o estilete é muito curto e o estigma é grande e
está dividido em 5 lóbulos.
Cistus monspeliensis floresce de abril a junho e os
frutos completam a maturação em julho ou agosto.
O fruto é uma cápsula de cor castanha e globosa que se abre para deixar
sair as sementes através de fendas longitudinais. As sementes são muito
pequenas, de forma poliédrica e muito resistentes ao calor. As sementes germinam
facilmente em áreas recentemente consumidas pelo fogo pois a germinação é estimulada pelo fogo.
Os frutos secos são
muito abundantes e persistem na planta durante muitos meses mesmo depois de
abertos.
No local onde foram tiradas as fotos que
acompanham este texto, o Cistus
monspeliensis cresce associado a outras plantas xerófilas, ou seja, plantas
especificamente adaptadas à escassez de água, nomeadamente: Smilax áspera, Ruscus aculeatus, Pistacia lentiscus, Lavatera cretica, Cistus ladanifer, Cistus salvifolius, Cistus crispus, Daphne gnidium, Myrtus communis, Lonicera implexa,
juniperus phoenicia, entre outras.
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