Lava Pé
De aspecto quase banal, este arbusto por pouco me passava despercebido! Não tinha ainda conseguido identifica-lo até que, de repente no verão passado, surgiram vistosas flores, rosadas e de forma arredondada. Foi no pequeno planalto situado junto às arribas do Praia do Caniçal que encontrei vários exemplares desta espécie tão interessante.
É uma zona de solo argiloso, povoada essencialmente por espécies arbustivas e onde correm dois pequenos riachos que com o tempo foram escavando e aprofundando o seu leito. Chegam ao mar desaguando directamente na praia. Para além dos matagais, os terrenos são cultivados com searas forrageiras.
Os arbustos de Cheirolophus sempervirens estão quase todos implantados nas margens inclinadas de um dos córregos.
Embora esteja representada em vários locais do nosso país as informações sobre a morfologia desta espécie em particular, são muito escassas.
Assim, observando os exemplares do Caniçal pude constatar que são arbustos relativamente baixos, lenhosos e perenes, conservando as folhas durante o inverno.
As folhas são inteiras, estreitas, lanceoladas e sem pelos.
As flores parecem pompons, reunindo-se em inflorescências do tipo capitulo, com todas as flores com corola tubulosa e de cor rosada. Aparecem no verão, de junho a agosto e são morfologicamente semelhantes às da Centaurea, embora com a corola mais "farfalhuda".
Fotos - Arribas da Praia do Caniçal/Lourinhã
Os frutos são aquénios ou seja, são semelhantes a frutos secos e mantêm-se fechados mesmo após a maturação completa. A dispersão é geralmente feita pelas formigas ou por ação da gravidade.
Os arbustos da espécie Cheirolophus sempervirens ocorrem nas regiões mediterrânicas e nas ilhas da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo verde). Outras espécies do género Cheirolophus são endémicas de Malta mas existem registos da diminuição progressiva de exemplares, situação esta que começa a ser preocupante.
Cheirolophus sempervirens, conhecido vulgarmente como Lava Pé, pertence ao género Cheirolophus que inclui 12 espécies de plantas arbustivas e que por sua vez faz parte da grande familia das Asteraceae. Parece complicado mas a verdade é que, devido à grande variedade de características, as plantas classificam-se cientificamente de forma um pouco complexa. No caso da planta de que tratamos hoje, a classificação é a seguinte:
Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Magnoliopsida
Ordem Asterales
Família Asteraceae ou Compositae
Género Cheirolophus
Espécie Cheirolophus sempervirens
A Cheirolophus sempervirens é, pois, um arbusto da família botânica das Asteraceae ou Compositae à qual pertencem também plantas bem nossas conhecidas como por exemplo os malmequeres. Constitui uma das maiores famílias de plantas que dão flor, com cerca de 25.000 espécies, divididas em mais de 1.500 géneros e compreendendo plantas herbáceas, trepadeiras e arbustos. As Asteraceae ou Compositae reconhecem-se muito facilmente devido às suas flores compostas, as quais estão reunidas numa inflorescência do tipo capítulo. Resumindo, aquilo que à primeira vista parece uma flor completa, mais não é que um conjunto de pequenas flores inseridas num receptáculo em forma de disco e cercadas por um conjunto de brácteas que parecem pétalas.
As plantas desta família botânica têm uma importância ecológica bastante considerável uma vez que ocorrem desde as regiões polares até aos trópicos e desde os desertos secos até às florestas húmidas e às montanhas mais altas.
Economicamente também têm importância relevante dado que muitas das plantas domesticadas que incluímos na alimentação humana pertencem a esta família.
Fotos - Arribas da Praia do Caniçal/Lourinhã
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