"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





sábado, 30 de junho de 2018

Tropaeolum majus L. (com video)

Para ver o video clique AQUI
Nomes comuns:
Capuchinha; chagas; chagueira; mastruço-do-Perú; nastúrcio

Por esta altura do ano crescem as chamadas capuchinhas, em parques e jardins; mas também em aterros, baldios e beira dos caminhos. Muitos cultivam-na na horta onde atrai algumas pragas, protegendo assim a safra de legumes. Não esquecendo, porém, os cuidados necessários inerentes à sua tendência invasora em locais onde se sente bem…

Revisitamos hoje esta espécie ornamental, comestível e medicinal.
Para além do texto e fotos disponíveis nesta página também pode observar esta planta em video AQUI 





De nome científico Tropaeolum majus, mas mais vulgarmente conhecida como capuchinha ou chagas, esta é uma espécie que se supõe ser originária da América do Sul, provavelmente da região andina que abrange os territórios que vão da Bolívia à Colômbia. Contudo, encontra-se naturalizada em muitos outros locais do globo, desde a América do Norte à Austrália, passando pelo continente europeu e Macaronésia (ilhas atlânticas, nomeadamente Açores, Madeira, Canarias e Cabo Verde).


Esta espécie pertence à família Tropaeolaceae a qual se divide em três géneros, um dos quais é o Tropaeolum, com cerca de 80 espécies, que inclui a Tropaeolum majus. Aparentemente a Tropaeolum majus começou por ser uma planta cultivada e foi em tempos bastante apreciada em jardins. Perdida a popularidade e a preferência como planta ornamental, quis ainda assim, continuar a ser útil, ultrapassou barreiras e naturalizou-se em espaços não confinados. Hoje em dia pode ver-se esta espécie crescendo de forma espontânea, na proximidade dos campos de cultivo, sendo aproveitada pelos agricultores para proteger as suas plantações pois ela serve de hospedeira a certas pragas e repele outras.


Na generalidade, esta espécie floresce e frutifica durante a primavera e o verão. Contudo adapta-se com tanta facilidade a certos tipos de climas que pode florescer durante a maior parte do ano, frequentemente assumindo um comportamento invasor. Nestes casos é conveniente tomar medidas que controlem a expansão da planta.
Noutras regiões esta espécie é muito apreciada e cultivada, não só pelas suas flores mas também pelas folhas pois ambas são comestíveis. Podem confecionar-se deliciosas saladas frias tanto com as folhas como com as flores as quais também se usam na decoração da finalização dos pratos. Não só são decorativas como também exalam um aroma agradável e muito característico. O sabor é ligeiramente apimentado, com um travo a agrião.


Tropaeolum majus tem também excelentes propriedades terapêuticas, podendo ser utilizadas todas as partes da planta, excepto a raiz. A planta é muito rica em vitamina C e tem propriedades bactericidas, digestivas, sedativas e expetorantes, sendo indicada para problemas pulmonares e digestivos, escorbuto e afeções da pele. Porém nunca é demais lembrar que o consumo deve ser regrado pois todas as plantas têm o seu grau de toxicidade, sendo nocivas em caso de exagero.


Tropaeolum majus é uma planta anual, herbácea, de hábito rastejante ou trepador, com guias que podem atingir 1 metro ou mais, providas de pecíolos foliares que funcionam como gavinhas. Os caules, de cor verde claro são carnudos, ocos e cilíndricos, sem pelos, de aspeto quase polido. A planta é pouco ramificada, sendo que geralmente só ramifica na base e não nos caules.

A planta forma uma raíz avermelhada e longa mas pobre em ramificações pelo que se torna fácil arrancar a planta. No entanto cada pedaço de raiz que se parta e fique no solo, irá certamente enraizar e dar origem a uma nova planta.

As folhas, de cor verde azulado, são numerosas, alternas, simples, de margens ligeiramente lobadas e onduladas; têm forma circular e ligam-se perpendicularmente ao caule através de um longo pecíolo, mais ou menos no centro do limbo; as veias são bem visíveis e irradiam do centro para o exterior da folha.

As flores, muito vistosas, são solitárias e crescem na axila das folhas, no topo de longos pedúnculos. Corola e cálice exibem tons de amarelo, laranja e vermelho e são lisas ou com manchas acastanhadas ou de cor púrpura.
No seu conjunto, as flores são compostas por 5 pétalas (corola), 5 sépalas (cálice) e órgãos reprodutivos masculinos e femininos funcionais.


As pétalas são desiguais: as duas pétalas superiores são ovais, fundem-se com as sépalas que lhe estão adjacentes e exibem veios longitudinais de cor mais escura. As três pétalas inferiores são livres, mais arredondadas, estreitando-se profundamente na parte inferior do limbo, sendo as gargantas decoradas com franjas perfeitamente visíveis a olho nu.


As sépalas, fundidas na base, são também distintas: as três sépalas superiores são maiores e são também decoradas com veios de cor mais escura, tal como as pétalas superiores. Uma delas, prolonga-se para a retaguarda em forma de esporão comprido, direito ou ligeiramente encurvado, que funciona como reservatório para o néctar que a planta oferece aos agentes polinizadores. As restantes duas sépalas são lisas e mais pequenas.


Os órgãos reprodutivos consistem num pistilo central com um estigma dividido em 3 partes, rodeado por 8 estames livres e tamanho desigual, com grossos filamentos arqueados e grandes anteras.


O ovário é súpero, isto é encontra-se sobre o recetáculo e sobre o ponto de inserção das outras partes florais, cálice, androceu e corola e é trilocular, dando origem a frutos carnudos, formados por 3 mericarpos que se separam na maturação, sendo disseminados essencialmente pelo vento.



Fotos - Serra do Calvo / Lourinhã



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Papaver rhoeas L. com video

Video disponível AQUI
(um mar de cor vermelha entre alfaces e cebolas, no quintal do meu vizinho)

Nomes comuns:
Papoila; Papoila-brava; Papoila-das-searas; 
Papoila-ordinária; Papoila-rubra; Papoila-vermelha; 
Papoila-vulgar; Papoula; Papoula-ordinária


A família botânica das Papaveraceae divide-se em 19 géneros um dos quais é o género Papaver ao qual pertencem as 22 espécies de papoilas. Destas, apenas um pequeno número cresce espontaneamente em Portugal, como é o caso da Papaver rhoeas que se pensa ser originária do sul europeu, norte de África e Ásia temperada, mas que hoje em dia se distribui praticamente por todo o hemisfério norte.

Podemos encontrar a Papaver rhoeas quer em terrenos cultivados quer incultos, geralmente associada a culturas cerealíferas, mas não só. Uma coisa é certa, mostra grande preferência por terrenos remexidos os quais são muito ricos em azoto.

Desenvolve-se de forma mais abundante nas primaveras húmidas que se seguem a invernos secos e ensolarados.
Esta espécie é considerada erva daninha pelo que tem sido repetidamente dizimada por pulverizações de herbicidas seletivos, feitas pelos agricultores.

Ainda assim, podemos vê-la por esta época do ano, teimosamente alegrando os campos de pousio e a beira dos caminhos, baloiçando as suas delicadas corolas vermelhas ao sabor do vento. É que, felizmente, a papoila é muito persistente, não se deixando abater facilmente. Para isto contribui o facto de produzir muitas sementes as quais permanecem adormecidas no solo durante largos anos, aguardando as condições mais favoráveis para germinarem.

Papaver rhoeas é uma planta herbácea, anual, revestida de pelos muito rígidos e bem visíveis embora não muito densos.

Esta planta cresce em tufos com cerca de 10 a 50 ou 60 cm de altura. Os caules são eretos ou ascendentes e mais ou menos ramificados.

As folhas, bastante recortadas, são compostas por vários segmentos grosseiramente dentados, os quais terminam numa ponta aguda e se apresentam divididos umas vezes até ao meio do semi limbo e outras até à nervura mediana; o segmento terminal é geralmente maior que os laterais; a nervura mediana é bastante espessa e as nervuras secundárias são mais ou menos paralelas entre si.

Quando quebrados os caules exsudam uma secreção esbranquiçada chamada latex que a planta utiliza para ajudar na cicatrização da ferida.

As flores da Papaver rhoeas são grandes, solitárias e crescem sobre um pedúnculo longo e fino.
O cálice é formado por 2 sépalas que caiem quando a flor abre.

A corola é formada por 4 pétalas vermelhas, arredondadas e com aspeto de papel de seda amarfanhado.

Geralmente as pétalas apresentam uma mancha escura na base.

A flor dispõe de órgãos reprodutores masculinos e femininos. O androceu (órgão masculino) apresenta numerosos estames com filamentos filiformes e anteras produtoras de pólen, castanhas ou amareladas.

O ovário não apresenta estilo e o estigma, área onde o grão de pólen inicia a germinação, assemelha-se a um disco, com vários raios.

As papoilas florescem de março a junho ou julho. O fruto é uma cápsula mais comprida que larga, de forma ovoide cilíndrica.
As pequenas sementes são libertadas através de poros que se abrem na tampa da cápsula a qual apresenta vários sulcos lineares.

Devido às suas propriedades calmantes as flores e folhas da Papaver rhoeas têm sido utilizadas em medicina alternativa desde tempos remotos, sendo usadas no tratamento de vários males desde constipações a distúrbios nervosos. Tendo em conta que também se usa em mezinhas caseiras vem a propósito lembrar que a ingestão de tisanas, xaropes ou outros preparados feitos à base de partes da Papaver rhoeas deve ser feita sob supervisão adequada, uma vez que é conveniente respeitar certas dosagens. Por vezes pensamos que por ser natural não há problema mas a verdade é que a partir de certas quantidades a maioria das plantas espontâneas são tóxicas.

As pétalas da papoila possuem propriedades corantes sendo usadas para dar cor a tisanas, medicamentos e certos vinhos.

As sementes de papoila maduras e torradas, são muito apreciadas como condimento em pães e bolos, quer isoladamente quer em mistura com outras sementes.

Foto de Atelierjoly

Apesar do que alguns possam pensar, nem todas as papoilas têm algo a ver com a produção de ópio. Na realidade, de todas as espécies de papoilas, apenas a lindíssima Papaver somniferum é utilizada para a sua produção. Esta espécie é originária da Ásia Menor e é cultivada naTurquia, China, Índia, Irão e sudoeste asiático, entre outros. O ópio é extraído do látex existente nas cápsulas de sementes, antes de atingirem a maturação.

Fotos: Serra do Calvo / Lourinhã



quinta-feira, 7 de junho de 2018

Iris foetidissima L. (com video)

Iris foetidissima L.

Iris foetidissima é uma daquelas plantas nativas que se adaptam de forma perfeita a qualquer tipo de jardim. As folhas são de um verde lustroso e são longas, estreitas mas de textura rija pelo que formam belos tufos, grandes e persistentes. 
As plantas são rizomatosas e crescem em qualquer tipo de solo, ácido, alcalino ou neutro desde que tenham boa drenagem. Dão-se bem em situações de meia sombra seca, nomeadamente debaixo das árvores.
Florescem por volta do mês de maio. As flores são típicas das iris mas devido à suavidade das cores e ao tamanho das pétalas não são tão vistosas como estamos habituados a ver noutras espécies do mesmo género. No entanto, na fase de frutificação as plantas são espetaculares pois as sementes gordinhas de cor laranja-avermelhada dão muita cor e interesse ao jardim durante todo o inverno.


Esta planta é recomendada para zonas de clima temperado e foi galardoada pela Royal Horticultural Society (RHS).

O vídeo do canteiro desta iris que filmei no meu jardim, talvez se lhe sirva de inspiração:

Video acessível clicando AQUI

Nota: o vídeo é falado em inglês mas a tradução para português está disponível por baixo do vídeo, na caixa de descrição.

Aliás, neste mesmo blogue pode obter informações mais detalhadas sobre esta planta. Recomendo que aceda à página respetiva clicando AQUI.