"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





domingo, 6 de fevereiro de 2011

JUNIPERUS phoenicea

Nomes comuns:
Sabina-da-praia, zimbreira, zimbreiro, zimbro-das-areias


O Juniperus phoenicea é uma conífera pertencente à família biológica Cupressaceae, que se distribui pela zona mediterrânica e Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde). Nas zonas litorais de Portugal floresce nos finais do Inverno, de Dezembro a Março.

É uma uma espécie espontânea que se dá bem em terrenos secos e quentes. Resiste bem à seca, às geadas e ao frio. Não é exigente, pois contenta-se com qualquer tipo de solo. É frequente em solos rochosos ou arenosos litorais. Possui um sistema de enraizamento profundo sendo por isso muito resistente ao vento, protegendo desta forma os solos rochosos e arenosos, facilitando a fixação das areias litorais.

É um arbusto perene de crescimento  lento, mas de grande longevidade. Pode atingir mais de 2 metros de altura mas nas zonas litorais vê o seu desenvolvimento restringido pela acção dos ventos fortes, assumindo por vezes um porte rasteiro e até rastejante.  
Propaga-se unicamente por semente.

Esta planta tem flores femininas e masculinas distintas, reunidas num mesmo pé. As flores masculinas têm forma ovalada e dispõem-se em cones nas extremidades dos ramos, com 5 ou 6 pares de escamas ou seja, pequenas lâminas delgadas, coriáceas, mais ou menos planas. As femininas são globosas e situam-se nos raminhos laterais, com 6 a 8 escamas, cada uma delas com um óvulo, que origina o fruto.

As folhas são também muito peculiares. São as únicas Coníferas que, quando adultas, têm ora folhas aciculares (agulhas), ora escamiformes (escamas), ora ambas simultaneamente, enquanto que a sua folhagem juvenil, que é rara,  é exclusivamente acicular. Estas agulhas são quase sempre verdes na sua face inferior mas apresentam na face superior, 1 ou 2 bandas de estomas (pequenas aberturas na epiderme das folhas pela quais se efectuam as trocas gasosas com a atmosfera) de um branco aveludado, o que confere, de longe, uma aparência cinzenta ou azulada.
Os frutos são pequenos cones constituídos por escamas carnudas e unidas entre elas, formando pequenas bolas, os gálbulos, maduros somente no segundo ano. São de cor verde-amarelada quando jovens, tornando-se castanho-avermelhados quando amadurecem. Cada fruto contém entre 3 a 9 sementes.
O nome específico, phoenicea, significa vermelho, talvez em referência à cor dos frutos.
A madeira é compacta, de grão fino, muito resistente, de cor branco-amarelado e muito aromatica. É excelente para fabricar carvão, o que sem dúvida tem motivado a escassez de exemplares bem desenvolvidos. Às vezes cultiva-se como ornamental.
Fotos de Juniperus phoenicea: Caniçal/Lourinhã

SOBRE AS ARRIBAS DO CANIÇAL


A praia do Caniçal,  situada a 7 Km da Lourinhã, é uma arriba estratificada com fósseis de dinossauros. Apresenta inclinação das camadas inicialmente horizontais e deformação do relevo, como se pode observar nas fotos.


As arribas que se situam entre as praias de Santa Cruz e de S. Bernardino, das quais o Caniçal faz parte,  são um extraordinário testemunho das profundas transformações geológicas que há 200 milhões de anos originaram a separação que deu origem aos actuais continentes.

Dessas convulsões resultaram as condições naturais e ambientais propícias à existência de grandes grupos de dinossauros, o que levou a que, esta zona litoral do Oeste contenha hoje em dia, um valorosíssimo repositório de vestígios paleontológicos. De facto, as camadas de terrenos argilosos cinzentos e avermelhados resultaram de depósitos sedimentares de onde equipas de investigadores retiraram numerosos fósseis, de onde se destaca um conjunto de ovos de terópodes, actualmente em exposição no interessante Museu da Lourinhã.

As arribas desta zona são constituídas por solos brandos, como margas, argilas e arenitos, com origem no jurássico superior. O facto de as arribas serem constituídas por rochas pouco densas facilita a erosão mais acelerada das mesmas, através dos ventos forte-moderados do Norte, próprios desta zona, ou das tempestades que se verificam com o vento sul.

As arribas constituem um importante refúgio e local de nidificação para as aves, pois os ninhos aqui estão protegidos dos predadores. São  também habitat muito importante para varias espécies vegetais, muitas delas endemismos de distribuição restrita e por isso de elevado valor. No entanto, as arribas são meios muito instáveis  devido à salinidade ambiente e também à forte acção dos ventos e exposição solar.
Para sobreviver em meio tão adverso, as plantas tiveram de se adaptar e para tal, sofreram modificações morfológicas, anatómicas e fisiológicas. Por exemplo, no que diz respeito às folhas, estas tornaram-se frequentemente cilíndricas, muito recortadas ou com reservas de água. Como medida de poupança de recursos, algumas plantas reduzem-se a uma roseta basilar durante a maior parte do ano, só emitindo um escapo florífero num pequeno período do ano.
Fotos: Arribas do Caniçal/Lourinhã


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