Catacuzes-do-Norte
Da primavera ao outono, a face interior das dunas do Areal Sul, na Areia Branca, veste-se de púrpura. As Rumex bucephalophorus, de nome comum Catacuzes-do-norte, germinam na primavera e espalham-se pelas dunas, sobressaindo pela sua cor avermelhada.
Estas plantas pertencem à família das Polygonaceae que inclui cerca de 1200 espécies constituídas por ervas, arbustos, algumas árvores e trepadeiras. Muitas são conhecidas como ervas daninhas mas várias espécies desta família são cultivadas como plantas ornamentais.
É uma erva nativa da Península Ibérica e Mediterrâneo, tendo sido introduzida um pouco por todo o hemisfério norte. Prefere solos ácidos mas também se dá bem em solos alcalinos ou neutros. Tanto prospera em solos arenosos e secos do litoral, suportando bem a exposição aos ventos marítimos, como em solos mais pesados e húmidos. É uma infestante de certos campos cultivados, como por exemplo searas de trigo. É, pois, uma planta muito variável e com grande facilidade de adaptação.
Esta erva faz parte da dieta das larvas de várias espécies de lepidópteros (borboletas).
A Rumex bucephalophorus é uma planta herbácea muito variável, algumas vezes perene mas normalmente de ciclo vegetativo anual.
A raiz é primária podendo estar dividida mas não ramificada, mergulhando fundo para ir buscar humidade e nutrientes.
Cada planta tem um ou mais caules, dispersos e delgados, que se ramificam desde a base e podem ir até aos 30 cm de comprimento. São eretos e ascendentes.
As folhas são alternadas e inteiras, ovais ou lanceoladas, de 1 a 2 cm de comprimento, as inferiores em forma de espátula, as superiores em forma de lança e peludas.
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Exemplo de uma ócrea de uma espécie da mesma família (Polygonum lapathifolium) |
A base das hastes apresenta uma espécie de bainha membranosa que as liga ao caule, chamada ócrea, muito pequena e difícil de ser vista e que é uma das características da plantas da família das Polygonaceae.
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Foto de Krzysztof Ziarnek, Kenraiz Fonte Wikimedia commons |
Cada semente é uma pequena cápsula, de cor parda, com aspeto de fruto seco, com três lados providos de dentes curvos.
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Rumex bucephalophorus Ilustração de Hyppolite Coste Flore descriptive et illustrée de la France, de la Corse et des contrées limitrophes, 1901-1906 |
As folhas desta planta são muito apreciadas em culinária para acompanhar saladas, devido ao seu sabor ácido. Também se usam para aromatizar cozidos e estufados. No entanto devemos ter atenção, já que estas plantas são ricas em ácido oxálico, devendo ser consumidas com parcimónia. O ácido oxálico impede a absorção de alguns minerais como é o caso do cálcio, causando assim carência de nutrientes no organismo. O conteúdo em ácido oxálico pode ser reduzido se a planta for cozinhada. Pessoas com tendência para reumatismo, artrites, gota, pedra no rim ou hiperatividade, devem ter especial cuidado e evitar incluir esta planta na sua alimentação, para não agravar os sintomas.