Trifolium repens é uma das plantas silvestres mais conhecidas, muito vulgar em lameiros, terrenos cultivados, margens dos rios e caminhos, frequentemente formando tapetes densos.
Em muitas situações é considerada uma planta invasora causando alguns problemas de difícil solução, principalmente quando aparece sem ser convidada ao misturar-se com as relvas dos nossos jardins. Em contrapartida, há regiões onde esta espécie e outras semelhantes, são cultivadas extensivamente e usadas para alimentar o gado. Sob certas condições, esta é também uma espécie que traz certos nutrientes ao solo pelo que muitas vezes é cultivada e enterrada em verde, antes da floração, servindo como adubo.
Sendo uma planta muito florífera, o Trifolium repens é uma boa fonte de néctar para as abelhas que o incluem na preparação de mel.
Esta espécie, originária da Eurásia, distribui-se por toda a Europa, tendo sido introduzida na América do norte, sul da África, Austrália e leste asiático onde se naturalizou. Especificamente no que diz respeito ao nosso país, podemos encontrá-la em todo o território.
Pertence às Fabaceae, uma das maiores famílias botânicas também conhecida por Leguminosae e que compreende cerca de 20.000 espécies divididas em mais de 700 géneros. O género Trifolium possui mais de duzentas espécies diferentes de plantas similares que são vulgarmente conhecidas como trevos. Embora existam algumas destas espécies que apresentam 4, 5 e até mais de 20 folhas, as mais conhecidas nas nossas regiões temperadas são as que apresentam apenas três folhas. Perante este conhecimento, a crença popular que nos diz ser motivo de sorte encontrar um trevo de 4 folhas só é válido quando se trata de o encontrar entre trevos de 3 folhas …
O Trifolium repens é exigente em termos de luz solar e é sensível à seca, provavelmente por ter raízes superficiais, não sendo de estranhar que os tapetes de trevo do Areal Sul tenham vida curta, secando quando chega o verão e acabam as chuvas. Por outro lado, tendo em conta que esta planta é pouco tolerante à salinidade não deixa de ser interessante que continue a brotar, teimosamente, tão perto da praia. Apesar de tudo, a persistência do trevo branco parece encontrar-se assegurada pelo processo de enraizamento através de estolhos ou seja, caules que crescem paralelamente ao chão, produzindo gemas de espaço em espaço para dar origem a novas plantas. Paralelamente, a planta produz muitas sementes das quais quase 80% são duras e permanecem no solo como reserva até serem necessárias para substituir as plantas perdidas.
O Trifolium repens é uma pequena planta perene, totalmente sem pelos ou com pelos raros, de porte rasteiro, sendo formada por caules rastejantes de crescimento lento e que facilmente enraízam na zona onde os nós dos caules tocam no solo. Os caules podem atingir 50 cm de comprimento.
As folhas são alternadas, com pecíolo, com raros ou nenhuns pelos, com 3 folíolos arredondados, de recorte suavemente denteado de 1 a 3 cm de comprimento, por vezes com uma mancha mais clara. Nos nós, embainhando o caule, surgem 3 estipulas de extremidades livres.
As flores brotam das axilas das folhas sobre pedúnculos compridos e agrupam-se em cachos globosos contendo um número variável de flores perfumadas, brancas ou maculadas de rosa.
A corola de cada flor tem 5 pétalas persistentes unidas num tubo, uma maior externa e superior que cobre duas pétalas laterais e duas internas, inferiores e unidas.
As sépalas que formam o cálice são brancas raiadas de verde e têm 5 dentes desiguais triangulares ou lanceolados, os quais se dividem na metade superior.
Esta espécie floresce a partir de março.
Os frutos são pequenas vagens encerradas nas flores secas. As vagens contêm 3 ou 4 sementes minúsculas de cor amarelada e formato arredondado.
Fotos - Areal Sul - Areia Branca/Lourinhã
segundo uma pesquisa essa especie consegue se comunicar uma com as outras.
ResponderEliminarSim, parece estar provado que certas plantas, incluindo o Trifolium repens se comunicam em caso de perigo, enviando sinais através de substâncias químicas que libertam na atmosfera, o que possibilita às outras plantas em redor poderem acionar certos mecanismos de defesa. Numa tal situação de emergência, em espirito de equipa, as plantas fortalecem-se quer segregando substancias repelentes ou toxicas que afastam os inimigos ou atraindo predadores para ajudar na sua defesa. Inclusive parece que as plantas conseguem fabricar os seus próprios analgésicos. Mas não só, parecem existir variadíssimas formas de defesa a nivel dos ecossistemas, fica aqui o mote para um dos meus próximos “posts”.
ResponderEliminaresta especie é muito utilizada pelo famoso japonês Masanobu Fukuoka na sua quinta onde pratica uma agricultura que ele chama selvagem da não acção.
ResponderEliminarOlá Sérgio,
ResponderEliminarConheço a filosofia do regresso às origens aplicada à agricultura por Masanobu Fukuoka mas desconhecia que ele usava esta espécie.
Grata pela informação.
Cumprimentos
Fernanda