"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Helichrysum italicum (Roth) G.Don subsp.picardii (Boiss. & Reut.) Franco

Perpétua-das-areias; erva-caril



  

O Helichrysum italicum picardii é uma espécie da família das Asteraceae/Compositae e do género Helichrysum o qual inclui cerca de 500 espécies nativas da Europa, África, Ásia e Australia. É um género muito heterogéneo e não consensual, tendo algumas das espécies sido reclassificadas, especialmente as espécies australianas.

A espécie Helichrysum picardii distribui-se por todo o sul da Europa, sendo uma planta característica de climas mediterrânicos.
É uma planta vivaz de base lenhosa que forma um pequeno arbusto de cerca de 25 a 50 cm de altura. Os caules do Helichrysum picardii são geralmente angulosos, ascendentes, ramificados e revestidos de pelos, os quais são usados pela planta para refletir a luz solar e assim encontrar algum alívio, protegendo-se da excessiva luminosidade.
As folhas, de cor verde acinzentado nas duas faces devido aos pelos moles que formam uma espécie de enfeltrado,  são alternas, inteiras, lineares, muito estreitas e alongadas. Este tipo de folhas resulta da adaptação às condições agrestes do habitat onde vive, evitando a perda de água por transpiração.


Da forma caraterística da família Asteraceae/Compositae, as flores estão agrupadas em capítulos, sendo que as pequenas florinhas que os compõem são todas de forma tubulosa e de cor amarela. De notar que as flores marginais são femininas e as do disco (recetáculo) são masculinas e femininas.
Esquema de um capítulo em que todas as flores são tubulosas

No caso particular do Helichrysum picardii os capítulos reunem-se em corimbos densos, isto é, em cachos em que os capítulos se situam mais ou menos ao mesmo nível.
Esquema de um corimbo em que os capítulos estão reunidos densamente



O invólucro é pequeno e oblongo-cilindrico e revestem-no três camadas de brácteas imbricadas (sobrepostas como as telhas de um telhado).

A planta floresce e frutifica de maio a setembro.
As flores são polinizadas por insetos, tanto mais que as plantas deste género são fonte de alimento para várias espécies de borboletas.
Os seus frutos caiem pela acção da gravidade, espalhando-se no solo perto da planta mãe;  estes são cipselas de cor castanha, muito pequenos, com papilho de pelos brancos, curtos e ásperos.

Em Portugal, o Helichrysum italicum picardii é uma espécie bastante comum nos solos arenosos das dunas do litoral, onde por vezes constitui a vegetação dominante. Contudo, em muitos países é já uma espécie em vias de extinção em algumas regiões, tendo ganho o estatuto de protegida, como é o caso da França. Muitas vezes é cultivada como planta ornamental pois é uma planta aromática de folhagem e flores muito vistosas. Também é usada frequentemente em “pot-pourris” e em arranjos de flores secas, beneficiando do facto de manter as suas cores mesmo depois de seca, o que está na origem do nome popular “perpétua-das-areias”.

O nome científico que designa o género Helichrysum refere-se às suas flores amarelas e deriva do grego “helikhrusos” (“hélix” que significa espiral e “Khrusos” que significa ouro). 

Embora esta espécie seja conhecida por erva do caril ou “curry plant”, a verdade é que apesar do intenso aroma a caril, o sabor não tem nada a ver com o caril indiano. O verdadeiro pó de caril é uma mistura de especiarias que na generalidade pode incluir sementes de mostarda, pimentas, malaguetas, coentros, gengibre, canela, cominhos, açafrão, cardamomo, noz- moscada, alecrim etc.



Sinónimos:
Helichrysum stoechasvar. serotinum (Boiss.) Batt.
Helichrysum stoechas var.fontanesii (Cambess.) Batt.
Helichrysum serotinumsubsp.picardii (Boiss.& Reut.) Galbany& al.
Helichrysum picardiiBoiss. & Reut.
Helichrysum stoechasvar.serotinum (Boiss.) Batt.


Basónimo:(Nome cientifico já em desuso, mas válido como sinónimo)
Helichrysum picardi.(Boiss.&Reuter)

Fotos: Dunas do Areal Sul/Praia da Areia Branca-Lourinhã


8 comentários:

  1. Trabalho magnifico, muito obrigado.

    Ricardo Xavier

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    1. Eu é que agradeço a visita e também o estimulo que me dá.
      Cumprimentos
      Fernanda

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    2. Boa tarde! Será esta planta também conhecida como Alfacinha do Mar? Ando à procura dela. Pode ajudar-me? Obrigada

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    3. Olá "Unknown"
      A alfacinha do mar que eu conheço não é uma planta terrestre mas sim uma alga maritima do tipo comestivel. Pode obter mais detalhes ligue-se ao link seguinte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alface-do-mar
      Espero que esta seja a informação que pretende.
      Cumprimentos
      Fernanda

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  2. Adorei este trabalho, magnifico.
    De visita a Tomar uma amiga ofereceu me uma planta.
    O cheiro intenso a caril associei a possibilidade de poder ser utilizada na alimentação... será que sim? Obrigada em esclarecer.

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  3. Ola Lena Monteiro,
    O cheiro e realmente a caril mas o sabor nao tem nada a ver. O verdadeiro caril e uma mistura de especiarias cuja composicao varia de regiao para regiao. Contudo, nada obsta a que experimente esta especie como condimento. Nao garanto o resultado pois nunca experimentei, mas quem sabe se nao tem uma agradavel surpresa?
    Cumprimentos

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  4. Hola Fernanda: gosté muito do seu trabalho, eu moro em Huelva,e aquí as dunas sao todas pobladas desta planta que perfuma o ambiente nas psosimidades das praias....
    Na etimología acho que ten que corregir uma coisa: a primeira parte (heli) proviene da palabra grega elix-elikós que significa: en espiral, torcido, retorcido,...nao é do nome do sol como estás a dizer, e a segunda parte e crisos, que é ouro en griego antigo, portanto o nome completo etimológicamente sería: ouro retorcido, mais o menos.
    Con os meus comprimentos.
    Manuel Mendoza.

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    1. Olá Manuel,
      Agradeço o seu comentário e a correção será feita. Obrigada e cumprimentos.

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