Eryngium maritimum é uma espécie nativa do continente europeu. É relativamente abundante nas zonas costeiras de Portugal, vivendo na primeira linha dos sistemas dunares, onde as areias são mais instáveis. Pode, no entanto, ser também observada em locais mais recuados, onde as areias estão mais estabilizadas.
Esta planta, com características semelhantes aos cardos (ver aqui), desenvolveu inúmeras adaptações às condições agrestes do seu habitat, em que a proximidade do mar origina amplitudes térmicas que vão do sol escaldante ao frio cortante, luminosidade excessiva, ventos fortes carregados de partículas de sal, escassez de nutrientes e reduzida disponibilidade de água.
Nesta conformidade, o profundo e forte sistema radicular do Erygium maritimum permite-lhe sobreviver soterrado na areia enquanto as suas folhas espinhosas e coriáceas, cobertas por uma camada cerosa, evitam as perdas de água.
O Eryngium maritimum é uma planta herbácea, perene, de aspeto robusto mas relativamente baixa, desenvolvendo-se a partir de uma roseta basal. Os caules, estriados e por vezes com algumas manchas avermelhadas, são ascendentes e ramificados. As folhas, de margens denteado-espinhosas como as do azevinho, estão cobertas por uma cobertura cerosa que lhe dá a característica cor verde-água ou cinzento-azulado e as protege da desidratação e dos efeitos erosivos da areia.
As flores, de cor azul-vivo, são minúsculas e encontram-se agrupadas em capítulos, formando cabeças florais compactas e globosas, muito atrativas para as abelhas e outros insetos.
Cada pequena flor. que constitui uma cabeça floral, é rodeada por um cálice composto por 5 sépalas estreitas e eretas, maiores que as pétalas.
As cabeças florais estão rodeadas de brácteas largas e espinhosas que se assemelham às folhas.
O Eryngium maritimum pertence à família botânica das Umbeliferae/ Apiaceae e ao género Eryngyum o qual inclui cerca de 230 espécies, nativas de prados ou áreas rochosas e costeiras. Muitas das espécies são usadas como plantas ornamentais em jardins, tirando partido da sua folhagem e inflorescências, de cores muito decorativas. É de notar que as plantas deste género não apresentam as inflorescências carateristicas da família das Umbeliferae/ Apiaceae (ver aqui). Isto é, em vez de inflorescências do tipo umbela, semelhantes a um guarda-chuva, as espécies Eryngium apresentam as flores reunidas em capítulos oblongos ou semi-esféricos.
Muitas espécies do género Eryngium são comestíveis além de que, pelas suas reconhecidas propriedades medicinais, têm sido utilizadas desde tempos imemoriais como diurético e anti-inflamatório. Em qualquer dos casos devem ser consumidas com muita precaução e em doses moderadas pois algumas espécies são tóxicas.
Especificamente, o Eryngium maritimum é utilizado na composição de cremes e tratamento de rejuvenescimento da pele o que pode vir a ter como consequência um aumento na procura e recolha de exemplares desta espécie. A planta pode ser cultivada mas parece que perde qualidades, daí a preferência pelas espécies silvestres.
Em alguns países europeus, nomeadamente Reino Unido, Escócia, Espanha e Alemanha esta espécie passou a ter o estatuto de espécie protegida pois já se nota um preocupante enfraquecimento das colónias em certas zonas costeiras e por vezes o seu total desaparecimento. Outra das razões para que tal aconteça prende-se com o facto de as plantas crescerem relativamente perto do mar, justamente no lugar que muitos banhistas preferem para tomar banhos de sol e consequentemente poderem ser danificadas pelas máquinas que limpam as areias das praias. Nesta competição por um pedaço de areia, temo que o Eryngium maritimum não saia a ganhar...
Em Portugal, o Eryngium maritimum continua a ser uma espécie relativamente abundante, não se encontrando ameaçada, pelo que não usufrui de qualquer estatuto de conservação. Apesar disso esta espécie deve ser valorizada e protegida tendo em conta a sua importância na estabilização das dunas frontais ao mar.
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