A
Euphorbia paralias é uma das muitas
espécies que podemos encontrar nas orlas marítimas crescendo nas dunas
primárias, fixando as areias e contribuindo para a consolidação do cordão
dunar. É também uma das primeiras plantas a colonizarem as areias nuas que,
arrastadas pelo vento, poderão dar origem a novas dunas, ao encontrarem uma
planta que as segure. É, pois, uma espécie de grande importância no litoral
português.
A
Euphorbia paralias distribui-se por
todo o litoral da Península Ibérica, litoral mediterrânico europeu e norte de
África, litoral atlântico desde o Magreb até ao Mar do Norte, Madeira e
Canárias.
Trata-se de um problema semelhante ao que acontece nos areais de Portugal com o chorão, Carpobrotus edulis, planta exótica importada da África do Sul e que também cresce indiscriminadamente impedindo o correto desenvolvimento da vegetação local.
O
Carpobrotus edulis tomou conta deste
espaço, sufocando as plantas locais que lutam para sobreviver
|
Tanto no que diz respeito à Euphorbia paralias na Austrália como à Carpobrotus edulis em Portugal, a
palavra de ordem é arrancar pela raiz sempre que possível, podendo deixar no
terreno os exemplares em causa, para que se decomponham.
A
linda borboleta europeia Hyles euphorbiae
que põe os seus ovos em plantas do género Euphorbia
e cujas larvas se alimentam das suas folhas e brácteas, tem sido introduzida de forma intensiva em
países onde as Euphorbias causam
problemas, para que atuem como agente biológico no controlo do crescimento das suas
colonias.
A
Euphorbia paralias é uma espécie
halófita, ou seja, tolerante à salinidade que resulta da sua proximidade com o
mar. É uma espécie perene, rizomatosa, provida de uma raiz ereta e muito longa,
apta para captar água em profundidade. Os múltiplos caules, lenhosos na parte
inferior, são quase todos eretos e da mesma altura, não apresentando pelos e
podendo atingir os 70 cm de altura. Os caules crescem a partir de uma base
lenhosa, no entanto ramos laterais podem surgir caso aconteça a planta ficar
parcialmente soterrada pela areia que se acumula à sua volta, arrastada pelo
vento.
Tal
como muitas espécies do mesmo género, a Euphorbia
paralias produz uma seiva branca de aspeto leitoso que é segregada quando a
planta é ferida e que é também uma adaptação à falta de água pois a sua função
é estancar a perda de seiva, acelerando a cicatrização dos tecidos. Este líquido
é toxico, devendo ser evitado o seu contato com a pele, olhos e mucosas.
As
inflorescências da Euphorbia paralias são
muito peculiares e características do género a que pertence.
Esta
é uma espécie monóica pois apresenta inflorescências formadas por flores
femininas e flores masculinas separadas, num mesmo individuo (ao contrário do
que acontece com a maioria das flores que tem órgãos reprodutores femininos e
masculinos numa mesma flor).
Cada
flor feminina, solitária, está praticamente reduzida a um ovário trilocular no
topo de um pedicelo e está cercada por vários estames, cada um deles resultante
de uma flor masculina.
O
conjunto dos ciatos têm a vantagem de dar mais visibilidade à planta por forma
a torna-la mais atraente para os agentes polinizadores.
A
floração ocorre de março até ao final do verão.
Os frutos são capsulas
arredondadas de casca granulada e marcada por 3 sulcos profundos. No interior
existem 3 sementes ovoides as quais são expelidas a uma distância de 1 a 2
metros, sendo disseminadas pelas formigas ou pelo vento.
Uma
planta vigorosa pode produzir até 5000 sementes por ano. Sendo tolerantes ao
sal e bastante resistentes, estas sementes podem viajar nas correntes
marinhas por 1 ou 2 anos e ainda assim conservar 50 % da sua viabilidade,
podendo germinar ao encontrarem o lugar mais propício para o fazer.
A
Euphorbia paralias pertence às Euphorbiaceae, familia botânica de
grande importância que inclui espécies de grande valor económico, nomeadamente:
a Hevea sp, vulgo seringueira, de
onde se extrai a látex usado na manufatura da borracha; a Ricinus communis fonte do óleo de rícino; a mandioca que é a base
da alimentação em varias regiões do globo e ainda algumas espécies ornamentais
muito populares como a Poinsetia, muito
vendida especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a
pétalas de flores vermelhas. Esta família inclui cerca de 6000 espécies
repartidas por 222 géneros. O género Euphorbia,
ao qual pertence a Euphorbia paralias
é um dos mais difundidos e de maior diversidade morfológica. A variedade dentro
deste género é sem dúvida surpreendente, existindo espécies de pequeno porte,
outras de porte arbustivo ou arbóreo e até algumas que são semelhantes a catos
gigantes. Apesar de tal diversidade de formas, todas partilham a estrutura
particular das flores, o que as torna tão características.
Obrigado, Fernanda, por mais esta lição. Saudações.
ResponderEliminarCheguei cá através do seu comentário no Dias com Árvores, parabéns pelo seu interessantíssimo blog!
ResponderEliminar(Teresa Domingues)
Gostei de saber noticias suas Teresa, obrigada e volte sempre.
EliminarBoa noite. Queria pedir autorização para utlizar o texto sobre a Euphorbia paralias num portfolio de uma formação sobre sistemas dunares.
ResponderEliminarOlá Cândida,
ResponderEliminarSim, pode usar o texto que refere. Se houver publicação agradeço faça referência ao blog.