Capuchinha; chagas;
chagueira; mastruço-do-Perú; nastúrcio
De nome científico Tropaeolum
majus, mas mais vulgarmente conhecida como capuchinha ou chagas, esta é uma
espécie que se supõe ser originária da América do Sul, provavelmente da região
andina que abrange os territórios que vão da Bolívia à Colômbia. Contudo,
encontra-se naturalizada em muitos outros locais do globo, desde a América do
Norte à Austrália, passando pelo continente europeu e Macaronésia (ilhas
atlânticas, nomeadamente Açores, Madeira, Canarias e Cabo Verde).
Esta espécie pertence
à família Tropaeolaceae a qual se divide em três géneros, um dos quais
é o Tropaeolum, com cerca de 80 espécies, que inclui a Tropaeolum majus.
Aparentemente a Tropaeolum majus começou por ser uma planta cultivada e
foi em tempos bastante apreciada em jardins. Perdida a popularidade e a
preferência como planta ornamental, quis ainda assim, continuar a ser útil, ultrapassou barreiras e naturalizou-se em espaços não confinados. Hoje
em dia pode ver-se esta espécie crescendo de forma espontânea, na proximidade
dos campos de cultivo, sendo aproveitada pelos agricultores para proteger as
suas plantações pois ela serve de hospedeira a certas pragas e repele outras.
Na generalidade, esta
espécie floresce e frutifica durante a primavera e o verão. Contudo adapta-se
com tanta facilidade a certos tipos de climas que pode florescer durante a
maior parte do ano, frequentemente assumindo um comportamento invasor. Nestes
casos é conveniente tomar medidas que controlem a expansão da planta.
Noutras regiões esta
espécie é muito apreciada e cultivada, não só pelas suas flores mas também
pelas folhas pois ambas são comestíveis. Podem confecionar-se deliciosas
saladas frias tanto com as folhas como com as flores as quais também se usam na
decoração da finalização dos pratos. Não só são decorativas como também exalam
um aroma agradável e muito característico. O sabor é ligeiramente apimentado.
A Tropaeolum majus tem também excelentes
propriedades terapêuticas, podendo ser utilizadas todas as partes da planta,
excepto a raiz. A planta é muito rica em vitamina C e tem propriedades
bactericidas, digestivas, sedativas e expetorantes, sendo indicada para
problemas pulmonares e digestivos, escorbuto e afeções da pele. Porém nunca é
demais lembrar que o consumo deve ser regrado pois todas as plantas têm o seu
grau de toxicidade, sendo nocivas em caso de exagero.
A Tropaeolum majus é uma planta anual, herbácea, de hábito rastejante
ou trepador, com guias que podem atingir 1 metro ou mais, providas de pecíolos
foliares que funcionam como gavinhas. Os caules, de cor verde claro são
carnudos, ocos e cilíndricos, sem pelos, de aspeto quase polido. A planta é
pouco ramificada, sendo que geralmente só ramifica na base e não nos caules.
A planta forma uma
raíz avermelhada e longa mas pobre em ramificações pelo que se torna fácil
arrancar a planta. No entanto cada pedaço de raiz que se parta e fique no solo,
irá certamente enraizar e dar origem a uma nova planta.
As folhas, de cor verde azulado, são numerosas, alternas, simples, de
margens ligeiramente lobadas e onduladas; têm forma circular e ligam-se
perpendicularmente ao caule através de um longo pecíolo, mais ou menos no
centro do limbo; as veias são bem visíveis e irradiam do centro para o exterior
da folha.
As flores, muito vistosas, são solitárias e crescem na axila das folhas, no
topo de longos pedúnculos. Corola e cálice exibem tons de amarelo, laranja e
vermelho e são lisas ou com manchas acastanhadas ou de cor púrpura.
No seu conjunto, as flores são compostas por 5 pétalas (corola), 5 sépalas (cálice) e órgãos reprodutivos masculinos e femininos funcionais.
As pétalas são desiguais: as duas pétalas superiores são ovais, fundem-se
com as sépalas que lhe estão adjacentes e exibem veios longitudinais de cor
mais escura. As três pétalas inferiores são livres, mais arredondadas,
estreitando-se profundamente na parte inferior do limbo, sendo as gargantas decoradas
com franjas perfeitamente visíveis a olho nu.
As sépalas, fundidas na base, são também distintas: as três sépalas
superiores são maiores e são também decoradas com veios de cor mais escura, tal
como as pétalas superiores. Uma delas, prolonga-se para a retaguarda em forma
de esporão comprido, direito ou ligeiramente encurvado, que funciona como
reservatório para o néctar que a planta oferece aos agentes polinizadores. As restantes
duas sépalas são lisas e mais pequenas.
Os órgãos reprodutivos consistem num pistilo central com um estigma
dividido em 3 partes, rodeado por 8 estames livres e tamanho desigual, com
grossos filamentos arqueados e grandes anteras.
O ovário é súpero, isto é encontra-se sobre o recetáculo e
sobre o ponto de inserção das outras partes florais, cálice, androceu
e corola e é trilocular, dando origem a frutos carnudos, formados por 3
mericarpos que se separam na maturação, sendo disseminados essencialmente pelo
vento.
Fernanda, isto não é um "post". É um tratado exaustivo.E excelente, como habitualmente.
ResponderEliminarGostaria de saber a referência dessas informações para ler mais a respeito. Obrigada
ResponderEliminarOlá Marcia Regina.
EliminarEnvio-lhe algumas das referências que me pede:
http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Tropaeolum_majus.htm
http://www.smh.com.au/lifestyle/diet-and-fitness/once-were-weeds--now-superfoods-20120823-24om9.html
http://www.plantea.com/nasturtium-pesto.htm
http://www.veraveg.org/Veg%20History/Veg%20History%20Nasturtium.html
http://oldfashionedliving.com/nasturtiums.html
http://nasturtiums.wordpress.com/2008/10/31/more-nasturtium-recipes/
Pode ainda consultar o livro Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas - Francisco José de Abreu. 2.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2008.
Espero lhe sejam úteis.
Cumprimentos
Isso mesmo, planta medicinal. Ai se as pessoas soubessem o que esta planta pode fazer por nós. Eu, pela minha parte, devo-lhe a vida. Cumprimentos
EliminarIsso mesmo, planta medicinal. Ai se as pessoas soubessem o que esta planta pode fazer por nós. Eu, pela minha parte, devo-lhe a vida. Cumprimentos
EliminarOlá - Saudações amigas! Como tenho esta planta no meu jardim e, embora conhecendo algumas das suas indicações terapêuticas habituais, surpreendeu-me deveras o ênfase posto acima pela Leonor na afirmação de que deve a vida a esta planta!
ResponderEliminarIsso parece sugerir alguma aplicação de especial eficácia, que gostaria de conhecer. Se a Leonor quiser repartir connosco essas informações muito lhe agradeceria.
Olá Vilma Fonseca,
EliminarPela parte que me toca, não sei como ajuda-la uma vez que não tenho o contacto da Leonor.
Cumprimentos