Papoila; Papoila-brava; Papoila-das-searas; Papoila-ordinária; Papoila-rubra; Papoila-vermelha; Papoila-vulgar; Papoula; Papoula-ordinária
A família botânica das Papaveraceae divide-se em 19 géneros um dos quais é o género Papaver ao qual pertencem as 22 espécies
de papoilas. Destas, apenas um pequeno número cresce espontaneamente em
Portugal, como é o caso da Papaver rhoeas
que se pensa ser originária do sul europeu, norte de África e Ásia temperada,
mas que hoje em dia se distribui praticamente por todo o hemisfério norte.
Podemos encontrar a Papaver rhoeas quer em terrenos cultivados quer incultos, geralmente
associada a culturas cerealíferas, mas não só. Uma coisa é certa, mostra grande
preferência por terrenos remexidos os quais são muito ricos em azoto.
Desenvolve-se de forma mais abundante nas primaveras húmidas que se seguem a
invernos secos e ensolarados.
Esta espécie é considerada erva daninha pelo que
tem sido repetidamente dizimada por pulverizações de herbicidas seletivos, feitas
pelos agricultores.
Ainda assim, podemos vê-la por esta época do ano, teimosamente
alegrando os campos de pousio e a beira dos caminhos, baloiçando as suas delicadas
corolas vermelhas ao sabor do vento. É que, felizmente, a papoila é muito persistente,
não se deixando abater facilmente. Para isto contribui o facto de produzir
muitas sementes as quais permanecem adormecidas no solo durante largos anos,
aguardando as condições mais favoráveis para germinarem.
A Papaver
rhoeas é uma planta herbácea, anual, revestida de pelos muito rígidos e bem
visíveis embora não muito densos.
Esta planta cresce em tufos com cerca de 10 a
50 ou 60 cm de altura. Os caules são eretos ou ascendentes e mais ou menos
ramificados.
As folhas, bastante recortadas, são compostas por vários segmentos
grosseiramente dentados, os quais terminam numa ponta aguda e se apresentam
divididos umas vezes até ao meio do semi limbo e outras até à nervura mediana;
o segmento terminal é geralmente maior que os laterais; a nervura mediana é
bastante espessa e as nervuras secundárias são mais ou menos paralelas entre
si.
Quando quebrados os
caules exsudam uma secreção esbranquiçada chamada latex que a planta utiliza
para ajudar na cicatrização da ferida.
As flores da Papaver
rhoeas são grandes, solitárias e crescem sobre um pedúnculo longo e fino.
O cálice é formado por 2 sépalas que caiem quando a flor abre.
A corola é formada
por 4 pétalas vermelhas, arredondadas e com aspeto de papel de seda amarfanhado.
Geralmente as pétalas apresentam uma mancha escura na base.
A flor dispõe de
órgãos reprodutores masculinos e femininos. O androceu (órgão masculino)
apresenta numerosos estames com filamentos filiformes e anteras produtoras de
pólen, castanhas ou amareladas.
O ovário não apresenta estilo e o estigma, área
onde o grão de pólen inicia a germinação, assemelha-se a um disco, com vários
raios.
As papoilas florescem de março a junho ou julho. O
fruto é uma capsula mais comprida que larga, de forma ovoide cilíndrica.
As
pequenas sementes são libertadas através de poros que se abrem na tampa da
capsula a qual apresenta vários sulcos lineares.
Devido às suas
propriedades calmantes as flores e folhas da Papaver rhoeas têm sido utilizadas em medicina alternativa desde
tempos remotos, sendo usadas no tratamento de vários males desde constipações a
distúrbios nervosos. Tendo em conta que também se usa em mezinhas caseiras vem a
propósito lembrar que a ingestão de tisanas, xaropes ou outros preparados
feitos à base de partes da Papaver rhoeas
deve ser feita sob supervisão adequada, uma vez que é conveniente respeitar
certas dosagens. Por vezes pensamos que por ser natural não há problema mas a
verdade é que a partir de certas quantidades a maioria das plantas espontâneas são
tóxicas.
As pétalas da papoila
possuem propriedades corantes sendo usadas para dar cor a tisanas, medicamentos
e certos vinhos.
As sementes de papoila
maduras e torradas, são muito apreciadas como condimento em pães e bolos, quer
isoladamente quer em mistura com outras sementes.
Foto de Atelierjoly |
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