"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





sábado, 28 de janeiro de 2012

Reseda Luteola L.

Nomes comuns:
Lírio-dos-tintureiros
Erva-dos-ensalmos; Gauda; Lírio; ; Reseda

A Reseda luteola é uma espécie botânica do género Reseda incluído na família das Resedaceae. Esta família divide-se em 6 géneros e cerca de 75 espécies, os quais se podem encontrar em países de clima temperado, do hemisfério norte.
Reseda luteola é nativa do sul da Europa, sudoeste asiático e norte de África mas foi introduzida noutras regiões nomeadamente nos Estados Unidos da América e também nas regiões que fazem parte da chamada Macaronésia (Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde).
Esta planta tem grande capacidade de adaptação e aparece de forma espontânea tanto em solos pedregosos como em terrenos arenosos, quer em terrenos cultivados ou em terrenos baldios, mostrando alguma preferência por terrenos remexidos, onde tenham sido despejados entulhos.
Em tempos foi muito cultivada e largamente comercializada como geradora de pigmentos para tingir tecidos; caiu em desuso com a comercialização das tintas sintéticas e hoje em dia a Reseda luteola é mais uma planta com estatuto de erva daninha, tal como tantas das plantas que têm passado neste “blog”. Parece haver ainda algum preconceito contra as plantas que nascem de forma espontânea na natureza; elas abrilhantam os campos, mas passam despercebidas porque fazem parte do “cenário” e tomamo-las por garantidas. Será algum instinto primário de sobrevivência que nos leva a dar crédito apenas às espécies cultivadas pela mão do Homem? Felizmente, à medida que ficamos mais esclarecidos, aprendemos a dar mais valor ao que a natureza nos oferece, para regalo da inteligência e dos sentidos. As plantas espontâneas, com o seu aspeto tantas vezes humilde e inconspícuo, são quase sempre pequenas maravilhas de perfeição estrutural e estratégica. Sem esquecer que foram elas que deram origem não só às delicadas flores de viveiro mas também às hortícolas que fazem parte essencial da alimentação humana.
A Reseda luteola é rica em luteina, um flavonoide que produz um corante amarelo brilhante. Foi muito usada desde tempos remotos por vários povos, entre eles os Hebreus e os Romanos. Na Idade Média era considerado um dos melhores corantes para tingir tecidos (linho, lã e seda) de amarelo e até de verde (misturada com outros corantes) e também na pintura dos livros de iluminuras. A cultura desta planta foi florescente em toda a Europa durante o Renascimento e também nos séculos XVI e XVII. Para obter o corante eram utilizados as folhas, flores e frutos, os quais depois de esmagados eram deixados a macerar em água, para libertarem os pigmentos de cor amarelo-limão. Dependendo do mordente aplicado (mordente é um preparado químico que além de cola inclui alúmen e é agregado ao tingimento com a função especifica de manter a durabilidade da cor e a sua resistência às lavagens) podiam conseguir-se outras cores; por exemplo, juntando mordente com alúmen de alumínio ou cobre, conseguia-se respectivamente tingimento verde amarelado ou verde azeitona; combinando a Reseda luteola com o extrato fermentado da planta Isatis tinctoria que era um corante azul, produzia-se um tom de verde (verde Lincoln) que era cor das roupas dos companheiros do Robin dos Bosques.
Por incrível que pareça não é fácil conseguir pigmentos verdes na natureza, sendo necessário fazer misturas de amarelo com azuis para o conseguir.
Apesar de ter perdido a sua utilidade como corante a Reseda luteola continua a ser uma espécie com interesse pois não só é uma espécie melífera muito importante como também serve de alimento às larvas de vários tipos de borboletas. Além disso tem sido utilizada pelas suas propriedades terapêuticas como diurético, calmante e antireumático.

A Reseda luteola é uma planta ereta, desprovida de pelos, podendo atingir mais de 1 metro de altura. O caule é geralmente simples ou pouco ramificado.Quando cultivada a Reseda luteola é uma planta anual mas vivendo espontânea na natureza é uma planta bienal, o que significa que completa o seu ciclo de vida em dois anos. Durante o primeiro ano a planta concentra-se em estabelecer um bom sistema radicular e emite apenas as folhas basais, que se dispõem em roseta. É durante o segundo ano que aparecem os longos caules e que são produzidos as flores e os frutos.
As folhas não têm pecíolo e são lineares ou lanceoladas, inteiras embora por vezes onduladas. As folhas basais dispõem-se de forma radial e as restantes posicionam-se alternadamente no caule, sendo maiores perto da base e diminuindo de tamanho na parte superior.
As flores, de pedicelo curto, são muitas e pequenas, de cor amarelo pálido e posicionadas em cachos, ao longo do escape floral; têm 4 pétalas desiguais, maiores que as 4 sépalas; os estames são numerosos, cerca de 20 a 30.
É uma planta heliotrópica isto é, as flores abertas seguem o movimento do sol ao longo do dia.
A planta floresce e frutifica de abril a setembro.
Os frutos são cápsulas subglobosas com cerca de 4 a 6 mm de diâmetro abrindo-se no ápice por 3 a 4 dentes.


As sementes, com 1 mm de comprimento são ovóides, escuras, lisas e brilhantes e são dispersas pelo vento. No Outono servem muitas vezes de alimento às aves e até a pequenos mamíferos, quando as encontram no chão.

Sinonímias:
Reseda luteola L. subsp. gussonei (Boiss. et Reut.) Franco, comb. inval.
Reseda luteola L. subsp. gussonei (Boiss. et Reut.) Nyman
Reseda luteola L. var. crispata (Link) Müller Arg.

Fotos: Arribas da Praia do Caniçal - Lourinhã 




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