Dittrichia viscosa (L.) W. Greuter subsp. viscosa
Inula viscosa, Dittrichia maritima, Dittrichia angustifolia, Dittrichia revoluta
Nomes comuns:
Tágueda; énula-peganhosa; erva-dificil-cheirosa; tádega; tágueda-prostrata; táveda-de-folhas-estreitas; táveda-de-folha-de-charuto
Foto de Rickjpelleg. Fonte Wikimedia commons |
A Dittrichia viscosa é muito comum no nosso país não só na faixa litoral mas também em muitas regiões do interior.
É uma espécie originária da região mediterrânica. Foi introduzida noutros continentes onde prolifera em regiões de clima temperado, sendo considerada uma planta altamente invasora em certos continentes como por exemplo a Australia e os Estados Unidos, onde faz grandes estragos sobretudo em regiões de maior pluviosidade. Aparentemente as raizes libertam substâncias que inibem a germinação de outras plantas e além do mais é uma planta toxica para o gado. O contacto com a nossa pele pode causar alergias. Espalha-se rapidamente ao longo de caminhos e estradas, rachas nos muros de pedra e sente-se feliz em terrenos degradados, sendo uma das primeiras espécies a renascer após um fogo. É uma planta robusta e muito resistente às condições adversas e embora prefira os solos húmidos não tem quaisquer problemas em conviver com a falta de água.
A Dittrichia viscosa floresce desde junho até novembro. Talvez devido à falta de concorrência de outras flores nos finais do outono, a Dittrichia viscosa atrai numerosos insetos, nomeadamente abelhas e vespas e sobretudo borboletas, que dela se alimentam.
A linda borboleta da foto é uma Utetheisa pulchella. Para ver mais fotos desta borboleta clique aqui e aqui.
Os ramos são eretos, lenhosos na base e cobertos de pelos glandulosos (inchados no ápice)
que tornam a planta pegajosa ao tato. Estes estão na origem do seu nome (viscosa) e exalam um odor característico que nem todos consideram agradável.
As folhas são numerosas, não têm pecíolo e quase abraçam o caule; são oblongo-lanceoladas terminando com ápice agudo e dispõem-se no caule de forma alternada; podem ter as margens dentadas ou não; à semelhança dos caules, as folhas estão cobertas por pelos glandulosos cujo odor se sente mais fortemente quando esmagadas.
O óleo essencial que se obtém a partir do esmagamento dos caules e folhas desta planta tem sido utilizado em medicina tradicional desde tempos imemoriais aproveitando as suas propriedades como diurética, analgésica, antirreumática e cicatrizante.
A planta é bastante visível e facilmente identificável durante a época de floração graças às centenas de pequenas flores que produz e que se dispõem em inflorescências do tipo panícula ou seja em cachos de flores, de pedúnculos ramificados, no qual os ramos vão diminuindo da base para o vértice, assumindo forma conica.
A Dittrichia viscosa pertence ao género Dittrichia (até há pouco estava incluída no género Inula) o qual compreende 5 espécies de plantas pertencentes às Asteraceae também denominada Compositae, família botânica com o maior número de espécies entre as plantas com flor (angiospérmicas). Muitas espécies desta família são utilizadas na alimentação humana devido ao seu valor biológico, como por exemplo o girassol e a alface. Esta família inclui aproximadamente 50.000 espécies divididas em 900 géneros, sendo as flores a característica mais marcante deste grupo pois são quase sempre do tipo malmequer.
Estas são as chamadas inflorescências em capítulo, as quais se caracterizam por agruparem centenas de pequenas flores num “arranjo” vistoso que representa um autêntico trabalho de equipa pois embora o capítulo se assemelhe a uma única flor, na realidade é composto por conjuntos de flores com estrutura e funções diferentes, as quais podem variar conforme a espécie.
As inflorescências da Dittrichia viscosa têm cerca de 2 cm de diâmetro. As flores que as compõem, entre 40 a 60, de dimensão muito reduzida e de cor amarelo brilhante, agrupam-se de forma muito compacta sobre um receptáculo em forma de disco. As flores da periferia deste disco são liguladas, isto é, apresentam um prolongamento para o exterior em forma de pétala a que se chama lígula. As flores liguladas, entre 10 a 16, são estéreis e têm como única função “alindar” o conjunto, para atrair os insetos polinizadores. As flores do centro do disco são tubulares e possuem órgãos reprodutores femininos e masculinos. Apesar de pouco vistosas são elas que asseguram a perpetuação da espécie, concentrando as suas energias na produção de sementes. De modo geral, a auto-polinização é evitada, porque quando os órgãos reprodutores femininos de um capítulo amadurecem, já o pólen do mesmo foi levado pelos insetos para outros indivíduos da mesma espécie, por terem os órgãos masculinos amadurecido mais cedo.
O conjunto formado pelas flores e pelo receptáculo está protegido por um invólucro de brácteas que são folhas modificadas com a função de proteger toda a estrutura. Estas dispõem-se em 4 a 5 filas, de forma imbricada, tal como as telhas de um telhado.
Cada flor produz um fruto cilíndrico (cipsela) que se assemelha a uma pequena bola fofa esbranquiçada. Esta é composta por um grupo de sementes de cor acastanhada que tem um papilho de cerca de 15 sedas suaves, no topo. Cada semente tem cerca de 2mm de comprimento e o papilho cerca de 5 mm de comprimento. Estima-se que cada planta de tamanho médio poderá produzir uma media de 600 a 700 flores por ano, cada uma dando origem a cerca de 50 sementes viáveis, sendo pois, plantas muito prolíferas.
Excelente descrição. Obrigado!
ResponderEliminarOlá amigos, há muito tempo que pesquisava esta planta para saber o nome dela, aqui na minha região há muita. Mas é muito parecida com a Vara de ouro,(Solidago virgaura).
ResponderEliminarBem hajam pela belíssima descrição da planta.
José Cariano
Gostaria de eliminar da minha terra.
ResponderEliminarQual maneira mais eficaz?
Tem produto específico?