sábado, 21 de janeiro de 2012

Briza maxima L.; Briza media L.; Briza minor L.


Briza é um género de gramíneas que pertence à família das Poaceae ou Gramineae. Esta família é um dos grupos botânicos mais importantes pois não só inclui muitas espécies que fornecem forragens para animais como também são grandes produtoras de cereais, base da alimentação humana. A diversidade de espécies nesta família é enorme, chegando a cerca de 10.000, divididas por cerca de 650 géneros.

O género Briza inclui quatro espécies nativas da Eurásia e 16 a 22 espécies nativas de regiões temperadas do norte e subtropicais, especialmente da América do Sul (Longhi-Wagner 1987; Essi 2007). As Briza são espécies de pouca folhagem pelo que o seu valor como forragem é muito reduzido. O seu valor ornamental é bastante mais significativo, sendo utilizadas como ornamentais e em arranjos de flores secas. Das 4 espécies europeias do género Brisa apenas 3 se podem encontrar em Portugal, nomeadamente Briza maxima, Briza media e Briza minor.

Briza maxima L.

Nomes mais comuns:
Abelhinhas; Bole-bole-maior; Bole-Bole; Bule-bule; Bule-bule-grado; Campainhas-do-diabo; Chocalheira-maior; Quilhão-de-galo


A Briza maxima é nativa da região mediterrânica e Macaronésia (Açores, Madeira,Canárias e Cabo Verde), mas encontra-se disseminada por outras regiões temperadas do globo. É uma espécie frequente por quase todo o nosso país, em terrenos baldios, bosques, matos e até nas depressões intradunares, podendo tornar-se invasora. Geralmente cresce em locais secos e áridos, de solos pouco estruturados e com carência de água e nutrientes orgânicos. Floresce de abril a junho.
Foto WIKIPEDIA
A Briza maxima, tal como as outras espécies deste género é escolhida para alimento pelas larvas de algumas borboletas, como por exemplo a Coleophora lixella.


A  Briza maxima é uma espécie anual, que pode ir dos 10 aos 80 cm de altura. Os caules (chamados colmos) são ocos e cilíndricos, com nós bem diferenciados e engrossados. Os caules ão geralmente eretos embora possam ser decumbentes,  chegando a enraizar nos locais onde os nós tocam o solo.


As folhas, de forma linear e de nervação paralela, inserem-se nos espaços entre os nós.


Da forma característica nas gramíneas, apresentam uma pequena saliência, membranosa e comprida, chamada lígula, na junção entre o limbo e o pecíolo.

As folhas  nascem diretamente da coroa de raízes formando um tufo. São de cor verde, com as margens ásperas viradas para dentro e terminam numa ponta aguçada. O escape floral é bastante fino, redondo, com 4 ou 5 nós, estando a maior parte envolvida pela bainha das folhas.


A inflorescência da Briza maxima é do tipo panícula ou seja um cacho de flores, constituido por espiguetas, em que os pedúnculos muito finos e pendentes vão decrescendo da base para o ápice resultando numa forma cónica e algo semelhante a uma espiga. As espiguetas são pequenas espigas, geralmente com várias flores muito reduzidas. Na realidade são a unidade básica da inflorescência de uma gramínea, fundamentais na identificação das espécies.
As flores das gramíneas, são especiais devido à sua grande simplicidade estrutural. Isto é, durante o seu processo evolutivo perderam-se estruturas que deixaram de ser funcionais. Assim, as flores já não têm pétalas nem sépalas uma vez que não precisam delas para atrair os insectos, sendo que a polinização das gramíneas é feita pelo vento.

Tendo as pétalas e as sépalas desaparecido há longo tempo por se terem tornado inúteis, ficaram duas diminutas escamas chamadas lodículas que determinam a abertura da flor, expondo os órgãos reprodutores. As outras partes que fazem parte da flor – glumas, lema e pálea- são brácteas ou seja, folhas modificadas que geralmente servem de proteção do conjunto floral e que nas gramíneas também têm uma função bastante importante na dispersão das sementes.

Na Briza maxima as espiguetas, juntam-se em duas filas, são grandes, de forma ovóide, com 8 a 20 flores com órgãos reprodutores femininos e masculinos, imbricadas, comprimidas lateralmente. Possuem duas brácteas estéreis e membranosas (glumas) situadas na base que assumem uma cor púrpura ou violeta. Quando maduras as espiguetas tomam a cor da palha e ficam bastante lustrosas. As espiguetas são de uma extrema leveza e estão em constante movimento devido à menor corrente de ar.

O fruto é uma cariopse, ou seja, é um fruto seco indeiscente (não se abre naturalmente para libertar as sementes na época da maturação como por exemplo a laranja que também é um fruto indeiscente.)

 Briza minor L.

Nomes mais comuns:
Bule-bule; Bule-bule-menor; Bule-bule-miúdo; Chocalheira-menor; Chocalheirinha; Pandeirinha


A Briza minor distribui-se por grande parte da Europa até ao Cáucaso e oeste asiático. Em Portugal encontra-se por todo o país, crescendo geralmente nos mesmos locais em que encontramos também a Briza maxima.


As características da Briza minor são muito semelhantes às da Briza maxima, estando a diferença entre as duas espécies basicamente no tamanho das plantas e sobretudo das espiguetas, conforme o próprio nome das espécies indica. No entanto as espiguetas da Briza minor não são apenas mais pequenas, são também mais abundantes. A forma das espiguetas também é ligeiramente diferente uma vez que o posicionamento das lemas lhes dá um aspecto mais triangular.

A Briza minor floresce de março a junho.

 Briza media L.

 Nomes mais comuns:
Bole-bole; Bole-bole-intermédio; Bule-bule; Bulu-bule-intermédio; Chocalheira-intermédia

A Brisa media é outra das espécies do género Briza que podemos encontrar em Portugal, no entanto não tão comum como as outras duas espécies acima referidas. Distribui-se pela Europa ocidental e meridional, oeste asiático, norte de África e macaronésia. Vive de preferência em solos calcários ou argilosos, em prados, pastagens e beiras de caminho. É frequentemente cultivada como planta ornamental.

A Briza media é uma espécie perene cujos caules cilíndricos e ocos, com nós bem visíveis, podem atingir os 75 cm de altura. Os caules são geralmente eretos e formam tufos, embora não muito densos.
As folhas são lineares e estreitas, sem pelos e algo ásperas envolvendo os caules com as suas bainhas. A pequena saliência, membranosa e comprida, chamada lígula que existe na junção entre o limbo e o pecíolo, é truncada.


As espiguetas da Briza media surgem durante os meses de junho e julho. São pendentes, de aspeto frágil e em forma de coração, balouçando elegantemente ao sabor da aragem. Com o passar do tempo a cor das espiguetas muda de verde para avermelhado ou púrpura e só na maturação completa ficam da cor da palha.

Fotos Briza maxima e Briza minor: Areal Sul/Areia Branca e Serra do Calvo


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