terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ononis ramosissima Desf

Joina-das-areias


A Ononis ramosissima é uma espécie perene, que forma arbustos de pequeno porte, de ramos pouco lenhosos e eretos.

Os caules são geralmente muito ramificados desde a base e estão cobertos, assim como todo o resto da planta, por um conjunto de pelos e glândulas que lhes dá um aspeto pegajoso ao tato.

Esta é uma espécie psamófila, isto é, bem adaptada aos solos secos e arenosos do litoral: a forma arredondada ajuda-a a resistir aos ventos fortes e o indumento de pelos glandulosos reflete a luz do sol para poder resistir ao excesso de luminosidade e à falta de humidade.
Distribui-se por todo o mediterrâneo ocidental e por quase todo o litoral da Península Ibérica. Em Portugal encontra-se não só em quase todo o litoral centro e sul, mas também se prolonga para as regiões do interior, vivendo em terrenos pedregosos, baldios, ravinas e matos rasteiros.
As folhas da Ononis ramosissima posicionam-se de forma alternada e são formadas por 3 folíolos de forma oval, alongados e dentados nas margens.

Na base das folhas dispõem-se pequenos apêndices de forma laminar chamados estipulas, mais curtos que o pecíolo.

As flores desta espécie são muito vistosas e fazem lembrar uma borboleta,a chamada flor do tipo papilionáceo (do francês “papillon”), estrutura típica da subfamília Faboideae/ Papilionoideae .

As sépalas que formam o cálice são 5, compridas e estreitas, parcialmente unidas e persistentes na frutificação.
A corola é formada por 5 pétalas desiguais, dispostas de modo característico e altamente especializado em atrair os insetos polinizadores: a pétala maior chamada estandarte, situada em posição superior é, pelo seu tamanho e forma, o foco de atração para os polinizadores; as duas pétalas laterais denominadas asas funcionam como pista de aterragem; e as duas inferiores, unidas apenas no ápice, formam a chamada quilha. A flor possui órgãos de reprodução femininos (carpelo = ovário, estilete e estigma) e masculinos (estames) os quais estão encobertos pelas pétalas que formam a quilha. Quando os insetos pousam nas asas, a quilha baixa e dessa forma é favorecido o contacto do insecto com os estames e o estigma, levando o pólen colado ao corpo.
Na Ononis ramosissima todas as pétalas são de cor amarela mas o estandarte apresenta também veios de cor avermelhada.

A planta floresce e frutifica de abril a junho.
Os frutos sao pequenas vagens  subcilindricas cobertas de pelos glandulosos com 3 a 8 sementes de cor acastanhada.

Sobre a importância das leguminosas:
A espécie Ononis ramosissima está incluída no género Ononis que por sua vez pertence à família das Fabaceae (também denominada Leguminosae), uma das maiores famílias botânicas e cujas espécies estão largamente distribuídas por todos os continentes, com exceção da Antártida. Esta família, que inclui cerca de 730 géneros e mais de 19,000 espécies tem como característica comum o fruto em forma de vagem, particularidade que é exclusiva deste grupo.

A Fabaceae/Leguminosae subdivide-se ainda em três subfamílias com características morfológicas muito distintas (geralmente identificáveis através do tipo de flor), sendo que a Faboideae ou Papilionoideae, à qual pertence a Ononis ramosissima, é a que tem maior importância económica a nível mundial pois inclui espécies fundamentais na alimentação humana como sejam a soja, o feijão, o amendoim, o grão-de-bico, o tremoço, as ervilhas ou as favas, apenas para mencionar as mais conhecidas. 
Na generalidade, são plantas de hábitos variados podendo ser herbáceas, trepadeiras, arbustos e árvores. Muitas espécies são também utilizadas como ornamentais, outras têm grande valor comercial ou industrial devido aos produtos que delas podem ser extraídos, nomeadamente o tanino, substância usada na indústria do couro, já para não falar dos corantes, tinturas, colas, vernizes etc.
  
Uma característica muito importante das leguminosas em geral e das espécies da subfamília Papilionoideae/Faboideae em particular, é o facto de serem capazes de converter o nitrogénio atmosférico (azoto) em moléculas proteicas as quais são aproveitadas pela própria planta para seu desenvolvimento e o das plantas em seu redor. Isto acontece devido a uma relação simbiótica com bactérias dos géneros Bradirhizobium e Rhizobium que se fixam nas raízes das leguminosas através de nodosidades, visíveis a olho nu. Em contrapartida, as bactérias recebem das plantas os açúcares produzidos durante a fotossíntese. Esta simbiose permite não só a sobrevivência das referidas bactérias mas também que espécies de leguminosas possam desenvolver-se sem problemas em solos pobres em azoto e matéria orgânica.
Aconselham as boas práticas ecológicas que se aproveitem os benefícios oferecidos pela natureza pelo que quando as leguminosas são colhidas convém deixar as suas raízes ricas em nitrogénio no solo pois vão contribuir para o enriquecer. Aliás, na agricultura moderna há quem prefira utilizar adubos verdes para enriquecer o solo, em detrimento dos adubos químicos. Este processo consiste em cultivar leguminosas de crescimento rápido, as quais são cortadas e enterradas no mesmo local, antes de florescerem e criarem sementes. Esta prática promove o enriquecimento do solo com azoto e outros nutrientes, além de melhorar a estrutura dos terrenos, protegendo-os da seca e limitando o desenvolvimento das ervas daninhas.

Veja mais detalhes sobre o assunto aqui .

Fotos: Dunas do Areal Sul/Praia da Areia Branca - Lourinhã    



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