As avoadinhas e o género Conyza
O verão continua quente e seco, tipicamente mediterrânico. Por esta altura,
são já poucas as ervas que, na beira dos caminhos e campos abertos não
irrigados, ainda se mantêm verdes. A maioria das espécies de verão já floriu e gerou
sementes, tomando agora a cor de palha tão característica das paisagens de fim
de verão. Mas como diz o povo, o que para muitos é fel, para outros é mel, e
assim, as avoadinhas, amantes de lugares áridos e ensolarados, estão como
querem. Importadas de climas do tipo tropical seco, estas plantas, que tão bem
se adaptaram a climas mais suaves, estão agora bem felizes e verdinhas, em
plena floração. Também as ajuda o facto de não agradarem ao paladar de cabras e
ovelhas.
As vulgarmente denominadas avoadinhas pertencem ao género Conyza e
à família Asteraceae. O nome do Conyza terá sido inspirado no nome específico de uma
planta de outro género, mas da mesma família, cujos capítulos sugerem semelhança
entre as duas, a Inula conyza.
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Campo agrícola em Serra do Calvo/Lourinhã, após a colheita, infestado com Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis. Grande parte dos milhares de sementes gerados por estas plantas serão levados pelo vento e irão colonizar outras paragens. Quanto às sementes que ficarem aqui, na sua maioria serão temporariamente neutralizadas se o terreno for lavrado, enterrando-as. Apenas as sementes que ficarem à superfície germinarão, pois a luz é condição essencial para que o processo se inicie. |
Do género Conyza fazem parte cerca de 60 espécies, maioritariamente nativas de
climas tropicais e subtropicais do continente americano. Um certo número destas
espécies "viajaram" para outros continentes, tornaram-se colonizadoras cosmopolitas, muitas vezes invadindo
agressivamente as culturas agrícolas em muitas partes do mundo, gerando graves
prejuízos, sobretudo as culturas de nível intensivo em que se incluem culturas forrageiras, soja,
algodão, milho e outras. A capacidade de adaptação e sobrevivência destas espécies
é notória, com especial destaque para a sua adquirida resistência a herbicidas. O estudo da ecologia das plantas
invasoras é, pois, muito importante na medida em que o conhecimento mais
detalhado da sua demografia e dinâmica populacional permite desenvolver e
avaliar novas estratégias de controlo dos fatores invasivos.
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Conyza sumatrensis |
O aspeto inconspícuo das Conyza parece descartar a possibilidade de terem sido importadas
com fins ornamentais. Assim, à semelhança do que aconteceu com tantas outras
herbáceas, foram, muito provavelmente, levadas para outras partes do mundo de
forma involuntária, misturadas com sementes de cereais ou escapando dos jardins
botânicos. Também existe a possibilidade de terem sido levadas por razões terapêuticas
pois no seu local de origem eram utilizadas em medicina tradicional. O certo é, que são neófitos recentes, tendo sido introduzidas na Europa entre os séculos
XVII e XX.
São espécies ruderais que se estabelecem em áreas perturbadas e de solos nitrificados, crescendo na beira dos caminhos, dunas, espaços urbanos e em qualquer pequena brecha dos pavimentos.
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Conyza sumatrensis |
São infestantes de jardins, campos agrícolas, pomares,
vinhas e pastagens, sendo mais abundantes em solos não cavados ou lavrados. Isto
acontece porque as sementes de Conyza
necessitam de luz para germinar. Ora, em solos não trabalhados as sementes
permanecem à superfície prontinhas para brotar, ao passo que num terreno
lavrado muitas das sementes ficam impossibilitadas de o fazer por ficarem
enterradas.
Em Portugal regista-se a ocorrência de 4 espécies do género Conyza, nomeadamente Conyza
bonariensis, Conyza canadiensis, Conyza sumatrensis e Conyza bilbaoana. (listadas
como invasoras no anexo I do Decreto-Lein° 565/99, de 21 dezembro). Todas elas florescem praticamente durante todo o ano, com especial incidência durante os
meses de primavera e verão, dando-se bem em lugares áridos e ensolarados.
Conyza é um género bastante complicado,
tendo sido durante muito tempo considerado uma seção do género Erigeron, com o qual partilha algumas semelhanças.
A situação assim se manteve até que, em 1943, o botânico americano Arthur
Cronquist (especialista em tudo o que se refere à família Asteraceae/Compositae e mentor de um novo sistema de
classificação botânica das angiospermas
- Sistema Cronquist) redefiniu os limites entre os dois géneros e deu honras de género
autónomo a Conyza. Este distingue-se
de Erigeron primordialmente pelo seu
maior número de flores pistiladas (só com órgãos femininos) as quais, devido à
ausência de estames se tornaram filiformes. Adicionalmente, em Conyza as flores do interior do disco
são menos numerosas, com corolas mais curtas ou inexistentes e os papilhos são
acrescentes (continuam
a crescer depois da fecundação até o fruto atingir a maturação). As
inflorescências densas com capítulos cilíndricos de algumas espécies de Conyza, também não são características de
Erigeron. Contudo, estudos recentes
que sustentam a origem americana do género Erigeron
consideram que o Conyza evoluiu a
partir deste (Noyes, 2000). Pelo contrário, Nesom (2008) considera que Conyza é um género completamente
separado de Erigeron…
De
onde se conclui, que a sistemática das espécies incluídas em Conyza ainda não é suficientemente
compreendida. Faltam muitos estudos até que se possa chegar a um consenso, se é
que tal alguma vez possa acontecer. É que, os tratamentos usados do outro lado
do Atlântico diferem dos usados na Europa, levando a conclusões diferentes,
pelo que fica tudo um bocado confuso, com múltiplas reclassificações e
numerosos sinónimos no historial das espécies.
As espécies do género Conyza que chegaram à Europa são
difíceis de distinguir, uma vez que apresentam características morfológicas
muito semelhantes. Além de que, sendo compatíveis e podendo ocorrer ao mesmo
tempo nos mesmos habitats, elas facilmente hibridizam entre si, apresentando
características intermédias, o que torna a identificação ainda mais difícil.
Vejamos algumas das características das espécies que podemos ver em
território português:
Conyza bonariensis (L.) Cronquist
Sinónimos: Erigeron bonariensis L., Erigeron linifolius Willd., Leptilon
bonariense (L.)
Small, Leptilon linifolium (Willd.) Small
Nomes comuns:
Aboadeira; avoadinha; avoadinha-peluda; erva-pau; raposa; erva-da-esforrica
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Conyza bonariensis |
Dentro do género Conyza, a espécie bonariensis parece ser uma das mais conhecidas. É nativa da América
do Sul e foi provavelmente introduzida na Europa no século XIX, tendo-se
rapidamente expandido e naturalizado nos países mais quentes do sul. O termo específico bonariensis coloca a sua origem na região de Buenos Aires, capital
da Argentina, onde é muito abundante, assim como no Uruguai, Paraguai e Brasil.
Em Portugal ocorre com frequência em todo o território continental, assim
como em todas as ilhas do arquipélago dos Açores e ilhas da Madeira e Porto
Santo, apesar do que é pouco conhecida. Consulte o mapa de ocorrências em Portugal continental AQUI.
É uma planta anual, herbácea, de
porte ereto e raiz aprumada. Toda a planta apresenta um tom verde-acinzentado
que se deve aos pelos suaves e curtos que a cobrem.
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À semelhança do que acontece com as outras espécies do género Conyza, as primeiras folhas de Conyza bonariensis dispõem-se em roseta. |
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Caule de Conysa bonariensis do qual foram retiradas algumas folhas, para melhor observação. |
Os caules têm consistência
semilenhosa, são cilíndricos e apresentam estrias longitudinais; podem atingir alturas
variáveis, desde os 20 cm a mais 60 cm, dependendo das condições edáficas
disponíveis e do seu grau de desenvolvimento.
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Conyza bonariensis mostrando as ramificações laterais sobrepassando o eixo.
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Os caules podem ser simples ou apresentar
ramificações, basais ou laterais. Muitas vezes e de forma característica as
ramificações laterais são mais compridas que o caule principal.
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Conyza bonariensis - folhas |
As folhas são
sésseis e emergem de forma alternada em grupos de 3 a 6 folhas cada, formando
um angulo agudo com o caule. O comprimento das folhas de cada grupo é variável,
notando-se uma folha maior entre outras mais pequenas. As folhas podem ser
lisas ou onduladas; as basais são de forma linear/lanceolada com margens
dentadas enquanto a maioria das folhas caulinares são simplesmente lineares com
margens quase lisas. As folhas apresentam indumento em ambas as páginas, o que
lhes dá um tom glauco.
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Capítulos de Conyza bonariensis, revelando as florinhas aconchegadas dentro dos invólucros.
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As flores
agrupam-se em inflorescências do tipo capítulo. Como sabemos, o capítulo é a
inflorescência distintiva das plantas da família Asteraceae. Caracteriza-se por se assemelhar a
uma única “flor” embora seja composto por muitas flores de tamanho reduzido,
agrupadas de uma forma muito compacta dispostas diretamente sobre
um recetáculo em forma de disco. Usando estratégias de
baixo custo energético para a planta, estes capítulos são muito eficazes na
atração dos insetos e ainda conseguem obter vantagens competitivas que se
traduzem numa maior produção de sementes. De forma geral, uma dessas estratégias
passa pela apresentação de lígulas, semelhantes a pétalas, em cuja formação
apenas algumas flores estão envolvidas enquanto as restantes concentram todas
as suas energias na produção de sementes.
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Capítulos de Conyza bonariensis |
Contudo, ao contrário da
maioria das espécies de Asteraceae, as flores dos
capítulos de Conyza bonariensis não apresentam ligulas (pétalas). Por isso não são realmente vistosos, nem apelativos para os insetos, tendo a espécie prescindido
dos atavios que atraem os polinizadores porque na realidade não precisam deles.
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Capítulos de Conyza bonariensis |
A verdade é que as espécies Conyza, de forma pragmática e autossuficiente, optaram por praticar a autopolinização. Assim, a planta leva ao extremo a sua
estratégia de poupança, direcionando todas as suas energias para a produção de
sementes. Durante toda a sua vida as florinhas de Conyza bonariensis mantêm-se encerradas no conforto dos invólucros
os quais, à primeira vista, se assemelham a flores em botão.
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Capítulos de Conyza bonariensis |
Os invólucros apresentam
forma oval ou campanulada e são constituídos por numerosas e finas brácteas de cor verde, por
vezes tingidas com laivos púrpura, que se sobrepõem em 3 a 5 séries. A parte superior de cada invólucro é rodeada por um anel de cerdas brancas bem apertadinhas que correspondem às sépalas (que formam o cálice e rodeiam cada pequena flor) as quais se modificaram apresentando-se extremamente ramificadas em filamentos retos e que mais tarde, na frutificação, se soltarão para formar o papilho.
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Florinhas em vários estágios de desenvolvimento dentro dos invólucros de Conyza bonariensis. |
As pequeníssimas e inconspícuas flores têm corolas com lobos triangulares de cor esverdeada ou amarela; as flores centrais são tubulosas e perfeitas (vulgarmente denominadas hermafroditas por disporem de órgãos reprodutores masculinos e femininos) e as periféricas são mais estreitas (filiformes). Esta forma filiforme está relacionada com a ausência de estames, sendo por isso denominadas pistiladas (femininas). Os invólucros de Conyza bonariensis são densamente peludos.
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Conyza bonariensis: na maturação do fruto as brácteas do invólucro abrem e as cerdas que formam os papilhos expandem e preparam-se para a viagem que levará as sementes nas asas do vento, para o mais longe que conseguirem. |
A maturação dos
frutos, designados por cipselas e formados por uma única semente, ocorre em
media 3 semanas após a fertilização.
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Conyza bonariensis - na maturação dos frutos as brácteas que formam os invólucros abrem, virando-se para trás e para baixo, permitindo que os papilhos que estavam apertados dentro deles se libertem e expandam, parecendo pompons. |
Entretanto, à medida que o fruto se
desenvolve, as cerdas do papilho ficam mais soltas, abrem como um harmónio e
formam uma estrutura fofa e plumosa que se torna mais vistosa que a própria
flor.
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Conyza bonariensis - os frutos, agarrados ao papilho, soltam-se do recetáculo. Na foto notam-se ainda as brácteas que formavam o invólucro reviradas para trás, permitindo a libertação dos frutos. |
Ligadas às cerdas do papilho estão as sementes, muito pequenas, oblongas,
comprimidas, estriadas em ambas as faces, com pelos poucos densos.
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Conyza bonariensis - Fruto com uma única semente e papilho |
Os leves filamentos
que formam o papilho ou pappus fazem
com que as sementes flutuem ao sabor do vento como um paraquedas, ajudando
assim, na sua dispersão para longas distâncias.
Conyza bonariensis parece
possuir propriedades terapêuticas, sendo utilizada em medicina alternativa, sobretudo
nos seus países de origem, como diurética, hemostática e antidiarreica.
Conyza sumatrensis (Retz.) E. Walker
Sinónimos: Conyza albida Sprengel, Conyza albida Willd. Ex. Spreng. , Erigeron floribundus (Kunth)
Sch.Bip«ufxy, Erigeron sumatrensis Retz
Nomes comuns:
Avoadinha-marfim, avoadeira, avoadinha-branca-de-pelos-compridos
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Conyza sumatrensis |
Esta espécie é
nativa da América do sul e em Portugal ocorre um pouco por todo o território
continental e também na ilha da Madeira. Confira AQUI o mapa das ocorrências em Portugal continental.
Foi trazida para França na segunda
metade do seculo XIX, havendo registos desta planta no Jardim Botânico de
Collioure que datam de 1878, de onde as suas sementes leves e argutas escaparam,
expandindo-se através da França para Espanha, Portugal e Norte de África, nos
inícios do século XX. Os primeiros registos fiáveis da sua presença em Itália
datam de meados do século passado e mais recentemente a planta foi registada em
países do leste mediterrânico como a Croácia, Grécia, Albânia e ainda na Áustria. Assim, a sua expansão continua de "vento em popa", literalmente.
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Conyza sumatrensis (à esquerda) e Conyza bonariensis (à direita) |
Conyza sumatrensis cresce nos
mesmos habitats de C. bonariensis com
a qual tem grandes semelhanças morfológicas e ecológicas, como por exemplo brácteas
involucrais e folhas densamente peludas. No entanto podemos distinguir estas
duas espécies a partir de algumas particularidades.
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Conyza sumatrensis apenas ramifica na metade superior e os ramos laterais são mais curtos que o eixo .
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C. sumatrensis tem maior porte, podendo
chegar aos 200 cm de altura, ramificando-se apenas na parte superior do caule,
sendo que os ramos laterais são mais curtos que o caule principal.
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Conyza sumatrensis - folhas |
C.sumatrensis
também apresenta maior número de folhas as quais são maiores, mais largas e com
nervuras bem marcadas.
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Comparação: capítulos de C.sumatrensis (à esq.) e de C.bonariensis (à dta.)
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As
inflorescências de C. sumatrensis são
mais abundantes embora os capítulos sejam de menor tamanho e de formato
rômbico.
Outra diferença
entre as duas espécies referidas tem a ver com as florinhas dos capítulos. Na
espécie C.sumatrensis as corolas das
flores femininas periféricas são zigomórficas (com simetria bilateral) enquanto
em C.bonariensis todas as florinhas
têm corolas actinomórficas (com simetria radial).
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Papilhos de Conyza sumatrensis |
Os papilhos das
cipselas de C. sumatrensis apresentam
um tom mais escuro e menos vistoso.
Conyza sumatrensis é também uma erva
medicinal, sendo tradicionalmente usada no tratamento das mais diversas
maleitas, dependendo da região da Terra, nomeadamente acne, micoses, asma,
tuberculose, distúrbios digestivos, paralisia, epilepsia, espasmos e
convulsões. Estudos recentes ainda em fase inicial, detetaram nesta espécie, atividades
antimicrobianas e também antimalária.
Conyza
canadensis (L.) Cronq.
Sinónimos: Erigeron canadensis L., Erigeron pusillus Nutt., Trimorpha
canadensis (L.)
Lindm.
Nomes vulgares:
Avoadinha, avoadinha-do-Canadá,
avoadeira
Conforme o
nome científico sugere, é nativa da América do norte mas encontra-se
globalmente naturalizada. Foi provavelmente a primeira espécie do género a ser
trazida para a Europa, no seculo XVII. Crê-se que no seculo XIX já se
encontrava naturalizada na generalidade dos países europeus do sul.
As plantas
desta espécie podem atingir os 150 cm de altura. Distinguem-se facilmente das
suas congéneres pois a flores do capítulo são mais vistosas. Embora peluda
quando jovem, a Conyza canadensis vai
perdendo os pelos com a maturação. As folhas ficam com pelos apenas nas margens
e na nervura central inferior, ao passo que as brácteas que formam o involucro
se tornam glabras ou quase.
Mas, a principal característica que a distingue das
outras, são as flores periféricas dos capítulos as quais apresentam lígulas bem
visíveis, de cor branca. As flores tubulosas do interior são amarelas e apresentam
corolas com 4 lóbulos.
Naturalizada
em Portugal, Conyza canadensis ocorre
um pouco por todo o território continental, em todas as ilhas dos Açores e
também na ilha da Madeira.
As suas propriedades terapêuticas
são reputadas em alguns meios. Veja AQUI o seu perfil farmacológico
Conyza bilbaoana J.Rémy
Sinónimos: Conyza floribunda Kunth, Conyza bonariensis var. (S.F.Blake)
Cuatrec.
Conyza bilbaoana é uma espécie
intermédia entre C. sumatrensis e C.canadensis, embora seja nitidamente
diferente de ambas.
(Já vimos que
que C. sumatrensis tem brácteas
involucrais peludas e aspeto geral acinzentado devido à elevada densidade de
pelos que cobrem tanto o caule como as hastes florais e que C.canadensis é geralmente mais graciosa
devido ao seu menor tamanho, moderadamente pubescente, com folhas caulinares
inteiras ou ligeiramente dentadas e com capítulos com flores periféricas
nitidamente liguladas).
Conyza bilbaoana é uma planta de porte
robusto com caules de 150 cm ou mais, cobertos de pelos compridos de forma mais
ou menos densa. As folhas, de recorte pronunciado, têm margens ásperas devido à
presença de pelos mais rígidos que também podem surgir na nervura mediana
inferior.
As inflorescências
são densas e em forma piramidal, em geral com capítulos rômbicos, com florinhas
internas com 5 lóbulos e florinhas periféricas sem lígulas ou com lígulas
inferiores a 0,5 mm.
As brácteas do invólucro são glabras, embora com alguns
pelos esparsos.
Existem poucos
registos sobre esta espécie, de provável origem sul-americana. Surpreendentemente
esta espécie tem sido negligenciada, possivelmente devido aos problemas
taxonómicos resultantes da confusão com outras espécies e possíveis híbridos.
Sabe-se, no entanto, que já se encontra dispersa pelo sudoeste de França e
norte da península Ibérica, incluindo noroeste de Portugal, espectando-se que
se dirija rapidamente para os territórios do sul. É, pois, uma espécie em vias
de expansão e poder invasivo que pode vir a suplantar as restantes espécies do
género.
Fotos de Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis:
Vale de Adares, Serra do Calvo e Zambujeira /Lourinhã