Nomes comuns:
Vitadínia-das-floristas, intrometidos, floricos, margaridas, teresinhas,
margacinha
Erigeron karwinskianus |
O tema de hoje vem na sequência do “post” anterior no qual foi
feita referência ao género Erigeron e à sua estreita relação familiar com o género Conyza. Conforme então mencionado, varias espécies foram
transferidas de Erigeron para Conyza. Apesar de terem
mantido os nomes científicos anteriores como sinónimos, tais alterações
implicaram um acentuado emagrecimento no género Erigeron, sobretudo no que diz respeito às espécies que ocorrem em
Portugal. De facto, o género Erigeron é, agora, muito pouco representado no nosso
território, limitando-se a uma rara espécie nativa Erigeron acris e a uma exótica, a belíssima mas proscrita Erigeron karvinskianus.
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
De notar que Erigeron
karvinskianus não é invasora nas regiões de onde é nativa (Mexico, Honduras,
El Salvador e Guatemala) vegetando em perfeito equilíbrio com os ecossistemas
naturais e onde os seus inimigos naturais a mantêm dentro dos limites
saudáveis.
Mapa de distribuição de Erigeron karwinskianus na Península Ibérica a que correspondem 114 registos. Fonte Sistema Anthos |
Erigeron
karvinskianus é uma planta perene mas de vida relativamente curta. As raízes
são fibrosas do tipo rizomatoso. O seu porte é baixo e forma moitas alargadas e
densas devido aos emaranhamento dos caules.
Os caules são numerosos, ramificados, finos
e prostrados ou ascendentes, com alguns pelos esparsos, não ultrapassando os 40
ou 50 cm de comprimento. Apesar do seu aspeto frágil são resistentes e com a
idade tornam-se sublenhosos na base.
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Apesar de ter capítulos de um tamanho bastante mais pequeno que a maioria das espécies do tipo malmequer, Erigeron karwinskianus é, ainda assim, muitas vezes confundida com outras espécies da mesma família, como por exemplo Bellis sylvestris, uma espécie autóctone cujas inflorescências e folhas são maiores e de floração menos exuberante.
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karwinskianus |
Erigeron karvinskianus floresce praticamente durante o ano inteiro mas com maior abundância de fevereiro a novembro.
Os frutos são cipselas, com papilho de
pelos compridos e acastanhados muito pequenos e facilmente levados pela brisa.
Erigeron karwinskianus Nesta foto vemos os frutos em processo de formação. Após a fecundação as pétalas deixaram de ser necessárias e caíram. |
O género Erigeron a que pertence a espécie Erigeron karvinskianus, é um dos muitos que compõem a família das Asteraceae,
também denominada Compositae, vulgo compostas, nome que, como já sabemos,
refere a forma composta como se organizam as inflorescências características da
família. É um género bastante cosmopolita mas predomina nas regiões temperadas.
Erigeron inclui atualmente cerca de 200 espécies das quais cerca de metade são nativas
do América do norte. Segundo alguns autores, o seu centro de diversidade
primário e de origem evolucionária encontra-se na faixa ocidental da América
do norte e México enquanto os centros de diversidade da América do sul, Cáucaso,
Alpes, Himalaias e Ásia oriental são considerados secundários. Taxonomicamente é
um género muito difícil, situação partilhada por quase todos os géneros desta
família que é tão complicada, devido à sua enorme riqueza e diversidade.
A primeira amostra de Erigeron karvinskianus trazida para a Europa (entre 1827 e 1832) foi recolhida no México. Esta espécie foi inicialmente descrita pelo botânico francês Augustin P. de Candolle (DC) em 1836 e o nome especifico homenageia o naturalista e coletor de plantas alemão W. Friedrich von Karwinsky. Desde então, muitos sinónimos foram atribuídos a esta espécie como por exemplo Erigeron mucronatus, o qual é ainda muitas vezes usado.
Os primeiros
registos de naturalização de Erigeron karvinskianus em França datam de 1856, mas depressa alastrou a outros países europeus. Por volta de 1878 já estava em
Portugal. Foi registada no norte da Itália em 1900, na Suíça em 1920 e nas
ilhas do Canal da Mancha em 1925. Os primeiros registos da sua presença na Austrália
datam de 1908 e em 1911 estava no Hawaii. Na Nova Zelândia e Japão os registos são
mais recentes, respetivamente de 1940 e 1949.
Erigeron acris subespécie acris
Além da espécie
exótica Erigeron Karvinskianus existe em Portugal mais uma espécie do género, a
Erigeron acris a qual goza de um estatuto diferente, pois é uma espécie nativa
europeia e que se pode encontrar desde o mediterrâneo até aos países nórdicos.
Esta é uma espécie muito variável, do que resulta divisão da espécie em
diversas subespécies, com descrições e características nem sempre consistentes
nas diversas floras europeias.
Erigeron acris subsp acris. Foto de Kristian Peters . Fonte Wikimedia commons. |
Erigeron acris subespécie acris é autóctone em Portugal continental (inexistente nas ilhas) mas parece ser
rara, havendo poucos registos da sua existência. Vulgarmente, é conhecida como
erva-dos-coelhos ou erva-dos-velhos.
É uma planta bienal, rasteira (dos 10 aos 40 cm de altura), de caules eretos e ramificados, densamente peludos, assim como as folhas. Nas inflorescências as flores da periferia apresentam lígulas estreitas de cor branca ou rosa, as flores interiores são amareladas e tubulares. Cresce principalmente em terrenos arenosos, ou nas rachas dos terrenos rochosos.
Erigeron acris subsp acris. Foto de Kristian Peters. Fonte Wikimedia Commons. |
Erigeron acris subsp acris. Foto de Matti Virtala. Fonte Wikimedia Commons. |