terça-feira, 10 de julho de 2012

Borago officinalis L.

Nomes vulgares: borago; borragem; borragem-comum

A Borago officinalis é uma conhecida planta medicinal de ciclo de vida anual que no nosso país floresce e frutifica de janeiro a outubro.

Cultivada muitas vezes como ornamental, cresce de forma espontânea em escombros, bermas de caminhos, terrenos de pousio ou abandonados. Não é uma espécie exigente, resiste a alguma seca mas prefere os solos azotados, ricos em nutrientes, de preferência ligeiramente ácidos.



Distribui-se por toda a região mediterrânica, sudoeste asiático e Macaronesia (excepto Cabo Verde), estando naturalizada em quase toda a Europa. É uma espécie da família das Boraginaceae que inclui cerca de 2000 espécies distribuídas por mais de 100 géneros, entre eles o género Borago, no qual se inclui a Borago officinalis.

A Borago officinalis forma pequenos arbustos desordenados que, consoante a localização, podem ir dos 30 aos 100 cm de altura. Inicialmente a planta forma uma roseta basal com folhas grandes da qual despontam caules eretos, espessos e robustos que podem ser simples ou ramificados.

Praticamente todos as partes que compõem a planta estão cobertas por numerosos pelos rígidos, translúcidos e de tamanhos variados, particularmente densos nos caules, pecíolos e cálice. Cada um destes pelos pode apresentar um espécie de inchaço na base que pode ser verde, azulado ou vermelho.


As folhas, dispostas nos caules de forma alternada, são inteiras, de forma ovada, lanceolada ou elítica; são também rugosas, com veios bem marcados na face superior e margens ligeiramente sinuadas; as folhas basais são grandes e estão providas de pecíolo; as folhas caulinares são mais pequenas, não têm pecíolo e são amplexicaules, pois abraçam o caule.


A Borago officinalis atrai os mais variados insetos, especialmente abelhas pois é uma fantástica fonte de néctar. Assim sendo, esta é uma planta excelente para ter no jardim ou na horta pois os insetos que a visitam são úteis também na polinização das plantas que habitam em seu redor. Dizem que o mel de Borago officinalis é delicioso e em certos países, como por exemplo o Reino Unido, fazem-se grandes plantações desta planta expressamente para uso de abelhas melíferas.

O que mais chama a atenção na Borago officinalis são as flores, de um azul vibrante, o chamado azul índigo, cujas pétalas em forma de estrela se posicionam na planta viradas para baixo.


Por vezes a mesma planta apresenta flores azuis e rosa ou azuis tingidas de rosa, o que não está ainda devidamente estudado, tal podendo acontecer devido a excesso ou carência de algum nutriente mineral ou possível alteração na acidez do solo. Muito raramente, podem aparecer exemplares com flores totalmente brancas.

As flores crescem no topo dos caules, dispondo-se em cimeira, num eixo principal que se vai ramificando sucessivamente e de forma alternada. Cada flor nasce no topo de um pedicelo peludo, oco e comprido, o qual se apresenta direito e rígido durante a floração mas que encurva durante a frutificação.

Cada flor tem 5 pétalas e 5 sépalas. As pétalas triangulares que formam a corola estão unidas na base mas têm as pontas livres; na parte central da corola , que é branca, forma-se um pequeno tubo através do qual saem 5 estames (orgãos masculinos da flor). Estes são negros, proeminentes, tingidos de vermelho na base; as anteras, de ponta curta, aguda e rígida juntam-se no topo formando uma estrutura cónica alongada, de cor escura, em redor do pistilo (conjunto de órgãos reprodutores femininos). O pólen é amarelo pálido e não muito visível do exterior dado que a abertura está virada para dentro no núcleo do aglomerado de estames. Nestas circunstâncias a auto polinização pode facilmente acontecer.


As sépalas, cobertas de pelos na face exterior, são geralmente verdes embora possam também ser acastanhadas. As sépalas são estreitas e longas, quase do tamanho das pétalas e estão abertas durante a floração, acompanhando o movimento da corola. Quando a vida da flor chega ao fim, as pétalas que formam a corola caem e as sépalas fecham-se formando uma estrutura que cobre e protege o fruto que está lá dentro.
O fruto consiste em 4 sementes nuas inseridas em cavidades do recetáculo.


Quando estão maduras, as sementes tornam-se castanhas escuras, com aspeto rugoso e caem naturalmente.
As flores são comestíveis e têm um sabor suave, a mel. Há quem as utilize na decoração de certos pratos de doçaria ou as coloque em cubos de gelo para decorar as bebidas. As folhas, cortadas finamente, podem ser utilizadas em saladas, revelando um refrescante sabor a pepino. Contudo, devido a alguma toxicidade presente na planta recomenda-se o seu consumo de forma moderada.
Uma coisa é certa, desde a Antiguidade que a Borago officinalis é conhecida pelas suas propriedades medicinais e tem sido associada ao prazer e a sensações de bem-estar. Através de chás e infusões ou mesmo misturada no vinho esta planta era utilizada para eliminar a melancolia e aumentar o conforto psíquico. Na Idade Média, por exemplo, era dada aos combatentes, nomeadamente os cruzados, para lhes dar coragem antes das batalhas e as flores azuis eram bordadas nos seus mantos, para o mesmo efeito.
De facto, a sensação de coragem e alegria de viver que a Borago Officinalis parece providenciar talvez tenha a sua razão de ser uma vez que, em pesquisas recentes, se chegou à conclusão que ao estimular as glândulas suprarrenais, os compostos químicos existentes nesta planta favorecem a produção de adrenalina.

A Borago officinalis tem propriedades anti-inflamatórias, antirreumáticas, diuréticas, febrífugas, entre outras, sendo utilizada como ansiolítico e no tratamento de bronquites, catarros, doenças de pele, etc. O óleo obtido a partir das sementes é muito rico em esteroides e ácidos insaturados pelo que é muito eficaz na redução do colesterol, além de ter ação reguladora hormonal.
Contudo, nunca é demais lembrar que o consumo desta e doutras plantas que fazem parte das chamadas plantas medicinais deve ser feito com cuidado e de preferência sob supervisão de quem tem os conhecimentos necessários pois todas elas, em maior ou menor grau, são tóxicas.
Especificamente no caso da Borago officinalis as folhas possuem alcaloides de pirrolizidina que, através da ingestão de pequenas porções por períodos longos podem provocar envenenamento crónico e fatal, a nível do fígado. As sementes da planta estão isentas destes alcaloides.

 Fotos: Serra do Calvo / Lourinhã


Sem comentários:

Enviar um comentário