quarta-feira, 30 de maio de 2012

Otanthus maritimus (L.) Hoff. & Link

Nomes comuns:
Cordeirinhos-da-praia; Atanásia-marítima


Nesta altura do ano, o tom predominante na natureza parece ser o amarelo, os campos sarapintados de pequenas flores, quais pequenos sóis anunciando finalmente o verão. Há flores amarelas de todos os tamanhos, mais ou menos vistosas. Mas, indiferentes a esse facto, sem vaidades ou vãs rivalidades, todas elas se concentram na sua missão que é a de florescer e frutificar, para perpetuar a espécie.


A Otanthus maritimus é uma das tais espécies que prima pela aparente modéstia das suas inflorescências, destacando-se sobretudo pela cor da sua folhagem. Pertence ao género Otanthus o qual se inclui na família das Asteraceae, também conhecida por Compositae, uma das maiores famílias botânicas.


A Othanthus maritimus distribui-se por toda a região mediterrânica, oeste europeu e ilhas britânicas.
Podemos encontrá-la colonizando não só as dunas primárias mas também as areias do litoral, mesmo sobre a linha da praia.
Esta espécie está por vezes ameaçada pela concorrência com os banhistas e as respectivas infraestruturas usadas para  fins balneares.


Esta é o que se chama uma espécie xerófila pois está perfeitamente adaptada aos climas secos, podendo viver com pequenas quantidades de água. Mas também é uma planta psamófila pois requer especificamente solos arenosos, de preferência com algum teor de acidez. Tendo em conta as condições difíceis a que está sujeita no seu habitat, nomeadamente a falta de água e de nutrientes, excesso de luminosidade e ventos fortes carregados de partículas de sal, a planta desenvolveu algumas adaptações como veremos a seu tempo.


A Otanthus maritimus é uma planta perene, aromática, que forma um arbusto robusto de pequenas dimensões, rizomatoso, isto é provido de numerosos caules subterrâneos horizontais dos quais despontam novos caules. Toda a planta está densamente coberta por um indumento de pelos longos e brancos, com textura semelhante a algodão que refletem a luz e formam uma espécie de caixa de ar, protegendo a planta do excesso de luminosidade.


Os caules, que podem chegar aos 50 cm de altura são ascendentes, carnudos, lenhosos apenas na base.


São providos de numerosas pequenas folhas carnudas, sem pecíolo e como que abraçadas ao caule, dispostas de forma alternada; são inteiras, de formato oblongo e com a margem com ligeiros recortes arredondados convexos, muito pequenos. Os caules e as folhas são suculentos pois contêm reservas de água. O tamanho reduzido das folhas é mais uma forma de prevenir a perda excessiva de água.


As minúsculas flores, todas em forma de tubo e de cor amarela, estão agrupadas em capítulos, característica marcante da família das Asteraceae, a que pertence esta espécie. Os capítulos da Otanthus maritimus têm formato ovoide e as flores que o compõem possuem órgãos reprodutores funcionais, tanto femininos como masculinos e reúnem-se em pequenos e densos corimbos terminais.

O capítulo caracteriza-se por apresentar muitas flores de tamanho reduzido, agrupadas de uma forma muito compacta diretamente sobre um receptáculo em forma de disco, cercadas por brácteas involucrais.

Em muitas espécies as flores periféricas deste disco prolongam-se para o lado de fora formando pétalas, o que não acontece no caso da Otanthus maritimus pois nesta planta todas as flores são tubulares.


A parte interessante é que o capítulo não é mais do que uma conjugação de esforços, uma estratégia de que as flores se socorrem para aumentar as suas probabilidades de serem polinizadas. Isto é, devido ao seu tamanho diminuto, cada flor, por si só, poucas possibilidades teria de captar a atenção dos insetos. Ao juntarem-se, aparentam ser ser uma única flor de maior tamanho, ficando assim mais visíveis e atrativas para os insetos polinizadores. Este aspeto é ainda reforçado quando os capítulos se juntam.
A planta floresce e frutifica de junho a setembro.
Os frutos são cípselas de cor acastanhada, oblongas, encurvadas e sem papilho (tufo de pelos) mas glandulosos na base.

Sinonímia:
Achillea maritima (L.) Ehrend. et Y. P. Guo; Diotis maritima (L.) Cass.;
Filago maritima L.


Fotos : Praia da Areia Branca / Lourinhã



3 comentários:

  1. Fiz pesquisa sobre as dunas e a vegetação dunar e encontrei aqui muita informação que foi muito útil. Parabéns, continuem a sensibilizar a malta para a preservação da Natureza bem faz falta..

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    1. Olá Landa,
      Obrigada pelo seu comentário. Fico muito contente por lhe ter sido útil.

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