quarta-feira, 1 de junho de 2011

Centaurium erythraea Rafn

Fel-da-terra; Centáurea menor
A Centaurium erythraea é uma planta da família das Gentianaceae. Esta família botânica inclui aproximadamente 700 espécies divididas em cerca de 80 géneros e que se distribuem por todos os continentes. A maioria das espécies desta família cresce nas montanhas ou nas regiões árticas. São quase todas herbáceas e muitas delas são azuis. Nesta família é vulgar a existência de fungos alojados nas raízes, o que é benéfico tanto para a planta como para o fungo. As raízes, amargas, são muito utilizadas para fins medicinais.
A espécie Centaurium erythraea não é azul mas é de um belo tom rosado. Distribui-se por toda a Europa, noroeste de África e sudoeste asiático. Foi introduzida noutros territórios como por exemplo a América do Norte e Austrália onde se naturalizou. Na Península Ibérica reparte-se por dunas, clareiras, pastagens, matos e bosques, com alguma preferência por terrenos ácidos.
A Centaurium erythraea apresenta una grande variedade de subespécies muito parecidas sendo difíceis de distinguir. É uma espécie muito polimórfica o que resulta do facto de, em termos evolutivos, ter havido recombinação do seu material genético de forma natural criando espécies ligeiramente diferentes e por vezes mais resistentes.

No entanto há que não confundir esta planta que é do género Centaurium e família Gentianaceae com a Centaurea do género Centaurea e família das Compositae, até porque são morfologicamente diferentes.
Esta foto de uma Centaurea sphaerocephala mostra a diferença em relação às Centaurium.


Tal como as outras gencianáceas a Centaurium erythraea destaca-se pela beleza das suas flores, que vão do branco ao cor-de-rosa intenso.
Esta é uma planta herbácea cuja parte aérea morre no fim do verão, voltando a brotar na estação seguinte a partir da parte subterrânea. A sua altura varia entre os 10 e os 35 cm.




Os caules são eretos, por vezes solitários, outras vezes crescendo vários a partir de uma roseta basal. De forma caracteristica, os caules não têm pelos e são quadrangulares, ramificando-se na metade superior.


As folhas basais têm forma arredondada, de obovada a elíptica enquanto que as caulinares são mais pequenas e estreitas e com 3 nervuras. As folhas caulinares não apresentam pecíolo e dispõem–se de forma oposta cruzada e vão diminuindo de tamanho a medida que sobem no caule.

As flores, muito numerosas, nascem na extremidade dos caules dispondo-se em cachos mais ou menos no mesmo plano, perpendicular ao ramo. As corolas são formadas por 5 pétalas unidas na base em forma de tubo, abrindo-se em 5 lobos planos, de cor rosa mais ou menos intenso. Encontram-se, por vezes, alguns exemplares de cor inteiramente branca. O cálice é constituído por 5 sépalas estreitas. Do centro da flor emergem 5 estames com anteras amarelas que se retorcem de forma helicoidal quando estão prontas para deixar sair o pólen.
A planta floresce de abril a setembro.
O fruto é uma pequena cápsula cilíndrica e oblonga, provida de várias cavidades e que, quando maduro, abre longitudinalmente deixando cair as numerosas sementes minúsculas.
O nome comum fel-da-terra deriva do seu sabor muito amargo. É uma planta muito usada na medicina popular portuguesa como tónico digestivo, hepático e sanguíneo, relaxante do sistema nervoso central e recomendada em casos de diabetes. A planta também é utilizada para aromatizar licores, fazendo parte dos ingredientes do vermute.

NOTA IMPORTANTE:
São inúmeras as plantas silvestres que podem ser utilizadas medicinalmente no entanto há que ter cuidado no seu manuseamento e uso, uma vez que muitas delas têm algum grau de toxicidade, podendo ser maléficas ao ponto de causar danos irreversíveis ou mesmo matar. É aconselhável tomá-las nas doses recomendadas por quem sabe do assunto e não cair no exagero de pensar que tudo o que é natural é bom para a saúde.

Fotos - Arribas da praia do Caniçal e Dunas do Areal Sul/Lourinhã


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