domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rumex bucephalophorus

Catacuzes-do-Norte
Da primavera ao outono, a face interior das dunas do Areal Sul, na Areia Branca, veste-se de púrpura. As Rumex bucephalophorus, de nome comum Catacuzes-do-norte, germinam na primavera e espalham-se pelas dunas, sobressaindo pela sua cor avermelhada.
Estas plantas pertencem à família das Polygonaceae que inclui cerca de 1200 espécies constituídas por ervas, arbustos, algumas árvores e trepadeiras. Muitas são conhecidas como ervas daninhas mas várias espécies desta família são cultivadas como plantas ornamentais.
É uma erva nativa da Península Ibérica e Mediterrâneo, tendo sido introduzida um pouco por todo o hemisfério norte. Prefere solos ácidos mas também se dá bem em solos alcalinos ou neutros. Tanto prospera em solos arenosos e secos do litoral, suportando bem a exposição aos ventos marítimos, como em solos mais pesados e húmidos. É uma infestante de certos campos cultivados, como por exemplo searas de trigo. É, pois, uma planta muito variável e com grande facilidade de adaptação.
Esta erva faz parte da dieta das larvas de várias espécies de lepidópteros (borboletas).
A Rumex bucephalophorus é uma planta herbácea muito variável, algumas vezes perene mas normalmente de ciclo vegetativo anual.
A raiz é primária podendo estar dividida mas não ramificada, mergulhando fundo para ir buscar humidade e nutrientes.
Cada planta tem um ou mais caules, dispersos e delgados, que se ramificam desde a base e podem ir até aos 30 cm de comprimento. São eretos e ascendentes.
As folhas são alternadas e inteiras, ovais ou lanceoladas, de 1 a 2 cm de comprimento, as inferiores em forma de espátula, as superiores em forma de lança e peludas.
Exemplo de uma ócrea de uma espécie da mesma família (Polygonum lapathifolium)
A base das hastes apresenta uma espécie de bainha membranosa que as liga ao caule, chamada ócrea, muito pequena e difícil de ser vista e que é uma das características da plantas da família das Polygonaceae.


Foto de Krzysztof Ziarnek, Kenraiz
Fonte Wikimedia commons

As flores são poucas e insignificantes, geralmente polinizadas por ação do vento. Estão dispostas em cacho no topo dos caules, reunidas numa longa inflorescência de 10 a 25 cm. Nalgumas espécies as flores são verdes mas na Rumex bucephalophorus são sempre vermelhas, tal como os caules.
Cada semente é uma pequena cápsula, de cor parda, com aspeto de fruto seco, com três lados providos de dentes curvos.
Rumex bucephalophorus
Ilustração de Hyppolite Coste
Flore descriptive et illustrée de la France, de la Corse et des contrées limitrophes, 1901-1906 

As folhas desta planta são muito apreciadas em culinária para acompanhar saladas, devido ao seu sabor ácido. Também se usam para aromatizar cozidos e estufados. No entanto devemos ter atenção, já que estas plantas são ricas em ácido oxálico, devendo ser consumidas com parcimónia. O ácido oxálico impede a absorção de alguns minerais como é o caso do cálcio, causando assim carência de nutrientes no organismo. O conteúdo em ácido oxálico pode ser reduzido se a planta for cozinhada. Pessoas com tendência para reumatismo, artrites, gota, pedra no rim ou hiperatividade, devem ter especial cuidado e evitar incluir esta planta na sua alimentação, para não agravar os sintomas.

Fotos - Areal Sul/Areia Branca- Lourinhã
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2 comentários:

  1. Boa noite,
    Chamo me Isabel e vivo entre o Baixo Alentejo e o Algarve. Tendo me interessado por esta planta descobri o seu blogue cuja informação utilisei para ilustrar uma foto minha, já que não encontrei qualquer indicação sua em contra.
    Claro está pus un link para o seu blogue.
    Caso não concorde eu retiro.
    Aqui vai o endereço da minha foto:
    http://www.ipernity.com/doc/xata/14194398
    Obrigada,
    Isabel

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    1. Ola Isabel,
      Agradeco a gentileza da sua mensagem e por ter mencionado a fonte e publicado o respetivo link. Tambem gostei de conhecer o seu blog. Felicidades.
      Fernanda

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