domingo, 28 de janeiro de 2018

Trifolium stellatum L. (atualizado)

Nome comum: Trevo-estrelado


Trifolium stellatum é uma pequena planta que pertence às Fabaceae, uma das maiores famílias botânicas também conhecida por Leguminosae e que compreende cerca de 20.000 espécies, divididas em mais de 700 géneros. O género Trifolium, em que a planta de hoje está incluída, possui mais de duzentas espécies diferentes, as quais são vulgarmente conhecidas como trevos.


Trifolium stellatum é uma planta essencialmente mediterrânica que se distribui pelo sudoeste asiático e sul da Europa. Em Portugal ocorre naturalmente no arquipélago da Madeira e também por todo o território continental, excepto no litoral norte e interior centro. 
Podemos encontrá-la em sítios secos, arenosos ou pedregosos, em terrenos cultivados ou incultos e até na beira dos caminhos.

Este trevo é uma pequena planta anual, de hábito prostrado, formando largos tapetes. Os caules são eretos mas curtos e muito peludos.


As folhas são alternas, peludas, com longos pecíolos e grandes estípulas ovadas, dentadas, membranosas e com veios salientes, tal como a concha de um molusco. 


Cada folha tem 3 pequenos folíolos em forma de coração invertido e com a extremidade ligeiramente serrada.


As pequenas flores do Trifolium stellatum florescem em abril e maio. São brancas com alguns toques de rosa ou carmesim e, tal como é característico deste género, crescem sobre um longo pedúnculo e agrupam-se em cachos globosos solitários, mais ou menos densos, esféricos ou ovóides.


A corola de cada uma das inúmeras flores deste cacho é formada por 5 pétalas que estão unidas, formando um tubo, sendo uma delas maior, cobrindo duas pétalas laterais e duas internas. Cada corola é protegida por um conjunto de 5 sépalas muito peludas e de cor verde.


Ao conjunto destas 5 sépalas chama-se cálice o qual tem por função primordial proteger o botão floral. Nesta espécie o comprimento do cálice é ligeiramente superior ao da corola e é constituído por 5 dentes estreitos, unidos na base.


É no cálice que se forma o fruto, ao qual ficará agarrado.
Durante a maturação todos os cálices do cacho se abrem em forma de estrela de 5 pontas e tomam a cor vermelha o que torna a planta muito vistosa.


É na maturação que o Trifolium stellatum assume um aspeto visual verdadeiramente interessante, com todos os cálices abertos em forma de estrela e muito peludos.
Com a chegada do verão os cálices vão secando e tornam-se dourados e depois castanhos. O cacho desagrega-se e as sementes espalham-se com o vento ou são levadas pelas formigas.


De modo geral, são as flores a parte mais apelativa das plantas mas, no caso do Trifolium stellatum são as infrutescências que são mais espetaculares pela cor e pela forma. São elas que estão na origem do nome stellatum que designa a espécie.


Fotos: Caniçal/Lourinhã




sábado, 20 de janeiro de 2018

Trifolium L.

Os trevos
Trifolium pratense
Vamos falar de trevos. Não dos trevos de 4 folhas, esses são difíceis de encontrar. Teremos, pois, de ficar pelos de 3 folhas. Afinal é isso que “trevo” quer dizer, 3 folhas. Ou, melhor dizendo, 3 folíolos, já que as folhas dos trevos se dividem em 3 lobos ou folíolos.

Os trevos são muitas vezes cultivados como espécies forrageiras. São também uma presença assídua ao longo dos caminhos onde crescem de forma espontânea, assim como em prados e pastagens em muitas regiões do nosso país e do continente europeu. 

Trifolium angustifolium
Existem muitas espécies de trevos, todas compartilhando traços básicos. Pertencem ao genero Trifolium (“tri” = três e “folium” = folha), um dos dos maiores géneros da família Fabaceae/Leguminosae (e subfamília Papilionoideae) com cerca de 255-300 espécies.

Trifolium stellatum
A distribuição nativa das espécies de Trifolium engloba as regiões temperadas e, em menor escala, subtropicais dos Hemisférios Norte e Sul. 
A maior diversidade de espécies é encontrada em três regiões geográficas: a bacia do Mediterrâneo, a América do Norte ocidental e as terras altas da África Oriental. 

Ao analizar os dados biogeográficos e a distribuição das espécies o botânico Michael Zohary (1972) concluiu que este género poderá ter tido a sua origem na região mediterrânica, tendo migrado para o norte da Ásia e daí para a América do Norte durante o Terciário, através do estreito de Bering e posteriormente, provavelmente no início do Mioceno, da região mediterrânica para o continente africano.
Trifolium fragiferum
Os trevos são herbáceas de vida curta. As flores são muito pequenas e perfumadas e agrupam-se em inflorescências densas, muitas vezes quase esféricas, surgindo nas cores branca, rosa, vermelha ou amarela. As flores são também muito apelativas para as abelhas pelo que o mel é um produto secundário da ocorrência dos trevos.
Os frutos são também muito pequenos e geralmente contêm uma ou duas sementes. 

Muitas espécies toleram muito bem os cortes continuados e o pisoteio pelo que resistem muito bem quando aparecem nos relvados, o que pode acontecer de forma intencional ou de modo casual e bastante inconveniente.

Trifolium repens
Os trevos são muito apreciados pelo gado. Sao ricos em proteínas, fósforo e cálcio, proporcionando assim um alimento valioso quer fresco nas pastagens, quer após secagem e armazenamento. Assim sendo, muitas espécies são cultivadas como plantas forrageiras, o que faz do género Trifolium um género economicamente importante. 
Além de que, são espécies fixadoras de azoto no solo.
Como já vimos em publicações anteriores neste blogue, uma característica muito importante das leguminosas em geral, e das espécies da subfamília Papilionoideae/Faboideae em particular, é o facto de serem capazes de converter o azoto/nitrogénio atmosférico (nutriente muito importante mas escasso no solo, embora presente em quase 80% da atmosfera terrestre) em moléculas proteicas, as quais são aproveitadas para o seu próprio desenvolvimento e o das plantas em seu redor. Isto acontece devido a uma relação simbiótica com bactérias dos géneros Bradyrhizobium Rhizobium que se fixam nas raízes das leguminosas, através de nodosidades visíveis a olho nu. Em contrapartida, as bactérias recebem das plantas os açúcares produzidos durante a fotossíntese. Esta simbiose permite não só a sobrevivência das referidas bactérias mas também que espécies de leguminosas possam desenvolver-se sem problemas em solos pobres em azoto e matéria orgânica.

Trifolium campestre
Segundo o portal Flora-on são 45 as espécies do género Trifolium presentes em Portugal. 
As próximas publicações deste blogue serão dedicadas às espécies que ate à data encontrei crescendo de forma natural nesta região e que são as seguintes:
Trifolium repens
Trifolium stellatum
Trifolium campestre
Trifolium pratense
Trifolium tomentosum
Trifolium angustifolium

Fotos: Zambujeira, Serra do Calvo e Abelheira / Lourinhã