sábado, 26 de janeiro de 2013

Asparagus aphyllus L.

Nomes Comuns:
Corruda-maior; Espargo-bravo; Espargo-bravo-maior;
Espargo-maior-do-monte;
Espargo-silvestre-maior; Espargueta

Asparagus aphyllus é uma espécie de origem mediterrânica que cresce espontaneamente em zonas arenosas e secas do sul da Europa, norte de África e oeste asiático, em falésias, matos, terrenos incultos, beira dos caminhos, em solos preferencialmente ácidos.
Ocorrências em Portugal. Fonte: Flora on

Esta espécie forma um pequeno arbusto perene e de aspeto compacto, fortemente espinhoso, semelhante aos tojos. Os seus longos ramos, muito ramificados, podem alcançar cerca de 1 metro de comprimento. Estes nascem a partir de caules subterrâneos cheios de nutrientes de reserva (rizomas) os quais se situam próximo da superfície do solo, o que facilita a disseminação vegetativa da planta.
Os jovens rebentos de origem subterrânea (turiões) são inicialmente moles, depois vigorosos mas flexíveis e alongados à medida que vão crescendo. Acabam por vergar com o próprio peso criando hábitos prostrados, a não ser que encontrem suporte num muro, árvore ou arbusto.
 As estruturas (filódios) que cobrem os caules e que têm aparência de escamas durante a fase de crescimento e de espinhos na maturidade, são na realidade verdadeiras folhas que se transformaram, possivelmente como medida de adaptação a situações repetidas de secura.
Os filódios de Asparagus aphyllus agrupam-se em fascículos de 1 a 7 unidades, de tamanho desigual, em que o central é mais grosso e comprido que os restantes.
Esta característica ajuda-nos a distinguir a Asparagus aphyllus de outras espécies do mesmo género que também crescem espontâneas em Portugal, nomeadamente a Asparagus acutifolius, que é muito semelhante.
A Asparagus aphyllus floresce e frutifica durante o verão. É uma espécie dioica ou seja, as plantas são masculinas ou femininas pois cada individuo gera flores de um único sexo.
As flores, pequenas e de cor amarelo esverdeado, brotam em grupos de 3 a 6 das axilas dos filódios, no topo de um pedicelo curto cuja base está rodeada de brácteas; são compostas por 3 sépalas + 3 pétalas quase juntas na base, de consistência algo carnuda e ligeiramente fragrantes. As flores masculinas têm seis estames eretos e robustos com anteras amarelas. As flores femininas mostram um estigma curto com estilo ligeiramente inchado.
 
Os frutos, dentro do qual se encontram de 1 a 3 sementes, são bagas de estrutura esférica, pequenas e duras, inicialmente verdes e depois negras, na maturação.
A Asparagus aphyllus pertence à família das Asparagaceae (após ter sido recentemente transferida da família Liliaceae) e ao género Asparagus. Este género inclui tanto espécies silvestres como espécies cultivadas, as quais são usadas como alimento ou com fins ornamentais. A espécie mais conhecida neste género é a Asparagus officinalis, cujos jovens rebentos são os conhecidos espargos, apreciados em todo o mundo pelo seu delicado sabor e baixo valor calórico. Contudo os rebentos jovens da espécie silvestre Asparagus aphyllus também são tenros e comestíveis, cozidos ou mesmo crus, apesar do seu sabor um pouco amargo.

A palavra Asparagus significa“rebento” e vem do latim sparagus que por sua vez deriva do grego aspharagos e anteriormente do persa asparag. Aphyllus refere-se ao facto de ser uma planta espinhosa.

Fotos: Serra do Calvo / Lourinhã


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Calamintha nepeta (L.) subsp. nepeta


Nomes comuns:
Erva-das-azeitonas; Nêveda; Calaminta

Calamintha nepeta é uma espécie da família Lamiaceae e do género Calamintha o qual inclui cerca de 20 espécies nativas das regiões temperadas da Europa, noroeste de África e regiões asiáticas próximas ao mar Mediterrânico.
Em Portugal pode encontrar-se a Calamintha nepeta um pouco por todo o pais, na berma dos caminhos, em terrenos incultos, aterros, montes de entulho, na orla dos pinhais, azinhais e montados. É uma espécie bastante resistente ao frio (zona de rusticidade 5 a 9) pelo que não é de admirar que, em certas regiões do nosso pais ainda esteja em flor nesta época do ano. A Calamintha nepeta não se incomoda com um pouco de seca e embora prefira crescer em sol pleno também aparece em terrenos algo sombreados. Não tem preferência no que diz respeito ao tipo de solo, desde que tenha boa drenagem e seja moderadamente nitrificado.
Calamintha nepeta é uma planta herbácea e perene que se pode reproduzir através de estolhos e que se ressemeia com facilidade. Contudo, não tem a agressividade das hortelãs, suas parentes, pelo que não é considerada uma espécie invasora. Pode ser muito útil em jardins, fazendo um efeito maravilhoso em bordaduras, jardins de rocha e como cobertura de solo, sendo ainda excelente em vasos. Para além de produzir flores até muito tarde na estação, é também uma planta agradavelmente aromática.



Os caules peludos e de seção quadrangular formam um arbusto baixo e largo; são razoavelmente ramificados e decumbentes, isto é, desenvolvem-se sobre o solo, apenas com a extremidade ascendente. As folhas, opostas, são peludas e glandulosas, com contorno oval ou circular e com margens levemente dentadas, estando os dentes dirigidos para o ápice. As manchas esbranquiçadas que muitas vezes apresentam as folhas inferiores, são características desta espécie.

As folhas produzem um aroma muito agradável, numa mistura de limão com menta pelo que são muito apreciadas como condimento na cozinha mediterrânica e para fazer infusões; também constam do conjunto de ervas utilizadas para curtir azeitonas, daí o nome comum de erva-das-azeitonas.

A Calamintha nepeta foi, em tempos,muito utilizada como planta medicinal devido às suas propriedades antiespasmódicas, sudoríferas e expetorantes, mas o seu uso decaiu nos tempos modernos. Afinal, até as plantas estão sujeitas às inconstâncias da moda… Relegada para a medicina caseira há quem a utilize para acalmar cólicas e outros problemas digestivos e ainda como remedio para gripes e constipações.

A planta floresce a partir de julho e as suas flores atraem muitos insetos, principalmente abelhas, que aproveitam o néctar oferecido aos polinizadores. As flores surgem nas axilas das folhas e dispõem-se em cimeiras de 3 a 9 flores pedunculadas. O cálice é formado por 5 sépalas unidas formando um tubo com 13 nervuras peludas mas que se tornam glabras quando secam. Os 5 dentes que este tubo apresenta estão divididos em 2 partes ou seja, os 3 dentes superiores estão virados para cima e os 2 inferiores, são mais compridos e ciliados.
As brácteas são semelhantes a folhas.
 
A corola, cor-de-rosa ou lilas, é também formada por um tubo que se abre em dois lábios, o superior bilobulado, inteiro ou com um pequeno entalhe a meio do ápice e o inferior, trilobulado e com o lóbulo central maior que os laterais. Este é o formato característico das flores das espécies da família Lamiaceae.
Cada flor dispõe de órgãos reprodutores femininos e masculinos, ambos funcionais. O androceu consta de 4 estames curvados e convergentes. O gineceu é constituído por um ovário súpero dividido em 4 partes (que vão dar origem ao fruto) e de cuja zona central surge o estilo, com o estigma dividido em dois braços desiguais. O disco nectarífero situa-se debaixo do ovário.
Os frutos, globosos e de cor acastanhada são abundantes e servem de alimento às pequenas aves granívoras, numa época do ano em que não abundam as sementes; são tetraquénios, ou seja são formados por quatro pequenas nozes, cada uma com sua semente.
A Calamintha nepeta pode apresentar grande variabilidade quanto à pilosidade e tamanho dos caules e folhas e também no que diz respeito à disposição das flores e ao tamanho do cálice e da corola. Tal pode acontecer, inclusive, entre os indivíduos de uma mesma colónia o que por vezes dificulta a identificação, criando confusões, o que explica a enorme quantidade de sinónimos. A própria quantidade de essências contidas nas plantas varia muito, dependendo do local onde esta habita.


Ainda sobre a família das Lamiaceae:

Conhecida internacionalmente como família das mentas ou hortelãs, as Lamiaceae são um grande grupo de plantas de flor em que se incluem cerca de 7500 espécies catalogadas em mais de 200 géneros. É constituída por espécies herbáceas e arbustos semilenhosos largamente difundidas pelo mundo inteiro, mas com particular incidência na região mediterrânica e Medio Oriente. São sobretudo espécies aromáticas, produtoras de óleos essenciais. A presença de óleos essenciais através de pelos glandulosos ou de glândulas epidérmicas e a forma das flores (bilabiadas) são duas das características marcantes da família Lamiaceae, anteriormente denominada Labiatae.
É grande a importância económica das espécies Lamiaceae, sendo que os óleos essenciais são usados em medicina alternativa, aromaterapia, perfumaria e na indústria dos cosméticos.
Espécies de vários géneros, dentro desta família, são muito apreciadas em Portugal, estando intrinsecamente ligadas aos nossos hábitos e costumes. São geralmente utilizadas pelas suas propriedades aromáticas, condimentares, ornamentais ou medicinais:
Salvia (salva)
Ocimum (manjericão)
Origanum (oregão)
Thymus (tomilho)
Mentha (hortelãs)
Lavandula (alfazema e rosmaninho)
Romarinus (alecrim)
Melissa (erva-cidreira)
entre outras…

Fotos: Serra do Calvo / Lourinhã