"O grande responsável pela situação de desequilíbrio ambiental que se vive no planeta é o Homem. É o único animal existente à face da Terra capaz de destruir o que a natureza levou milhões de anos a construir"





segunda-feira, 25 de junho de 2012

Cakile maritima Scop.

Eruca-marítima


A Cakile marítima é mais uma planta colonizadora dos litorais portugueses. Distribui-se por quase toda a Europa temperada mas principalmente por toda a região mediterrânica, incluindo o norte de África. Foi também introduzida na América do Norte onde tem prosperado e é considerada uma espécie invasora.



Cresce na areia, na primeira linha da costa, entre as dunas em formação e a faixa mais recuada das praias onde se depositam os detritos orgânicos (ex: algas) trazidos pelas marés e que enriquecem temporariamente o solo.


É, pois, uma planta halófita, ou seja, perfeitamente adaptada ao meio salino onde vive, tendo a capacidade de acumular água nas suas folhas de aspeto carnudo para compensar as altas concentrações de cloreto de sódio a que está exposta.


A Cakile marítima pertence às Brassicaceae, grande família botânica de grande importância económica, também denominada Cruciferae. Nesta família incluem-se espécies fundamentais na alimentação humana, como por exemplo as couves, a mostarda, o agrião, os rabanetes ou os nabos. Esta família é composta por cerca de 3200 espécies agrupadas em 350 géneros, um dos quais o género Cakile a que pertence a espécie Cakile marítima.


A Cakile maritima é uma planta anual que forma pequenas moitas de caules eretos ou prostrados, sem pelos e carnudos, os quais ramificam desde a base da planta.
A raiz é comprida e fina.


As folhas são carnudas, pecioladas, dispostas de forma alternada, profundamente divididas em lóbulos inteiros e de formato elíptico, com margens sinuadas e ligeiramente engrossadas.


Para diminuir a transpiração a superfície das folhas está provida de uma forte cutícula o que lhe dá um aspeto brilhante.



As flores, polinizadas por abelhas, moscas, borboletas e outros insetos, são brancas ou ligeiramente rosadas e dispõem-se em cachos pouco densos.


A corola é constituída por 4 pétalas dispostas em cruz, como aliás é característica comum a todas as espécies das Brassicaceae/Cruciferae.


As sépalas são também 4, de ponta arredondada e margens membranosas.


Os estames agrupados em redor do estigma são 6, sendo 2 curtos e 4 longos. As flores possuem órgãos reprodutores femininos e masculinos funcionais os quais dão origem a frutos secos, designados por síliquas.


As síliquas são frutos estreitos e longos formados por dois lóculos, o inferior mais curto mas largo no ápice e o superior, mais longo, com ápice agudo e comprimido; estes dois lóculos estão separados por um septo plano (tipo pelicula) e é nele que se inserem as sementes.

Na maturação o fruto abre-se separando-se estas duas valvas, ficando o septo preso ao pedicelo, expondo as pequenas sementes pardas. As sementes são dispersas pelo vento, podendo flutuar na água durante bastante tempo até que as correntes as tragam de novo para terra e encontrem local adequado para germinarem.

A Cakile marítima floresce e frutifica por largos meses, geralmente desde a primavera até ao final do outono.

 Fotos: Praia da Areia Branca/Areal Sul - Lourinhã


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tropaeolum majus L

Nomes vulgares:
Capuchinha; chagas; chagueira; mastruço-do-Perú; nastúrcio


De nome científico Tropaeolum majus, mas mais vulgarmente conhecida como capuchinha ou chagas, esta é uma espécie que se supõe ser originária da América do Sul, provavelmente da região andina que abrange os territórios que vão da Bolívia à Colômbia. Contudo, encontra-se naturalizada em muitos outros locais do globo, desde a América do Norte à Austrália, passando pelo continente europeu e Macaronésia (ilhas atlânticas, nomeadamente Açores, Madeira, Canarias e Cabo Verde).


Esta espécie pertence à família Tropaeolaceae a qual se divide em três géneros, um dos quais é o Tropaeolum, com cerca de 80 espécies, que inclui a Tropaeolum majus. Aparentemente a Tropaeolum majus começou por ser uma planta cultivada e foi em tempos bastante apreciada em jardins. Perdida a popularidade e a preferência como planta ornamental, quis ainda assim, continuar a ser útil, ultrapassou barreiras e naturalizou-se em espaços não confinados. Hoje em dia pode ver-se esta espécie crescendo de forma espontânea, na proximidade dos campos de cultivo, sendo aproveitada pelos agricultores para proteger as suas plantações pois ela serve de hospedeira a certas pragas e repele outras.


Na generalidade, esta espécie floresce e frutifica durante a primavera e o verão. Contudo adapta-se com tanta facilidade a certos tipos de climas que pode florescer durante a maior parte do ano, frequentemente assumindo um comportamento invasor. Nestes casos é conveniente tomar medidas que controlem a expansão da planta.
Noutras regiões esta espécie é muito apreciada e cultivada, não só pelas suas flores mas também pelas folhas pois ambas são comestíveis. Podem confecionar-se deliciosas saladas frias tanto com as folhas como com as flores as quais também se usam na decoração da finalização dos pratos. Não só são decorativas como também exalam um aroma agradável e muito característico. O sabor é ligeiramente apimentado.


A Tropaeolum majus tem também excelentes propriedades terapêuticas, podendo ser utilizadas todas as partes da planta, excepto a raiz. A planta é muito rica em vitamina C e tem propriedades bactericidas, digestivas, sedativas e expetorantes, sendo indicada para problemas pulmonares e digestivos, escorbuto e afeções da pele. Porém nunca é demais lembrar que o consumo deve ser regrado pois todas as plantas têm o seu grau de toxicidade, sendo nocivas em caso de exagero.


A Tropaeolum majus é uma planta anual, herbácea, de hábito rastejante ou trepador, com guias que podem atingir 1 metro ou mais, providas de pecíolos foliares que funcionam como gavinhas. Os caules, de cor verde claro são carnudos, ocos e cilíndricos, sem pelos, de aspeto quase polido. A planta é pouco ramificada, sendo que geralmente só ramifica na base e não nos caules.


A planta forma uma raíz avermelhada e longa mas pobre em ramificações pelo que se torna fácil arrancar a planta. No entanto cada pedaço de raiz que se parta e fique no solo, irá certamente enraizar e dar origem a uma nova planta.


As folhas, de cor verde azulado, são numerosas, alternas, simples, de margens ligeiramente lobadas e onduladas; têm forma circular e ligam-se perpendicularmente ao caule através de um longo pecíolo, mais ou menos no centro do limbo; as veias são bem visíveis e irradiam do centro para o exterior da folha.

As flores, muito vistosas, são solitárias e crescem na axila das folhas, no topo de longos pedúnculos. Corola e cálice exibem tons de amarelo, laranja e vermelho e são lisas ou com manchas acastanhadas ou de cor púrpura.
No seu conjunto, as flores são compostas por 5 pétalas (corola), 5 sépalas (cálice) e órgãos reprodutivos masculinos e femininos funcionais.


As pétalas são desiguais: as duas pétalas superiores são ovais, fundem-se com as sépalas que lhe estão adjacentes e exibem veios longitudinais de cor mais escura. As três pétalas inferiores são livres, mais arredondadas, estreitando-se profundamente na parte inferior do limbo, sendo as gargantas decoradas com franjas perfeitamente visíveis a olho nu.


As sépalas, fundidas na base, são também distintas: as três sépalas superiores são maiores e são também decoradas com veios de cor mais escura, tal como as pétalas superiores. Uma delas, prolonga-se para a retaguarda em forma de esporão comprido, direito ou ligeiramente encurvado, que funciona como reservatório para o néctar que a planta oferece aos agentes polinizadores. As restantes duas sépalas são lisas e mais pequenas.


Os órgãos reprodutivos consistem num pistilo central com um estigma dividido em 3 partes, rodeado por 8 estames livres e tamanho desigual, com grossos filamentos arqueados e grandes anteras.


O ovário é súpero, isto é encontra-se sobre o recetáculo e sobre o ponto de inserção das outras partes florais, cálice, androceu e corola e é trilocular, dando origem a frutos carnudos, formados por 3 mericarpos que se separam na maturação, sendo disseminados essencialmente pelo vento.



Fotos - Serra do Calvo / Lourinhã