sábado, 30 de abril de 2011

Pulicaria odora (L.) Rchb.

Erva-montã
A Pulicaria odora é mais uma pequena obra-prima da natureza, não só pela beleza das suas flores mas sobretudo pela forma como rentabiliza os seus recursos no sentido de se reproduzir e perpetuar a espécie. 

Esta planta pertence à família das Asteraceae também denominada Compositae, sendo o tipo como se dispõem as flores a principal carateristica comum destas espécies.

A Pulicaria odora é uma planta herbácea perene de pequeno porte atingindo de 30 a 40 cm de altura, escassamente ramificada e com caules cobertos de pelos.
A planta desenvolve-se a partir de um conjunto de folhas rentes ao solo e em forma de roseta, chamadas folhas basais. Estas são relativamente grandes, de forma lanceolada e com o pecíolo curto.
As folhas do caule são mais pequenas e amplexicaules, isto é, envolvem parcialmente o caule. As folhas são peludas, na página inferior.

As flores reunem-se em inflorescências  do tipo capitulo, dispostos sobre pedúnculos mais grossos na parte superior.

Embora pareçam uma flor única os capítulos são formados por muitas flores tubulares, reduzidas no tamanho e agrupadas de uma forma muito compacta, diretamente sobre um disco. As flores periféricas deste disco apresentam prolongamentos unilaterais em forma de pétalas, a que se chamam lígulas, o que no conjunto dá o aspeto semelhante a uma flor “normal”, muito atraente para os insetos. Desta forma a planta faz economias de esforço, uma vez que apenas algumas flores desenvolvem pétalas, canalizando assim mais energias para a produção de sementes.
As flores são amarelas, assim como as lígulas, que são compridas e estreitas. As flores do disco estão providas de órgãos femininos e masculinos funcionais.

Toda esta estrutura está envolvida por brácteas (folhas modificadas com função de proteção) que aqui exercem uma função análoga à das sépalas nas flores “normais”. As brácteas da Pulicaria odora são lineares, peludas e com a extremidade aguda e ligeiramente curva.
Os frutos são secos, com uma só semente e designados por cipselas. Estes frutos sao dispersos pelo vento, ou por animais através da ajuda do papilho que é uma estrutura derivada das sépalas e que geralmente consiste numa coroa de pelos que se insere numa das extremidades do fruto.
A Pulicaria odora floresce de maio a agosto e aparece por todo o sul da Europa e norte de África , em zonas do litoral com preferência por solos secos e ácidos.
A Pulicaria odora é uma planta com propriedades calmantes sendo utilizada nas afeções dos sistema nervoso e digestivo.

Fotos - Caniçal/Lourinhã


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Scabiosa atropurpurea ou Scabiosa marítima ou Sixalix atropurpurea

Nomes comuns:
Escabiosa-dos-jardins;Saudade-dos-jardins;Saudades; Saudades-roxas;Suspiros;Suspiros-roxos;Suspiros-roxos-dos-jardins


A Scabiosa atropurpurea é uma planta que apresenta uma enorme variabilidade morfológica, o que a torna bastante atrativa para os botânicos e amantes da jardinagem. Pertence à família botânica das Dipsacaceae e ao género Scabiosa, o qual inclui cerca de 80 espécies. As espécies deste género são nativas da Europa, Ásia e África.

 Devido à beleza de suas flores, muitos cultivares foram desenvolvidos como plantas ornamentais para jardins.


Esta é uma planta herbácea perene, por vezes anual. Normalmente a parte subterrânea da planta mantém-se viva, enquanto que a parte aérea se vai renovando todas as primaveras, desaparecendo por completo no inverno.


 Os caules são eretos e compridos, de aspeto frágil,  podendo atingir de 40 a 70 cm de altura, geralmente muito ramificados sensivelmente até meio do caule principal.


As folhas apresentam morfologia diferenciada ao longo do caule, sendo as da roseta basal frequentemente achatadas em forma de espátula e providas de recortes arredondados convexos na margem. As folhas do caule são geralmente profundamente recortadas e vão diminuindo à medida que sobem no talo até que desaparecem por completo antes de chegar à inflorescência terminal. Tanto as folhas como os caules podem apresentar-se providas de pelos ou não.


As flores, muito pequenas e de cor rosada ou azul-lavanda, estão reunidas em capítulos que crescem isoladamente no topo dos caules. Isto é, o que chamamos de flor na Scabiosa atropurpurea é na realidade um conjunto de muitas flores tubulares agrupadas num recetaculo hemisférico, sobre um só pedúnculo.


Toda a estrutura de recetaculo e flores está protegido na base por duas camadas justapostas de brácteas verdes em forma de lança que não chegam a cobrir o capítulo.


As pequenas flores apresentam as pétalas unidas na base, formando o tubo da corola, permanecendo o limbo livre. Têm 5 lóbulos arredondados e desiguais tanto maiores quanto mais situadas para o exterior da inflorescência. Também as flores exteriores são maiores que as centrais. Assim a inflorescência consegue uma atrativa geometria radial. Os estames são protuberantes.
As flores são muito ricas em néctar pelo que atraem muitos insetos que ajudam na polinização.
A planta floresce de maio a agosto.




Ao frutificar, a inflorescência adquire a forma esférica, com os frutos em disposição radial.


Estes frutos tem uma coroa apical de consistência membranácea mas seca de cujo centro sobressaem 5 sedas. A dispersão das sementes é feita pelo vento e pelas formigas.

É uma planta com preferência por sítios secos e frequentemente remexidos, podendo ser encontrada em terrenos incultos, baldios e bermas de estradas e caminhos.
Distribui-se por toda a região mediterrânica, Açores, Madeira e Canárias. Em Portugal continental pode encontrar-se no centro e sul do país.

Fotos: Caniçal e Areal Sul/Areia Branca- Lourinhã


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reichardia gaditana (Willk.) Samp.

Reichardia gaditana
A Reichardia gaditana pertence à familia das Asteraceae ou Compositae tal como muitas outras espécies já apresentadas neste blog. Contudo, que não se diga que esta é apenas mais uma entre tantas flores de cor amarela que alegram os nossos campos e areais nesta época do ano. Na realidade, a Reichardia gaditana destaca-se entre todas, pelas suas admiráveis flores douradas, rodeadas de brácteas membranosas e muito peculiares.

 É uma planta herbácea, bienal ou perene, ramificada a partir da base, com caules eretos e curtos, desprovidos de pelos e que podem atingir de 30 a 50 cm de altura.

As folhas são acinzentadas e possuem bordos dentados e espinhosos. As que nascem junto à base são de forma oblongo-lanceoladas terminando em curva e estreitando-se na base para formar um pecíolo curto, com uma aba arredondada que abraça o caule. As folhas caulinares são semelhantes e também envolvem parcialmente o caule, mas não têm pecíolo.

As inflorescências da Reichardia gaditana estão dispostas em capítulos, daquela forma tão característica da família das Asteraceae/Compositae. Nesta família as flores são muito reduzidas e numerosas e apresentam-se agrupadas de forma muito compacta diretamente sobre um recetáculo em forma de disco central. As flores que estão na periferia deste disco têm um prolongamento em forma de pétala a que se chama lígula. O conjunto das pequeníssimas flores e das lígulas assemelha a inflorescência a uma flor “normal” e torna-a muito vistosa e atrativa para os insetos. Além disso,  existe uma manifesta e notável estratégia de economia, uma vez que apenas algumas flores perdem energias produzindo pétalas enquanto as outras se concentram em produzir sementes.

Na Reichardia gaditana os capítulos estão inseridos sobre pedúnculos compridos e engrossados no ápice os quais são desprovidos de escamas, pelos ou sedas interflorais. As flores têm lígulas de cor amarelo-dourado e purpurescente na base e as externas são também vermelhas por fora.


Toda a estrutura de cada capítulo está envolvida por brácteas que são folhas modificadas com função de proteção, tal como as sépalas nas flores “normais. As brácteas da Reichardia gaditana são muito numerosas e estão dispostas em várias filas, com a margem membranácea, tendo as externas uma ponta curta e rígida.

A planta floresce de abril a junho.

Os frutos sao aquénios, ou seja pequenos frutos secos rugosos, rematados por um penacho de pelos.

A Reichardia gaditana vive nas areias e rochedos do litoral. Nas dunas surge ao longo de todo o sistema de dunas fixas do interior. Distribui-se pela Peninsula Ibérica e Norte de África.

Fotos - Areal Sul/Areia Branca-Lourinhã


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fumaria officinalis L.


Nomes mais comuns:
Cantos-béu-béu; Catarinas-queimadas; Erva-molarinha; Erva-moleirinha; Fumária; Pé-de-perdiz
A Fumaria officinalis é uma pequena planta herbácea anual que pode alcançar de 20 a 50 cm de altura. Os caules são eretos, finos e tenros, dispersos ou ramificados desde a base até ao topo, os quais são portadores de um latex amarelado que contém substâncias tóxicas. É uma planta de características de certo modo variáveis pois tanto pode assumir a forma de pequeno arbusto como crescer como trepadeira de baixo porte.
As folhas são verde-acinzentadas e dispõem-se no caule de forma oposta, ou seja, 2 folhas por cada nó, uma de cada lado do caule. São muito recortadas e sem pelos. O aroma é ácido e o sabor amargo.
As flores, reunidas em pequenos cachos, são branco-rosadas com a ponta vermelha ou púrpura. São muito pequenas, alongadas e apresentam quatro pétalas irregulares e unidas, com prolongamento oco e cilíndrico.
As sépalas são ovado-lanceoladas mais estreitas que a corola e aproximadamente três vezes menor que ela. As flores têm 6 estames unidos em dois feixes.
Curiosamente é uma planta pouco visitada por insetos o que não lhe faz diferença nenhuma pois as flores se auto-fertilizam.


O fruto é arredondado, mais largo que comprido e com o vértice achatado.
A Fumaria officinalis floresce de fevereiro a julho.
Provavelmente de origem europeia, esta planta encontra-se muito espalhada por todo o globo terrestre. É uma infestante que cresce abundantemente em terrenos cultivados ou incultos, espalhando-se com grande facilidade.
Esta planta é conhecida desde a Antiguidade devido às suas propriedades medicinais e utilizada como depurativa, diurética, contra afeções da pele e do fígado e outras afeções. É no entanto necessário muito cuidado pois a planta é cardiotóxica devido aos alcaloides que contem. Utilizam-se todas as partes da planta exceto a raiz.
A Fumaria officinalis pertence à família botânica das Fumariaceae e ao género das Fumaria, facilmente reconhecíveis pelo tipo de inflorescências.

Fotos - Areal Sul/Areia Branca-Lourinhã


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cistus salvifolius L.

Nomes comuns:
Estevinha; Sanganho-manso; Sanganho-mouro; Sargaço; Sargaço-mouro

Cistus salvifolius é um pequeno arbusto de folha perene, mais ou menos lenhoso, que cresce em forma de moita baixa. É muito ramificado, com pelos moles que formam um enfeltrado mais ou menos denso.

As folhas, aromáticas, são simples, opostas, ovais, com uma nervura central claramente mais espessa e outras secundárias mais ou menos paralelas entre si, com margem encrespada e com pelos em ambas as páginas.


 As flores são hermafroditas (possuem órgãos masculinos e femininos funcionais) e podem ser solitárias ou estar reunidas em grupos de até 4. A corola é formada por 5 pétalas brancas e um tufo central proeminente de estames amarelos em número indefinido.

As flores são muito numerosas mas pouco duráveis já que rapidamente perdem as pétalas. Contudo podem fazer excelentes plantas de jardim apropriadas ao nossos clima, como podemos ver na foto acima , fazendo cobertura de solo juntamente com Thymus praecox.
O fruto é uma cápsula de forma globosa coberta com pelos curtos e densos, de cor castanha, com 5 cavidades contendo numerosas sementes.
No Caniçal, o Cistus salvifolius está já em plena floração, acrescentando uma beleza nova à paisagem com as suas alegres flores brancas. Em breve começarão a florir também o Cistus ladanifer e o Cistus crispus que são da mesma família.
O Cistus salvifolius possui propriedades terapêuticas adstringentes e cicatrizantes. Distribui-se por toda a região mediterrânica incluindo Portugal e também a Macaronésia (arquipélagos Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde). Prefere os solos frescos, arenosos ou argilosos e encontra-se mais frequentemente em pinhais, matos e orlas dos caminhos rurais. Pertence à família das Cistaceae e ao género dos Cistus que engloba ervas e pequenos arbustos aromáticos e muito vistosos, característicos dos países mediterrânicos.

Fotos - Caniçal/Lourinhã



Espécie relacionada: Veja Halimium halimifolium